Ciência e Tecnologia

INESC-ID ganha projeto H2020 na área da Biologia Computacional

O projeto OLISSIPO que é coordenado pelo centro de investigação do Técnico, reúne mais três instituições europeias de renome.

O OLISSIPO, coordenado pelo INESC-ID, foi um dos projetos europeus recentemente aprovados no âmbito do concurso “TWINNING” do programa europeu Horizonte 2020. O projeto é centrado na Biologia Computacional, uma área fortemente interdisciplinar, que conjuga as Ciências da Computação, Matemática, Probabilidade e Estatística, Aprendizagem Automática (Machine Learning), Biologia Molecular e Medicina. Com a duração de 3 anos, o OLISSIPO conta com um financiamento de 900 mil euros, e será coordenado pela docente do Técnico e investigadora do INESC-ID, professora Susana Vinga. Ao consórcio do projeto juntam-se o Institut National de Recherche en Informatique et Automatique (INRIA), o Eidgenoessische Technische Hochschule Zuerich (ETH Zürich) e o European Molecular Biology Laboratory (EMBL).

O principal objetivo do projeto passa por intensificar, aumentar e consolidar a investigação de excelência na área de Biologia Computacional realizada no INESC-ID em parceria com as instituições europeias parceiras e também líderes nesta área. “O nosso objetivo é fortalecer as nossas competências em Biologia Computacional, não só no INESC-ID, mas em todo o Instituto Superior Técnico. Gostaria que este projeto permitisse envolver toda a Escola nesta área de investigação e ensino”, declara a professora Susana Vinga, coordenadora do projeto. “O meu joint appointment em dois departamentos (Departamento de Engenharia Informática e Departamento de Bioengenharia) e colaborações fortes com vários institutos ligados ao Técnico, nomeadamente o IDMEC, o iBB e o IT, permitirão fortalecer ainda mais esta área na nossa Escola”, adiciona ainda.

“As ações previstas centram-se, sobretudo, na mobilidade de investigadores (estágios internacionais), visitas de especialistas, organização de workshops e seminários, participação em conferências e intercâmbio institucional”, explica a professora Susana Vinga. “Também não é esquecida a ligação à sociedade, com tarefas destinadas à divulgação e comunicação de ciência, nomeadamente a alunos do secundário e ao grande público”, acrescenta ainda a docente. Este projeto tem uma importante componente de formação de investigadores em princípio de carreira, que terão a oportunidade de complementar os seus conhecimentos através de estágios em instituições europeias de reconhecido mérito na área.

A notícia da aprovação desta candidatura ao concurso “TWINNING”foi recebida com grande entusiasmo por toda a equipa do OLISSIPO.  “Estamos cientes de que trará grandes desafios a nível da implementação plena das tarefas, pois terão de ser envolvidos investigadores séniores, estudantes de doutoramento, gestores de projeto, jornalistas de ciência, garantindo a coordenação com as nossas atividades atuais”, vinca a coordenadora do projeto.  “Estamos todos muito satisfeitos e convictos de que representará uma oportunidade para consolidar a Biologia Computacional, não só na Universidade de Lisboa, mas também no País”, adiciona ainda a docente.

Além da excelência do INESC-ID, e da experiência e conhecimento da professora Susana Vinga, o OLISSIPO reúne três instituições e cientistas de grande renome internacional, Marie-France Sagot (INRIA, França), Niko Beerenwinkel (ETH Zurich, Suiça), e Wolfgang Huber (EMBL, Alemanha), que como a coordenadora do projeto serão cruciais para a “concretização de forma plena os objetivos”. “Este consórcio foi criado com base em colaborações prévias de sucesso, nomeadamente no âmbito de projetos europeus anteriores, como o BacHBerry (FP7) e o SOUND (H2020). O consórcio é relativamente pequeno, o que permitirá agilizar as nossas colaborações em áreas mais específicas de uma forma muito próxima”, refere a investigadora do INESC-ID. Um dos resultados que se espera do OLISSIPO é o fortalecimento “da colaboração entre as instituições e constitua um impulso para futuros projetos e atividades conjuntas”, tal como destaca a docente do Técnico.

Foram apresentadas ao concurso “TWINNING” 437 propostas, das quais 51 eram portuguesas. Entre as 77 vencedoras (que representam um financiamento de 69 milhões de euros) encontravam-se 13 projetos portugueses que ficam com 12 milhões de euros.  Estes números revelam o prestígio e a responsabilidade da escolha do OLISSIPO, mas também ajudam a corroborar a qualidade do INESC-ID na área da biologia computacional. “Mostra que estamos bem posicionados na área em Portugal e que poderemos alargar significativamente essa posição, a nível da formação dos nossos investigadores e aumentar também, de forma muito significativa, a nossa visibilidade internacional”, frisa a coordenadora do projeto.

Com um horizonte enorme, a biologia computacional é uma área cada vez mais importante e necessária nos dias de hoje, tendo em conta a recorrente aposta na investigação médica com base em tecnologia avançada. “É óbvio para toda a comunidade científica que o conhecimento de sistemas biológicos complexos não dispensa uma visão quantitativa e uma abordagem teórica fortes. É já claro que os avanços na medicina estão interligados à computação e à matemática”, declara a professor Susana Vinga, que não resiste a terminar citando o título de um artigo (Joel E Cohen, 2004): “Mathematics Is Biology’s Next Microscope, Only Better; Biology Is Mathematics’ Next Physics, Only Better”[“A Matemática é o Próximo Microscópio da Biologia, só  que melhor;  a Biologia é a Próxima Física da Matemática, só que melhor”].