Campus e Comunidade

Uma maratona de conhecimento com muito empreendedorismo à mistura

Pelo segundo ano consecutivo, o evento organizado pelo Núcleo de Estudantes de Materiais (NeMat) conseguiu atrair inúmeros alunos do Técnico e também de outras faculdades.

Na Maratona de Materiais que se realizou esta terça-feira, 26 de março, a corrida pelo conhecimento começou bem cedo. Na linha de partida do evento organizado pelo Núcleo de Estudantes de Materiais (NEMat) estiveram o presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, e o convidado de honra Alar Kolk, presidente da European Innovation Academy (EIA). A sessão de abertura funcionaria como um chamariz para as dezenas de participantes que se deslocaram ao Anfiteatro Abreu Faro ao longo de todo o dia. A condimentar o programa estavam os nomes de vários empreendedores da área, uma estratégia do NEMat para “mostrar aos nossos colegas que além da indústria há outras opções profissionais ao nosso alcance, basta querer”, assinala Manuel Amaral, um dos responsáveis pela organização.

A cortiça, os biomateriais, a sustentabilidade e os materiais em eletrónica foram as temáticas centrais dos vários painéis que compunham o cartaz. A aprofundá-los especialistas e empreendedores, sedentos por fomentar a partilha de conhecimento e disponíveis para clarificar as dúvidas da audiência. Carina Crucho, investigadora do Centro de Química-Física do Técnico, e Sónia Ferreira, fundadora da BestHealth4u, abordaram de forma diferenciada nas palestras que conduziram as potencialidades das nanopartículas. Se a investigadora do Técnico partilhou algumas das suas descobertas importantes na investigação que conduz e que se centra no desenvolvimento de materiais que possam servir de veículo a fármacos; por sua vez, a empreendedora do Norte mostrou com a nanotecnologia pode chegar à nossa vida através dos produtos mais inesperados. “As nanopartículas são materiais bastantes versáteis. São uma espécie de super-heróis”, vincava Carina Crucho. Foi nessa versatilidade que Sónia Ferreira se inspirou para criar um biomaterial adesivo baseado em nanotecnologias para aplicações médicas, que evita doenças ou lesões provocadas pelo uso extensivo de dispositivos permanentes à pele. “Oitenta por cento das pessoas ostomizadas tem problemas de pele devido ao uso de adesivos. O nosso penso usa as caraterísticas da própria pele, sendo ideal para uso geral e uma esperança para aplicações de longo prazo”, explicava a fundadora da BestHealth4u.

Foi essencialmente em torno desta capacidade de inovar que o NEMat construiu o programa desta segunda edição, como evidencia Manuel Amaral: “fomos buscar projetos recentes que têm estado a aparecer nas notícias e premiados e fomos construindo o nosso programa”. O objetivo é, claro, a partilha de conhecimento e simultaneamente também provocar uma espécie de inspiração e motivação. “Aqui na faculdade temos todos os recursos e se houver vontade de criar coisas novas podemos aproveitar esses recursos e conhecimentos para criar coisas novas e quem sabe para o ano ser um de nós a apresentar projetos novos”, salienta o membro da organização.

Além dos alunos do Técnico, a organização pretendeu chamar a atenção e cativar estudantes de outras faculdades, algo que, como destaca Manuel Amaral, se revelou fácil dada a diversidade de áreas que a Engenharia de Materiais toca. “No ano passado, ou seja, a primeira edição do evento, tivemos 162 pessoas, o que é ótimo visto que somos um curso pequeno. Este ano vamos passar esse valor certamente”, assegurava Manuel Amaral, confidenciando que a palestra que versou sobre a cortiça registou uma adesão muito variada de alunos de dentro e fora do Técnico. O balanço da atividade não podia por isso ser mais positivo: “ainda estamos a lançar o conceito da maratona de Materiais e a tentar deixar a nossa marca presente aqui no Técnico, mas estamos muito contentes com a adesão e o feedback dos participantes”.