Campus e Comunidade

Mescla de áreas desafiantes na quarta edição do TEDxISTAlameda

O mote do evento- Chain(ge) reaction- explicava a diversidade do cartaz apresentado pela organização, contemplando oradores de áreas tão distintas como as tatuagens e a inteligência artificial.

Uma hora antes de começar, por entre os ensaios, os retoques finais na sala, a ansiedade dos oradores e o entusiasmo da organização, já se adivinhava o sucesso de mais uma edição do TEDxISTAlameda, que se realizou este sábado, 14 de abril. O público ia chegando aos punhados, nem todos atraídos pela mesma talk, mas a maioria aliciada pela partilha de histórias e de conhecimento. O cartaz desta terceira edição do evento, o mais heterogéneo e atual possível, desafiava os participantes a contactarem com uma diversidade de áreas e de perspetivas através de relevantes e inspiradores oradores, que de um jeito ou de outro foram sempre capazes de despertar e espalhar reações.

À hora marcada, o primeiro orador, Luís Perdigão, surge por entre a audiência e desata a cantarolar versos, os mesmos que num ápice passa apenas a declamar num tom ora sussurrante ora de exaltação, e que ia colorindo com divertidas sonoridades. Interrompe a “sua poesia”, para explicar do que é feita a mesma: “o poetry slam é escrita para ser dita, e pretende impulsionar a mudança”, porque como ia afirmando várias vezes “a mudança começa em não nos silenciarmos”. Depois da explicação e de conseguir quebrar o gelo, voltou aos versos declamando o poema que o levou a vencer o Portugal Slam. Casando temas tão distintos como a monarquia e o futebol, fazia rir, despertava burburinhos e disseminava a sua mensagem: “à volta desta mesa tem sempre que haver lugar para o mundo conversar”.

Da poesia salta-se para o veganismo, e do mesmo para o artístico mundo das tatuagens. O salto é ainda maior de seguida visto que invade o palco a inteligência artificial. A falar sobre a capacidade desta ciência redefinir a humanidade, estava uma cara bem conhecida dos alunos do Técnico: o professor Arlindo Oliveira.  De forma muito suave, mas nem por isso menos aliciante, o orador explicou como funciona a aprendizagem das máquinas, as diferenças entre as mentes digitais e biológicas, desmistificou algumas das ideias que existem em torno desta área, mostrando que a mesma já é uma realidade presente no nosso quotidiano.

Ainda o dia ia a meio e já Beatriz Moreira, responsável pela comunicação do evento, rejubilava de felicidade pelo feedback que ia recebendo das pessoas: “O feedback está a ser muito bom. Sinto que as pessoas batem mais palmas, acham ainda melhor que em edições anteriores, reagem muito ativamente ao que ouvem”. Salientando a “ótima” organização do evento, a divulgação encetada, a responsável pela comunicação acredita que a essência e a diversidade do cartaz influenciaram em muito o record de inscrições atingido. “Não queremos apenas fazer uma conferência sobre ciência, apesar do Técnico ser uma escola de engenharia, queremos que tenha ciência, mas que tenha artes, tenha humanidades. Temos um professor catedrático e temos uma estudante de 21 anos de psicologia e acho que este facto diz tudo”, salienta Beatriz Moreira.

O tempo voava entre cada apresentação, e notava-se pelas expressões e os aplausos que as encerravam, a vontade geral de que estas se estendessem por mais uns minutos. Foi sendo assim ao longo de todo o dia, e poucas foram as cadeiras que ficaram vazias entre as várias sessões. “Tiramos o sábado para isto, e tem sido terrivelmente produtivo”, ouvia-se numa das conversas de corredor. Apesar da pouca experiência, da tenra idade, Rosário Ferreira, estudante de Psicologia da Universidade de Lisboa conduziu uma das palestras que mais agarrou a audiência, o tema – a depressão –  a leveza e o otimismo com que conduziu a palestra ajudaram e muito. A estudante de Psicologia narrou de forma emocionante a forma como lidou durante vários anos com a ansiedade e uma tendência depressiva consequente, uma experiência que hoje em dia a leva a querer desafiar a forma como a sociedade enfrenta e vê estes problemas. “Isto não é um estado de fraqueza de que devamos ter vergonha, é um estado psicológico que te força a quebrar os moldes e a seres mais forte”, vincou a oradora.

“O melhor que nos podem dizer no final deste dia é que estas talks mudaram maneiras de pensar, inspiraram, ganhei um novo olhar sobre o assunto”, declarava Beatriz Moreira. Não conseguimos ficar até ao fim, mas com certeza, por tudo o que vimos e ouvimos, que o esperado feedback chegou.