Ciência e Tecnologia

e-CoVig: um sistema desenvolvido no Técnico que ajudará a vigiar remotamente os sintomas de COVID-19

O projeto liderado pelo Instituto de Sistemas e Robótica será um dos contemplados com o apoio da linha de financiamento excecional criada pela FCT.

O e-CoVig será um dos projetos apoiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através da linha de financiamento Research 4 COVID-19. O projeto é liderado pelo Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), um dos centros de investigação do Técnico, e  conta também com as competências de investigadores do Centro de Cardiologia da Universidade de Lisboa (CCUL),  da Faculdade de Medicina da ULisboaInstituto de Telecomunicações (IT)Escola de Tecnologia de Saúde de Coimbra (EsteC) e da empresa BrainAnswer. O e-CoVig foi um dos projetos que obteve o financiamento máximo atribuído pela FCT, no valor de 30 mil euros.

O projeto coordenado pelo professor João Sanches, que além de e investigador do ISR  é também docente do Departamento de Bioengenharia (DBE) do Técnico, propõe um sistema automatizado de vigilância remota da sintomatologia associada ao novo coronavírus. Tendo por base uma tecnologia já desenvolvida, o e-CoVig procurará através de uma solução tecnológica de baixo custo uma monitorização rigorosa e em tempo real de sintomas da COVID-19, nomeadamente a temperatura e a função respiratória, assim como outros dados com relevância clínica para o diagnóstico da doença.

A plataforma em que assenta o e-CoVig consiste no emparelhamento simultâneo de uma plataforma eHealth de gestão de dados fisiológicos com múltiplos sistemas de aquisição de dados baseados em telemóveis pertences a indivíduos que estejam sob vigilância clínica por suspeita de terem contraído o novo coronavírus.

De acordo com o professor João Sanches “estas medições são muito importantes no acompanhamento dos sujeitos em quarentena ou diagnosticados com a doença, pois estas duas condições implicam na prática situações de isolamento domiciliário extremo e privação de liberdade fortemente dependentes de uma avaliação rigorosa dos sintomas”. “Trata-se, portanto, no limite, de uma questão de minimização de restrições à liberdade individual dos afetados por esta patologia”, acrescenta o docente.

A plataforma permitirá o acompanhamento e vigilância remota dos indivíduos em vigilância clínica, e por isso poderá assumir-se uma ferramenta muito importante para as autoridades de saúde, designadamente a Direcção-Geral de Saúde (DGS), na gestão dos infetados, prevendo-se também um impacto direto nas linhas de contacto direto, como o SNS24. “O objetivo principal é conseguir fluidificar e automatizar as interações dos pacientes com e o Sistema Nacional de Saúde, reduzir o risco de contaminação dos profissionais de saúde, densificar o processo de monitorização a longo prazo, aumentar a precisão do diagnóstico, aumentar a capacidade de monitorização de mais sujeitos em simultâneo e de gerar alertas automáticos”, pode ler-se como comunicado enviado pelo ISR.

O projeto terá início já no próximo dia 1 de maio e estender-se-á até ao mês de julho.

Além do e-CoVig foram selecionadas mais 65 propostas que abordam áreas de investigação que vão do diagnóstico da COVID-19 à prevenção, estudos clínicos e epidemológicos ou à terapia.

No total serão concedidos pela FCT 1,8 milhões de euros através da linha de financiamento dedicada ao Research 4 COVID-19. O Comité de Avaliação decidiu distribuir 36% do apoio financeiro para diagnóstico, 17% para estudos clínicos e epidemiológicos, 21% para prevenção, 9% para terapia e 17% para outras áreas relacionadas.