Campus e Comunidade

José Graça Medeiros: “Seria muito interessante para a MCG incubar algumas potenciais empresas que surgissem no Técnico”

Falámos com o diretor-geral da MCG, José Graça Medeiros, e com o professor Paulo Martins para perceber o que torna a relação entre a empresa e o Técnico diferente das outras

Não podemos criticar e não fazer algo de diferente.” As palavras do engenheiro José Graça Medeiros explicam o mote para a colaboração de sucesso entre a MCG mind for metal e o Técnico. Antigo aluno da escola, o diretor-geral da companhia considera que havia um enorme desfasamento entre as empresas e as universidades. “Eu criticava isso nas aulas”, diz, pelo que quando assumiu a gestão da empresa, fez questão de mudar o panorama.

“Houve uma altura em que não percebemos quais eram os caminhos de entrada para o Técnico, mas de repente surgiu o professor Paulo Martins, que nos abriu completamente as portas.” Hoje, esta é uma das parcerias mais bem-sucedidas na área da tecnologia mecânica – a MCG é especializada na indústria de componentes metálicos e tem uma “perspetiva internacional”, explica José Graça Medeiros, como poucas em Portugal.

A empresa oferece aos alunos a possibilidade de fazerem estágios na empresa, colaborarem em projetos e teses de mestrado conjuntas, organiza o MCG day @ IST – onde dá a conhecer a empresa – e premeia, anualmente, a melhor tese de tecnologia mecânica elaborada no Técnico. Dá ainda apoio ao Núcleo de Oficinas e disponibiliza matérias-primas “num fornecimento que representa muito dinheiro”, explica o professor Paulo Martins. Mas o mais importante talvez seja a colaboração com o Grupo de Tecnologia Mecânica que, ao longo dos últimos anos, tem desenvolvido variados projetos com a empresa.

“Uma boa parte da nossa atividade tem a ver com o desenvolvimento de novos processos de fabrico e a otimização de processos de fabrico existentes, ou com a utilização destes processos para a criação de novos materiais”, refere o docente do Técnico. “Nós desenvolvemos técnicas e tecnologias, e temos todo o interesse em fazer a transferência de tecnologia para as empresas.” Empresas como a MCG, que aproveitam todas as oportunidades possíveis para aumentar a competitividade do seu produto. “Na indústria dos componentes automóveis a competição é muito grande, e qualquer desenvolvimento tecnológico que permita cortar um cêntimo no fabrico de uma peça tem um retorno enorme.”

Essa não é, no entanto, a única razão para estabelecer uma parceria destas com o Técnico, uma escola que, para José Graça Medeiros, continua a ser “uma referência” na formação da Engenharia. “Se calhar daqui a dez anos, quando um futuro engenheiro estiver na sua empresa e precisar de um produto que tenha a ver com a nossa área, vai lembrar-se que a MCG existe. Queremos ter uma rede bem estruturada e um relacionamento próximo com os futuros ex-alunos do Técnico, para que haja uma imagem positiva da nossa parte.” “É uma questão de visibilidade junto dos alunos” a todos os níveis, do recrutamento ao apoio a projetos e na criação de uma rede de negócios, explica.

E o que tem a MCG a oferecer ao Técnico? “Acho que podemos criar um valor adicional ao antever potenciais aplicações da investigação. Temos mais conhecimento do mercado e podemos ajudar no fit estratégico daquele projeto de I&D”, afirma o empresário, antes de acrescentar: “Além disso, por estarmos perto da equipa do professor Paulo Martins, podemos dar aos alunos uma ligação à indústria, uma visão do que se faz nesta área”. E, claro, fazem recrutamento junto dos graduados do Técnico. “Já os conhecemos, é uma relação natural.”

Para o futuro, José Graça Medeiros tem grandes planos: “Isto é altamente disruptivo, mas seria muito interessante para a MCG incubar algumas potenciais empresas que surgissem de ideias e projetos desenvolvidos no Técnico. Estamos muito focados em novos produtos e novas ideias, e se existissem alunos com essa visão de mercado, mas que precisassem de equipamentos fabris, estaríamos disponíveis para ajudar. Gostaríamos de ser parte integrante de uma perspetiva de startups industriais que o Técnico pense vir a ter no futuro”. “Acho que podemos criar aqui um polo interessante de incubação para esse tipo de projetos”, resume.