Ciência e Tecnologia

132 dias a espreitar a Terra pela janela de uma estação espacial

Daniel Tani, astronauta norte-americano, veio ao Técnico partilhar vários episódios da sua experiência.

Dezasseis anos de “paixão”, “de contemplação de paisagens incríveis”, marcados “por um sentimento de pertença ao planeta”, e pelo “privilégio de poder descobrir o espaço”. Tudo muito bem guardado e eternizado nas dezenas de fotografias, vídeos, ou simples histórias que esta sexta-feira, 7 de julho, Daniel Tani, um astronauta norte-americano da NASA, partilhou no Instituto Superior Técnico.

Daniel Tani começou por proporcionar uma viagem no tempo, o mesmo que o levou até ao espaço. Voltando à infância, lembrou que “nem queria ser astronauta”, tendo um sonho muito mais realista “ser cowboy ou quem sabe jogador de baseball” se não lhe faltasse o jeito para o jogo.  Depois do Mestrado em Engenharia Mecânica tirado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), acabou em 1996 por ser selecionado como astronauta da NASA onde assumiu diversas funções técnicas e foi ganhando uma vasta experiência em voos espaciais.

Antes de ir para a International Space Station (ISS) enfrentou cinco anos de treino intenso que o prepararam para a “aventura”. Em 2007, parte no ‘space shuttle’, um “magnífico veículo espacial, uma maravilha da engenharia”, numa viagem a um ritmo acelerado e com muita adrenalina rumo a quatro meses de muita gravidade. “Não se anda na ISS, voa-se, sentia-me de forma recorrente o super-homem”, partilhou. As dificuldades das idas à casa de banho, a tarefa árdua que se revelava levar um alimento à boca, ou até a composição da pequena cabine onde dormia, não foram esquecidas pelo atual presidente das Operações de Missão e Carga, no Grupo de Programas Avançados da NASA.

O discurso do astronauta e o sentido de humor que acoplou a todos os episódios narrados refletiam bem o quanto usufruiu e gostou da experiência de viver no espaço. Caso restassem dúvidas as suas palavras confirmam-no: “aproveitei todos os momentos lá, desfrutei de todas as sensações. É um trabalho duro, mas realmente maravilhoso”.  Do outro lado ia sendo seguido por olhares atentos, expressões de curiosidade e gargalhadas inevitáveis.

O que mais vezes veio à conversa foram as paisagens que além de mostrar descreveu com linhas ténues, tons azuis, e milhares de luzes que se faziam notar ao cair da noite nos vários países e cidades. “Ficamos imenso tempo a olhar para a terra lá de cima, porque isso dá-nos uma sensação de proximidade inexplicável”, conta. “Temos um planeta extremamente bonito”, frisou ainda.

A terminar, lembrou a nostalgia que pautou o momento de aterragem depois da aventura, mas que facilmente foi camuflada pela sensação de voltar a casa e rever os seus: “para mim foi muito fácil e maravilhoso viver numa estação espacial, para a minha família não terá sido de todo”, remata.

À saída, cheio de pressa, ainda acedeu a alguns pedidos de fotografias e a perguntas de última hora. Daniel Tani levará, nos próximos dias, vários alunos  de todo o país a viajar consigo nas memórias que tem do espaço.