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Do outro lado da Toca: um mergulho virtual nas aventuras de “Alice no País das Maravilhas” propiciado pelo GameDev

O videojogo desafia os jogadores a assumir o papel de Alice, explorando o vale encantado e ajudando a proteger o País das Maravilhas.

Inspirados na instalação imersiva “Do Outro Lado da Toca” que está a encantar os fãs de “Alice no País das Maravilhas” no Cultural de Belém (CCB), e dando resposta ao desafio que lhes fora lançado pela Fábrica das Artes, uma equipa de criativos do núcleo de estudantes do Técnico, GameDev, desenvolveu o jogo “Do outro lado da Toca” que proporciona uma viagem cheia de desafios ao mundo imaginário criado por Lewis Carroll no século XIX, com a impreterível dose de imaginação que esta história exige.

Como evidencia Jorge Nunes, um dos alunos do Técnico e elementos do GameDev envolvidos no desenvolvimento do videojogo, “trata-se de uma adaptação de ‘Alice no País das Maravilhas’, no qual a jovem protagonista pretende salvar os seus amigos do domínio da Rainha de Copas”.  Para tal, embarca numa aventura em 3 níveis diferentes: o Jardim, no qual Alice altera o seu tamanho; a Hora do Chá, onde utiliza bolhas temporais e procura as peças do relógio do Chapeleiro Louco; e o Palácio da Rainha, onde altera a gravidade e há o confronto final com a Rainha.

“Do Outro Lado da Toca” leva o jogador pela Toca do Coelho, onde são guardados os vários ovos que são colecionados durante os três níveis e que, posteriormente, podem até ser pintados. É também a partir da Toca que se visita os três níveis, saltitando entre nuvens e flores, recuperando o tempo e enfrentando o inimigo. “Todo o ambiente, desde as ilustrações, às animações, música e efeitos sonoros, transporta o jogador para o país das maravilhas: as cores vibrantes, os elementos fantásticos e as personagens caricatas que já conhecemos da obra do Lewis Carrol, acolhem o jogador e levam-no a interagir com este mundo e a querer explorá-lo”, vinca Sofia Santos, aluna da Faculdade de Belas Artes e parte da equipa técnica do jogo.

Os três níveis foram sendo lançados progressivamente entre março e junho deste ano. Cada nível tem uma jogabilidade única, centrada num poder especial. À medida que o jogador vai desbloqueando cada um deles vai adquirindo novos poderes. Depois de completar a história, o jogador desbloqueia o modo infinito, onde poderá bater os seus próprios recordes.

Sofia Santos salienta que a equipa quis “criar desafios tanto para aqueles que já estão familiarizados com videojogos, como para os que não têm essa prática”. Assim, para os iniciantes, existe uma curva de aprendizagem suave com botões simples que fazem a Alice saltar obstáculos, e os restantes vão aparecendo gradualmente, dando a hipótese de falhar e tentar de novo sem consequências. “Para os mais experientes, passando a fase da descoberta, existe um aumento da intensidade e velocidade que se provam desafiantes até para nós”, refere a aluna da Faculdade de Belas Artes.

O jogo faz parte do ciclo “Festa de Desaniversário”, dedicada ao universo de Alice e dos seus companheiros de aventuras, e cuja programação inclui oficinas, formações, cafés filosóficos e várias ofertas digitais, criadas na sequência da necessidade de distanciamento social e da impossibilidade de juntar grupos de pessoas impostas pela pandemia.

É na idealização deste espaço digital, onde se pudessem partilhar experiências e aventuras e onde todos pudessem viver o mundo da Alice em segurança, surge esta parceria de sucesso com o GameDev. “O projeto foi-nos apresentado pela Fábrica das Artes que, enquanto projeto educativo do Centro Cultural de Belém, tenta incentivar jovens artistas e criadores a fazer parte de iniciativas onde possam explorar as suas capacidades”, declara Diogo Rato, coordenador do núcleo de estudantes, e também parte da equipa que desenvolveu o jogo.

Aceite o desafio, foi depois tempo de traçar estratégias para que a magia das peças de teatro não se perdesse na transição para o digital, tendo sempre em conta as limitações que existem nesta transposição, mas dando aso à liberdade criativa que o mundo virtual permite explorar.  “A maior ligação entre as duas realidades é feita através da componente narrativa, onde tentamos não repetir as peças, mas sim construir uma história complementar, que desse seguimento às aventuras da Alice. Com bastantes referências às falas e interações das peças e inspiração no design e personalidades que os atores criaram”, explica André Antunes, aluno do Técnico e outro dos cérebros por trás deste jogo.

“Em suma, tentámos providenciar algo novo, que os espetadores que já tivessem visto as peças pudessem experienciar com surpresa, mas onde conseguissem reconhecer e encontrar algumas referências à realidade das peças de teatro”, sublinha André Antunes. Os que não conseguirem visitar a instalação física do projeto, encontram neste jogo uma oportunidade de mergulhar no mundo encantando de Alice.

No total, foram sete os membros do GameDev envolvidos no desenvolvimento deste jogo, sempre em estreita colaboração com os artistas e atores da Fábrica das Artes do CCB. A equipa de desenvolvimento do jogo contou com a participação de 4 alunos do Instituto Superior Técnico – André Antunes, Diogo Rato, Jorge Nunes, e Pedro Soares – e 3 alunas da Faculdade de Belas Artes -Ariana Parrilha, Renata Candeias e Sofia Santos. A direção de animação esteve a cargo dos artistas responsáveis pela instalação física do CCB e a banda sonora do jogo foi produzida pelo coletivo Cuca Monga.

Questionados sobre os aspetos mais desafiantes deste projeto, Renata Candeias destaca os skills de animação digital que o mesmo exigiu e que a equipa teve que aprimorar. “Foi extremamente desafiante, especialmente quando não existe propriamente um background em animação, e existem solicitações que são necessárias responder, mas isto foi a vantagem de termos sido acompanhadas pela equipa do CCB, e de ter havido todo um acompanhamento semanal da equipa do GameDev Técnico a todas as tarefas que tínhamos pela frente”, refere a aluna da Faculdade de Belas Artes.

Os jovens tiveram que conciliar o desenvolvimento do jogo com a vida académica, a carga de trabalhos que lhe está implícita, e ainda com outros projetos que acumulam, mas tudo foi superado com muita entreajuda. “Trabalhar durante um ano seguido, com reuniões e checkpoints semanais, conciliando a vida académica, outras atividades extracurriculares e a vida pessoal, foi sem dúvida complicado”, destaca André Antunes. “Foi necessário estabelecer reuniões semanais para obter feedback e estabelecer objetivos, bem como haver um grande espírito de entreajuda de forma a que cada componente desenvolvido pudesse ser facilmente integrado no projeto e utilizado pelo resto da equipa”, complementa Jorge Nunes.

O empenho deu frutos, o resultado está à vista, é gratuito e está disponível para sistemas Android e iOS. O ciclo “Festa de Desaniversário” dura apenas até dezembro, mas o jogo “Do outro lado da Toca” continuará a permitir embarcar no mundo de Alice e através do seu espírito aventureiro (re)descobrir o encanto deste conto de fadas.