Depois de, em 2019, ter sido o primeiro português a receber a distinção de Cientista do Ano na Áustria, o antigo aluno do Técnico, Nuno Maulide volta a dar que falar ao conquistar o título de membro permanente da Academia de Ciências da Áustria com apenas 41 anos. Além de ser o membro permanente mais novo da instituição, o professor catedrático da Universidade de Viena é também o único estrangeiro fora dos países germanófonos a integrar a Academia de Ciências Austríaca.
Para Nuno Maulide esta eleição é “uma enorme honra sobretudo tendo em conta a minha idade e o facto de que apenas trabalho na Áustria há 8 anos”. “É uma distinção que devo partilhar com o meu grupo de investigação, uma equipa de jovens cientistas muito dinâmicos e entusiastas da Química, e um reconhecimento muito valoroso do nosso trabalho científico e do impacto que temos atualmente no panorama científico da Áustria”, acrescenta.
Os membros permanentes são eleitos na sessão plenária da Academia, de entre uma lista de potenciais candidatos propostos por outros membros permanentes. O antigo aluno do Técnico foi eleito membro da Academia das Ciências Austríaca, em 2017.
“Desde há alguns anos que tenho tido a sorte de atingir certos patamares de carreira em idades pouco comuns. Fui Group Leader no Instituto Max-Planck aos 29, Professor Catedrático aos 33 e agora Membro Permanente de uma Academia, num país que não é o meu de origem, aos 41 anos. Há 7-8 anos eu nem sequer era capaz de manter uma conversa em alemão”, recorda o alumnus. Nuno Maulide afirma que nestes “momentos há que, por um lado, olhar para trás e contemplar o percurso e o esforço destes anos, começando na formação recebida no Técnico; por outro lado, festejar estes triunfos com calma, na companhia daqueles de quem mais gostamos e que mais nos apoiam – porque a carreira científica, e a vida, não se fazem apenas de triunfos”. Ainda assim, e por muitos que sejam os prémios, o antigo aluno destaca a importância de “manter os pés na terra e perceber que ainda há muito caminho pela frente e que cada distinção é uma responsabilidade acrescida – mas também um abrir de oportunidades muito valiosas”.
Depois de concluir o curso de Química no Técnico, Nuno Maulide prosseguiu um percurso académico (com passagem pelo Politécnico de Paris) até ao doutoramento, na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, e Universidade de Stanford para um pós-doutoramento. O início da sua excecional carreira aconteceu na Alemanha, e logo em 2012 o alumnus foi reconhecido com um prémio anual dado ao melhor investigador júnior na área da química a desenvolver a investigação na Alemanha. Desde 2013 é docente e investigador de Química Orgânica na Universidade de Viena. Ao longo destes 8 anos na capital austríaca tem conquistado inúmeras distinções.
O antigo aluno do Técnico já foi vencedor de três bolsas do European Research Council (ERC), uma Starting Grant em 2011, uma Consolidator Grant, em 2016, e uma Proof of Concept, em 2018. Nesse mesmo ano, somaram-se reconhecimentos: primeiro o Springer Heterocylic Chemistry Award, um galardão atribuído a investigadores até aos 50 anos com regularidade bi/trianual, e destinado a contribuições importantes na área da química de heterociclos; e depois a distinção da Sociedade Espanhola de Química com a Marcial Moreno Mañas Lectureship, atribuída anualmente a investigadores com menos de 40 anos com contribuições excecionais na área da Química Orgânica.
Em 2019, a estante de galardões do alumnus do Técnico passaria a contar também com o prémio Ignaz Lieben, a mais antiga distinção atribuída a cientistas a trabalhar na Áustria. Considerado o Nobel austríaco, o prémio Lieben é atribuído pela Academia de Ciências da Áustria, que destacou os “contributos excecionais” de Nuno Maulide para o desenvolvimento de novos mecanismos de reação em Química Orgânica. Algumas semanas antes fora considerado pela Associação Nacional de Jornalistas de Ciência como o “Cientista do ano”.
O professor catedrático na Universidade de Viena é um reconhecido especialista em Química Orgânica, área sobre a qual se debruça o grupo de investigação que lidera e é também um excelente divulgador de Ciência.