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Baterias de Lítio, Descarbonização e Indústria 4.0: houve isto e muito mais na 34.ª edição das JEQ

A diversidade de palestras e de workshops, e o indispensável contacto com empresas fomentado de diversas formas, ditaram o sucesso da edição online das Jornadas de Engenharia Química.

Na 34.ª edição das Jornadas de Engenharia Química (JEQ) nada foi deixado ao acaso:  a diversidade, que um evento que estende ao longo de uma semana precisa ter, é indiscutível; o cartaz de oradores convidados é bastante apelativo; os temas abordados despertam atenções pela atualidade e importância de que se revestem; e as diversas atividades cumprem o propósito de um evento desta natureza: estabelecer o contacto com o ambiente profissional e divulgar os vários ramos e áreas que os futuros engenheiros podem explorar. Durante os cinco dias do evento,  de 15 a 19 de Março, integrado nas Técnico Career Weeks, os alunos puderam usufruir de forma gratuita de tudo, partilhando experiências, conhecendo percursos, e abrindo horizontes.

Às palestras juntam-se no leque de atividades oferecidas pelas JEQ:  painéis de debate e antigos alunos, workshops, um Pitch, e este ano também a sessão de networking. O formato remoto não melindrou a organização que se esforçou “para arranjar um programa interessante e diverso, e com workshops muito fortes nas componentes práticas e que carecem na nossa formação académica”, tal como realça João Fortunato, um dos coordenadores gerais das JEQ. A poucas horas de o evento terminar, o balanço “é muito positivo”. Além do bom feedback, o coordenador refere que houve “um número de participantes na audiência constante, o que significa que estamos a captar o interesse das pessoas”.

No total foram mais de 16 os oradores que invadiram o monitor dos participantes das JEQ. Ligados à indústria, à academia, e muitos com uma formação de base no Técnico, os oradores transmitiram o seu conhecimento em temáticas como a descarbonização, energias, Indústria 4.0, ect. “O nosso principal objetivo sempre foi trazer bons exemplos daquilo que a formação em Engenharia Química nos poderá possibilitar no futuro, sem que para isso nos restringíssemos unicamente às áreas diretamente ligadas a esta formação”, sublinha João Rodrigues, também coordenador geral das JEQ.  “Temos inúmeros futuros ao nosso alcance e isso é o que tentamos transmitir”, adiciona o aluno.

Para enriquecer a participação dos estudantes foi pensado um conjunto de formações e workshops que acabaria por registar uma “adesão muito elevada”. “Tivemos desde workshops mais técnicos, que apostam no desenvolvimento de competências que terão aplicabilidade no curso e após”, refere João Fortunato. “Tivemos também um Pitch- acompanhado de uma formação no dia anterior-, que permitiu aos alunos testar e aprofundar as suas capacidades comunicativas, assim como receber feedback profissional e eventualmente estabelecer algum contacto com empesas”, salienta o aluno. Esta iniciativa contou com mais de 20 empresas entre a quais estavam: a Air Liquide, Bondalti, EY, P&G, Pfizer Portugal, REN, IBEROL e Philip Morris.

A organização também não abdicou da realização da feira de empresas que passou a ser virtual, e permitiu através da plataforma Easy Virtual Fair, conhecer melhor o leque variado de empresas e esclarecer as suas dúvidas.

Haveria melhor maneira de encerrar o rol de palestras do que com um Prémio Nobel da Química? Dificilmente, e a organização conseguiu-o. O professor Michael Stanley Whittingham, professor da Universidade de Binghamton, e laureado com o prémio Nobel da Química em 2019 fecharia o leque de palestras das JEQ com uma apresentação sobre as baterias de Lítio, demonstrando como estas passaram de um sonho ao domínio do armazenamento de energia.

Para começar, o orador regressou até 1972 quando surgiu a ideia das baterias de Lítio, descrevendo quais os materiais analisados na altura, e destacando a sua relevância ainda nos dias de hoje. Não ficou por fazer a apresentação das baterias de lítio para quem não tivesse conhecimento sobre o assunto – mesmo que provavelmente cada um dos elementos da plateia tivesse uma destas no bolso-, com o docente a evidenciar as oportunidades científicas que existem para melhorar ainda mais o seu desempenho e segurança.

O docente da Universidade de Binghamton frisou ainda que são necessárias novas tecnologias de fabrico, deixando bem claro que “temos de ser capazes de reciclar todo o material utilizado nos carros, computadores portáteis, e aí por diante para que possamos ter uma sociedade mais sustentável”.

Os minutos finais da palestra foram dedicados a relembrar a mensagem que deixou também em Estocolmo quando recebeu o prémio nobel, indicando que a ciência é interdisciplinar e internacional, não conhecendo fronteiras entre áreas ou países. “Não sejam só engenheiros químicos ou físicos, vocês devem trabalhar nas fronteiras, é aí onde residem as descobertas mais excitantes”, aconselhou. Quanto às baterias de Lítio- e mesmo que isto já o tivesse tornado claro durante a palestra-  o professor Michael Stanley Whittingham fez questão de realçar que estas permitiram a revolução eletrónica, lançando as bases de uma sociedade sem fios e sem combustíveis fósseis.

A cerimónia de encerramento do evento ficaria a cargo da presidente do Departamento de Engenharia Química (DEQ), professora Teresa Duarte, e do coordenador do mestrado integrado em Engenharia Química, professor Henrique Matos. Os dois docentes teceram largos elogios à organização das JEQ, enaltecendo a capacidade de superação dos alunos perante as dificuldades trazidas pela pandemia. Para a presidente do DEQ o desafio “foi superado com muito sucesso” com o demonstra o “programa diversificado e com enorme qualidade”, a adesão registada e a interação que se gerou.  “As jornadas são da maior importância para o DEQ, na sua projeção perante aquilo que nos rodeia, mas também porque mostra a qualidade e o potencial de todos os nossos alunos”, colmatou a docente.

As JEQ continuam hoje, 19 de março, mas este último dia é dedicado apenas a atividades mais práticas: os workshops e a sessão de networking.

Para todo este sucesso contribuiu uma equipa de 25 alunos do terceiro e do quarto anos curriculares do curso. “Foi, sem dúvida, uma edição bastante desafiante no que se refere aos moldes em que ocorreu, nas alternativas que foram adotadas, mas sem nunca perder a qualidade e o prestígio que já estão associados às JEQ e que naturalmente definiram mais esta edição”, declara João Rodrigues.