Campus e Comunidade

“O ensino e a ciência, e de uma forma geral a cultura, são estratégicos para Portugal”

A afirmação do Presidente da República, na cerimónia de entrega do Prémio Científico IBM, representa bem o louvor que se foi fazendo à ciência e a quem a promove ao longo do evento.

A excelência na ciência existe e premeia-se há 28 anos com a IBM Portugal. Foi assim mais uma vez na cerimónia de entrega do Prémio Científico IBM 2018, que desta feita teve como palco o Técnico, não fosse  a vencedora do mesmo uma investigadora da Escola. O evento contou com uma vasta plateia, onde se evidenciavam várias individualidades nacionais e estrangeiras, e ficou marcado pelo reconhecimento do valor do trabalho científico desenvolvido em Portugal, personificado neste caso nos galardoado, e transmitido nas várias intervenções, nomeadamente a do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que fez questão de marcar presença.

O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, abriu o leque de alocuções, lembrando que esta não é a primeira vez que “um dos mais prestigiados prémios científicos, senão o mais prestigiado dos prémios científicos em Portugal” é entregue a uma investigadora do Instituto Superior Técnico. Um facto claramente correlacionado com a aposta permanente em investigação “nas mais variadas áreas da engenharia e das ciências fundamentais” que, como bem lembrou o professor Arlindo Oliveira,  se tem assumido como uma “marca do Técnico desde a sua fundação”. No seu discurso, o presidente do Técnico focou também a preponderância do trabalho desenvolvido pela vencedora do galardão, apontando “a forma como a luz interage com a matéria” – temática sobre a qual se debruça o trabalho vencedor- como “ uma questão fundamental da ciência”. “A atribuição do prémio a esta investigadora demonstra a capacidade do Técnico através da ciência e do seu ensino de trazer para Portugal os melhores talentos de todo o mundo, dando-lhes as condições para desenvolver o seu potencial, e fazê-los sentir em casa como aconteceu com a premiada”, assinalava ainda o professor Arlindo Oliveira.

Os 80 anos da IBM Portugal, a liderança que a empresa tem conquistado no registo de patentes, a excelência que tem pautado o prémio científico, o número recorde de candidaturas atingido nesta 28ª edição, e também o efeito que o trabalho de investigação e de inovação poderá ter neste “admirável mundo novo”, foram alguns dos pontos tocados  na intervenção do presidente da IBM Portugal, António Raposo de Lima.  “Não sei se sabem, mas este prémio é inédito na IBM em todo o mundo, é uma iniciativa portuguesa e que nos enche com um imenso orgulho pela contribuição que temos tido na promoção sustentável da investigação científica no nosso país”, referia a determinada altura António Raposo de Lima. Destacando o comprometimento da IBM com “a inovação que importa”, o presidente da empresa salientouo facto de nas suas 28 edições o prémio “ter conseguido de forma singular incentivar e reconhecer jovens investigadores que são os melhores talentos do nosso país e seguramente do mundo, como as suas brilhantes carreiras têm vindo a evidenciar”.

O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, professor Manuel Heitor, é já uma presença assídua nesta cerimónia e este ano não foi exceção. Fazendo referência à “boa ciência que se faz em Portugal” comprovada pelas temáticas dos trabalhos premiados, o governante destacou a importância da cooperação bilateral científica estabelecida entre Portugal e a Sérvia e das redes de estudantes, dois detalhes importantíssimos que ajudam a trazer para Portugal vários jovens como Marija Vranic. “Através da Marija reconhecemos e premiamos tantos outros jovens investigadores”, afirmava o professor Manuel Heitor, os mesmos para os quais fez questão de deixar uma mensagem: “Fazer ciência é saber ganhar e saber insistir, porque a ciência requer muita paciência. Fazer ciência é um esforço, mas é um esforço que vale a pena”, concluía o ministro.

Depois da intervenção do presidente do júri, professor Carlos Salema, da entrega e apresentação – ainda que num dos casos à distância- das menções honrosas atribuídas a Elisabete Silva e Daniel Dinis, foi a vez da vencedora do Prémio Científico IBM brilhar. Além de agradecer a “confiança depositada pelo júri” e de frisar a grande honra receber este prémio”, a investigadora do Técnico quis explicar do que se trata o trabalho que lhe permitiu arrecadar o mesmo.  Fê-lo de forma simples para que os mais leigos não se sentissem alheados, e por isso a sua apresentação foi plena de comparações e da referência das muitas aplicações práticas do trabalho de investigação desenvolvido na área. “Os lasers são essenciais para vários processos industriais, mas também nas comunicações, nas ligações, ou em várias intervenções médicas”, explicava a determinada altura. Esclarecendo onde reside a diferença dos lasers superintensos, elucidou que quando há uma interação dos mesmos com a matéria ocorrem vários processos físicos ao mesmo tempo. “O meu trabalho permite estudar estados extremos da matéria através de simulações de grande escala e para continuar a fazer esses estudos é fundamental trabalhar em novos algoritmos numéricos para poder perceber como é que vão ser os próximos passos nas experiências e comunicações”, declarava por fim a investigadora do Técnico que receberia, segundos depois, o galardão pelas mãos do Presidente da República.

“Eu tinha preparado um discurso, mas tenho impressão que vou improvisar”, começava por revelar sorridente Marcelo Rebelo de Sousa que encerraria a sessão. Confessando que sente “sempre muito bem neste instituto” que classifica como  “uma escola de excelência”, razão aliás pela qual pensa ser lógico o facto de ser a mesma “desta feita a receber a entrega deste prémio à excelência”. Depois de citar algumas mudanças que Portugal tem sofrido nos últimos 80 anos, o envolvimento da IBM nestes “saltos qualitativos” , e ainda a sensibilidade da empresa para investir fora dos grandes centros urbanos, o Presidente da República fez referência à “consistência deste prémio, do júri e também dos premiados”. “Todos eles sem exceção confirmaram o acerto dos prémios. A excelência confirmou-se sempre, cá dentro e lá fora, em vários casos com prémios de repercussão internacional”, acrescentava ainda. Apesar de deixar uma palavra especial aos vários premiados da tarde, foi nos elogios a Marija Vranic que o Presidente da República mais se demorou, enaltecendo a sua humildade, a superação do nervosismo, a qualidade pedagógica da sua apresentação e ainda o reconhecimento do espírito de equipa que a mesma não esqueceu  na sua apresentação. O chefe de Estado ressaltou também o facto de o trabalho vencedor « apontar para passos futuros , algo que considera “promissor”. E nesta alusão ao futuro, Marcelo Rebelo de Sousa rapidamente voltou ao passado para recordar o que “Portugal avançou em termos científicos”. “O ensino e a ciência, e de uma forma geral a cultura, são estratégicos para Portugal e é muito gratificante testemunhar este avanço”, sublinhava. As últimas palavras do Presidente da República foram de admiração e agradecimento para com “os grandes protagonistas do futuro de Portugal, que de alguma forma são também do mundo”. “Agradeço-vos profundamente o contributo que têm vindo a dar, que estão a dar, e irão continuar a dar, ano após ano, prémio após prémio, para Portugal e para o enriquecimento da humanidade”, rematava Marcelo Rebelo de Sousa, sendo seguramente, e como tantas vezes, a voz de todos os portugueses.

Fotografias da cerimónia