Um final de tarde carregado de memórias e elogios ao professor José Mariano Gago foi aquele que se viveu esta quinta-feira, 2 de novembro, no Técnico. Nesta homenagem organizada pela Associação dos Estudantes (AEIST) e pelo Conselho de Gestão do Técnico mais do que à partilha de memórias assistiu-se à vontade de as perpetuar com a apresentação de iniciativas para não deixar esquecer algumas das lutas do homenageado.
As primeiras palavras do evento foram proferidas por João Silva, presidente da AEIST, que deixou bem saliente o gosto de estar à frente desta homenagem “porque talvez ninguém tanto como Mariano Gago tenha sido tão marcante para a AEIST”, demarcou. “É para mim bem claro o papel do professor na perceção que o país passou a ter do valor da Ciência e da Tecnologia”, assinalou João Silva.
Perante uma audiência repleta ,que ia aumentando com o passar das horas, foram vários os painéis de convidados que se sucederam. A “audácia”, “a resiliência” que quase se confundia com teimosia e a “genialidade” foram substantivos que se ouviram várias vezes, em vários tons, pela voz dos muitos amigos e admiradores que durante “uma vida preenchida” o professor foi fazendo.
“Guardo uma memória muito grata das conversas que tive com ele”, afirmou o professor Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico, que falou da relação enquanto aluno, colega e amigo que estabeleceu com o professor José Mariano Gago. “Lembro com muitas saudades, os momentos em que ele interrompia pelas portas aqui do Técnico, disposto a falar sobre tudo e mais alguma coisa, nomeadamente sobre ciência”, recordou o professor. Uma imagem que o professor António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa, também não esquece. A essa associa tantas outras “de um homem com constante disponibilidade para ouvir e ensinar”. “É fácil e difícil falar do Mariano Gago”, ia frisando ao longo da intervenção. “Devemos-lhe muito do que é o ensino superior em Portugal”, acrescentou ainda o reitor.
A conversa nunca se desviou dos elogios profundos, mas estes ganharam traços mais marcados, quando subiram ao palanque amigos de sempre e colegas dos tempos de estudante. “Um homem das ciências que gostava de matemática e que não se importava de atravessar a cidade para contactar com um mundo que não conhecia”, tentava definir Jorge Silva Melo. “Ele sabia que uma vida não cabia numa vida, e que havia sempre mais para aprender”, disse ainda num tom que denunciava a nostalgia e a admiração. Dos tempos da AEIST foram lembradas a determinação em mudar mentalidades, a ânsia de resolver problemas e a visível paixão pela academia.
A ocasião serviu ainda para assinar o contrato de incorporação da documentação histórica do arquivo da AEIST no arquivo do Técnico e para apresentar a programação que durante o ano letivo irá permitir lembrar a ação e dimensão do Movimento Estudantil no Técnico entre 1966-1974. E porque a oportunidade e o homenageado assim o inspiravam, o evento serviu também para apresentar a Bolsa Mariano Gago que irá apoiar um aluno 1.º ano em situação de 1.ª matrícula que não tenha conseguido obter uma bolsa de ação social do Estado.