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POGG: uma plataforma de treino para os próximos craques dos eSports

Através deste projeto, os jogadores de eSports podem evoluir as suas competências, preenchendo assim a lacuna que havia na formação.

De acordo com dados da consultora Newzoo, perto de 500 milhões de pessoas em todo o mundo são seguidores de conteúdos de eSports, num mercado que já movimenta mais de mil milhões de dólares. Estes números até já ultrapassam os do Futebol Americano e do Rugby, em conjunto. São, também, cada vez mais as pessoas com carreiras profissionais diversas nesta indústria, nomeadamente como jogadores.  Foi a pensar nesse mercado que 4 alunos do Técnico – Simão Nunes, Gonçalo Costa e Martim Afonso, os três alunos de Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, e Mariana Guedes, estudante de Engenharia Mecânica também no Técnico- lançaram o POGG.

Inspirados pelo contacto que já tinham com o mundo do desporto eletrónico, os 4 estudantes do Técnico começaram a alinhavar o POGG. A ideia em si foi sendo polida ao longo do tempo. “Estarmos contextualizados com o panorama nacional permitiu-nos compreender as necessidades dos jogadores e, de certa forma, experienciar essas mesmas necessidades. Isso é uma grande vantagem da nossa parte: conhecer o nosso público”, avança Simão Nunes. O projeto daria os primeiros passos no ecossistema da JUNITEC- Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico, mas foi ganhando asas e dimensão. Neste momento já está a dar que falar no mercado português de desportos eletrónicos, e quem sabe se, daqui a uns tempos, não fará o mesmo pelo mundo fora.

“Atualmente, para a maioria dos jogadores comuns se tornarem proficientes em qualquer jogo, não basta treinar e aprender regularmente de forma autónoma. Não só o progresso feito desta forma acaba por ser incompleto, mas também ineficiente e lento”, começa por salientar Simão Nunes. O aluno do Técnico explica-nos que “até mesmo os jogadores profissionais de eSports são diariamente orientados por um treinador profissional, alguém que revela ter capacidades de análise e avaliação que escapa até aos melhores jogadores”. “Portanto, sem ajuda de um treinador, torna-se difícil evoluir na carreira”, alerta, em seguida, o aluno.

Encontrar treinadores disponíveis para treinar um jogador comum não é, porém, tarefa fácil, muito por causa do distanciamento criado entre treinadores altamente qualificados e os mesmos, sobretudo os que estão a dar os primeiros passos no mundo dos eSports. Para resolver estes problemas, o grupo de alunos do Técnico criou o POGG, uma espécie de marketplace que liga os jogadores de desportos eletrónicos que pretendem evoluir na carreira e os melhores treinadores da atualidade.

Na plataforma, as jovens promessas do mundo dos eSports podem encontrar 3 modos de treino: o “‘Live Coaching’, a “Demo Review” e as academias. Nos dois primeiros modos é possível submeter uma demo que será analisada pelos especialistas, ou então requisitar aconselhamento ao vivo, com comentários e ajustes em tempo real. Por sua vez, as academias consistem num conjunto de pacotes de subscrições fornecidas por entidades competentes, providenciando acesso a conteúdos exclusivos. “Com esta opção promovemos um acompanhamento constante e mais próximo dos treinadores”, salienta Simão Nunes.

Em todos estes modos de treino, o utilizador pode consultar todo o feedback e as informações mencionadas ao longo de um processo de treino anterior, permitindo uma análise e melhoria do aproveitamento do jogador. Para além disto, a plataforma congrega ainda um mecanismo de avaliação da aula que é utilizado assim que o treino estiver completo. “Este feedback dado pelo jogador é utilizado para posicionar os treinadores na página de pesquisas de acordo com as melhores pontuações, promovendo aqueles que possuem classificações mais elevadas. Esta distinção permite ao utilizador perceber que treinadores serão mais adequados para si”, declara o cofundador do POGG.

Uma plataforma que tem muito mercado para crescer

Os alunos garantem ainda que há muitos jovens a interessar-se cada vez mais por eSports, e que o mercado vai ganhando dimensão em terras lusas. “O mercado português não está tão desenvolvido como no estrangeiro, mas está a avançar a um ritmo alucinante. Os entusiastas estão a crescer não só pela componente lúdica associada aos videojogos, mas também pela opção de profissionalização que agora é possível obter”, afirma Simão Nunes.  “Tudo isto é o resultado do aparecimento de novos eventos nacionais promovidos anualmente por entidades com muita influência no domínio tecnológico e o surgimento de competições nacionais com prémios monetários muito atraentes, alguns destes a atingir os 100 mil euros”, sublinha ainda o aluno do Técnico.

A primeira parceria do POGG, é nada mais nada menos do que um dos clubes grandes: o Sporting Clube de Portugal. “É a perfeita primeira parceria. Para além de ser um clube com um grande reconhecimento que nos vai sem dúvida ajudar a chegar perto de muitos dos nossos potenciais utilizadores, tem-nos orientado na adaptação da nossa proposta para que seja mais apelativa, tanto para jogadores bem, como para outros possíveis parceiros”, evidencia Simão Nunes. Ainda assim, a equipa de empreendedores tem como objetivo adicionar outras grandes entidades de eSports ao leque de parcerias-

Há 2 meses, a equipa do POGG concorreu ao StartUP Voucher vencendo duas bolsas. “Sem dúvida, um dos pontos mais altos na vida ainda curta deste projeto. O resultado mais direto destas bolsas foram as verbas mensais que iremos receber durante o próximo ano, permitindo-nos ter fundos suficientes para investirmos nos nossos próximos passos”, realça o aluno do Técnico. No entanto, para além desta componente monetária, ao ser apoiada pelo IAPMEI com o programa StartUP Voucher, a equipa é simultaneamente acompanhada por uma incubadora, que eles mesmos podem selecionar. “E essa nossa escolha recaiu na Tagusvalley e até ao momento tem-se relevado uma excelente decisão. Temos tido reuniões semanais com o gestor de projeto Homero Cardoso e com o mentor Rui Almeida, da AIRV, que nos têm ajudado a guiar este projeto mais de perto no complexo mundo do empreendedorismo que ainda é tão novo para nós”, relata Simão Nunes.

O dia 12 de outubro, data do lançamento oficial, é lembrado pela equipa como “muito especial”. “Finalmente pudemos partilhar com o público algo que temos vindo a trabalhar com muita expectativa”, narra o aluno do Técnico. A perspetiva da equipa é que esta etapa “não podia ter corrido melhor”. “O público recebeu o POGG com muito entusiasmo e isso traduziu-se numa forte retenção nos nossos canais de comunicação, no registo de novas contas na plataforma e no surgimento de pedidos de novos treinadores profissionais para trabalharem connosco”, recorda Simão Nunes.

Para o grupo de alunos do Técnico a plataforma irá crescer à medida que novos treinadores se juntarem à mesma e com a expansão de novas academias, que consequentemente atrairão mais jogadores. “Nós não queremos simplesmente crescer, queremos também que o POGG cresça em conjunto com o ecossistema de eSports”, frisa o aluno do Técnico. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas num cenário ideal, nos próximos 5 anos gostaríamos, sobretudo, de expandir o POGG para outros países da Europa e se possível, afirmando a nossa posição noutro continente”, colmata o cofundador da plataforma.