Campus e Comunidade

Encontros e desencontros entre jornalistas e cientistas

Os problemas que dificultam a comunicação em ciência foram desvendados numa sessão para a comunidade do Técnico conduzida pela jornalista Teresa Firmino.

São cerca de 40 mil os cientistas em Portugal, sendo menos de 10 os jornalistas de ciência. Para suprir este desequilíbrio e para fazer a comunicação em ciência funcionar Teresa Firmino, editora de ciência do jornal Público, partilhou algumas dicas preciosas com a comunidade do Técnico, na última sexta-feira, 9 de fevereiro.

Partindo de uma análise sobre o estado atual da comunicação em ciência, a jornalista frisou depois alguns dos pontos que aproximam cientistas e jornalistas. “A procura do rigor e do conhecimento e o gosto pelo conhecimento são interesses que temos em comum”, assinalou. Nesta relação que “geralmente é cordial” há, porém, alguns desencontros que tendem a afastar as partes, tais como: a estrutura do artigo científico que difere do que se procura numa peça jornalística, a linguagem utilizada, ou o fator tempo que pesa de diferentes formas em cada um dos lados. “Outro dos fatores é o diferente peso que cada um de nós atribui ao erro. O que para um cientista pode ser um erro, pode ser uma forma que o jornalista encontrou para simplificar algo”, afirmava a editora de ciência do jornal público.

Detetados alguns dos problemas mais comuns, Teresa Firmino fez também questão de deixar algumas dicas para que os cientistas presentes conseguissem perceber como reencontrar o equilíbrio nesta ligação fulcral para fazer a comunicação em ciência resultar. Os press releases como um canal direto e eficaz para chegar ao jornalista e uma mudança de perspetiva no ato de comunicar uma descoberta ou invenção, tentando dar ao jornalista aquilo que ele procura numa história. “Nós queremos uma notícia, uma novidade, uma história ou narrativa que se tiver um lado humano ainda melhor”, explica a editora de ciência. “Muitas vezes tentamos embrulhar uma história porque isso é uma forma de humanizar a ciência”, reitera de seguida.

Ainda assim, e apesar das dificuldades que ainda se denotam, Teresa Firmino fez questão de destacar que “já há em Portugal muitos jornalistas que se preocupam em fazer comunicação em ciência”. Como não podia deixar de ser, e porque a profissão da oradora assim o impunha, a sessão terminou com a colocação de uma pergunta à audiência: “o que podem fazer os jornalistas para melhorar a comunicação?”. Porém, os participantes da sessão desejosos de saber mais decidiram apoderar-se do tempo que restava e seguiu-se uma ronda de perguntas para descobrir mais truques para fomentar esta relação.