Campus e Comunidade

A posição da economia europeia num mundo de gigantes – ministro das Infraestruturas e Habitação dá aula no Técnico

Miguel Pinto Luz conduziu aula de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas na escola onde já foi aluno, docente convidado e investigador.

Não são muitas as aulas do Instituto Superior Técnico que começam com uma introdução dada pelo presidente da Escola. Esta, realizada a 11 de dezembro, não foi uma aula qualquer. Rogério Colaço deu o mote para que Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, iniciasse uma sessão da disciplina de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas, regressando à instituição onde já foi aluno, investigador e docente convidado. 

O ministro centrou a apresentação numa análise à evolução de um “mundo bipolar” (EUA e Rússia) para um “mundo tripolar” (com o crescimento económico da China), bem como numa reflexão sobre “aquilo que precisamos de fazer enquanto engenheiros para voltar a dar competitividade à Europa”.

Miguel Pinto Luz contrastou a Europa e os Estados Unidos na forma como investem os seus orçamentos. “A lógica europeia é dividir e partilhar o investimento, sem escala nem impacto”, defendeu, contrariamente à abordagem americana de investir quantias muito maiores em empresas singulares, com um retorno maior.

No contraste que fez entre as duas sociedades, frisou que “o Estado Social tem que existir para garantir mobilidade social, escola pública de qualidade, saúde de qualidade, transportes de qualidade…”. Comparativamente a outros atores globais, contudo, “a Europa perdeu a capacidade de tomar decisões rápidas”. Tornou-se intersticial e “a solução é voltarmo-nos para a última coisa que não vendemos – as nossas cabeças, o nosso talento”, afirmou o antigo investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC ID).

Alumnus da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, Miguel Pinto Luz reservou ainda alguns minutos da aula para recordar os seus tempos de estudante no Técnico, elogiando a Escola e destacando a importância da engenharia nas políticas públicas – “ninguém consegue gerir aquilo que não consegue medir”.

Inserida na tipologia de ‘Humanidades, Artes e Ciências Sociais’, a unidade curricular de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas procura desenvolver o sentido crítico de estudantes sobre como a engenharia e os sistemas de apoio à decisão – incluindo avaliação de risco, análise de dados, análise de decisão, análise estatística, otimização, modelação participativa, comunicação e planeamento por cenários – podem contribuir para uma melhoria na análise e decisão política em contexto real.

Já passaram pelas salas de aula do Técnico, neste contexto, Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais, Inês Drumond, vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Ana Fontoura Gouveia, antiga secretária de Estado da Energia e do Clima, Adalberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde e António Leitão Amaro, atual ministro da Presidência, e Alexandra Leitão, antiga Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.