Ciência e Tecnologia

Investigadores do INESC-MN vencem competição internacional da IEEE Sensors and Measurement Society

A equipa do Técnico competiu diretamente com equipas de todo mundo, destacando-se pela apresentação de um sistema de monitorização e correção da postura, que mede em tempo real o ângulo e a curvatura das costas e informa o utilizador da qualidade da postura ao longo dia.

Uma equipa de quatro investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores-Microsistemas e NanotecnologiasPedro Ribeiro, Miguel Neto, Ana Rita Soares e Rafael Santos-,  ganharam o 1º prémio , no valor de 2000 dólares americanos,  na edição deste ano da IEEE International Sensors and Measurement Systems Student Contest. A equipa vencedora é composta por alunos do doutoramento do programa doutoral de Engenharia Física e Tecnológica e do programa doutoral em Líderes para Indústrias Tecnológicas, ambos do Instituto Superior Técnico, e orientados pela professora Susana Cardoso de Freitas, do Departamento de Física  e investigadora principal do grupo de spintrónica do INESC-MN.

A competição anual na qual a equipa do Técnico se destacou é organizada em conjunto pela IEEE Instrumentation and Measurement Society (IMS) e a IEEE Sensors Council (SC). A STMicroelectronics patrocina o evento e oferece a cada equipa um kit SensorTile – o módulo com o qual devem desenvolver o seu protótipo. As equipas de estudantes de mestrado e doutoramento são convidadas a propor um projeto e a construção de um protótipo onde se tira o maior proveito possível das funcionalidades deste módulo. “No momento em que submetemos a nossa ideia, não tínhamos noção de quem iriam ser os nossos adversários por isso limitámo-nos a pensar numa ideia que fosse original e onde fosse possível tirar o máximo partido do módulo SensorTile que nos foi disponibilizado”, explica o porta-voz da equipa, Pedro Ribeiro. “Desde o início que tínhamos interesse em criar algo que pudesse ter algum impacto social e decidimo-nos por um dispositivo wearable, visto que este conjunto de dispositivos tem vindo a ganhar grande interesse tanto na comunidade científica, como no mercado de consumo”, acrescenta ainda o aluno de doutoramento.

A competir diretamente com a equipa do INESC-MN na fase final da competição estiveram mais três equipas da ETH Zurich (Suíça), Rowan University (Estados Unidos da América) e da Universidade de Kitakyushu (Japão). Na derradeira etapa, as equipas tiveram que demonstrar publicamente os protótipos desenvolvidos, no dia 12 de março durante o IEEE Sensors and Applications Symposium que teve lugar na Universidade de Côte D’Azur em França.

Com o SpineCop – um sistema de monitorização e correção da postura, que mede em tempo real o ângulo e a curvatura das costas e informa o utilizador da qualidade da postura ao longo dia, a equipa do Técnico arrecadou o primeiro lugar da competição. Nós integrámos este módulo numa cinta que é vestida e coloca o módulo entre as omoplatas, juntamente com um íman. O acelerómetro e o magnetómetro integrados no SensorTile são utilizados para avaliar a curvatura e ângulo das costas. Para traduzir os dados dos sensores para postura, desenvolvemos um software que os analisa quando o utilizador tem o dispositivo vestido, e uma interface gráfica “user-friendly” que lhe indica se ele apresenta boa ou má postura”, explica Pedro Ribeiro.  “O software que desenvolvemos também permite ao utilizador definir um período Durante o qual a sua postura é avaliada, sendo notificado ao fim desse intervalo de tempo com uma pontuação representativa da sua qualidade postural”, frisa ainda o aluno de doutoramento. Relativamente ao que terá distinguido o SpineCop dos restantes projetos em competição, o investigador do INESC-MN acredita que o segredo do sucesso passou pelo facto de a equipa do Técnico ter “aproveitado ao máximo as potencialidades do SensorTile para criar um protótipo que é muito compacto, completamente sem fios e confortável, sem prejudicar a funcionalidade do mesmo”.

O conceito por detrás do SpineCop não é novo, uma vez que existem vários dispositivos deste tipo no mercado, no entanto, Pedro Ribeiro destaca algumas caraterísticas que destacam este protótipo dos demais: “é mais barato, compacto e logo mais confortável de utilizar”. Questionado sobre a vontade de continuar a apostar nesta ideia, Pedro Ribeiro reitera o potencial do projeto e não descarta a ideia: “achamos que este protótipo tem potencial e talvez continuemos a trabalhar nele nos nossos tempos livres, mas é algo em que ainda estamos a ponderar”. “O sistema desenvolvido estará disponível no INESC e permite a outros alunos continuarem a melhorar diferentes partes e utilizá-lo noutros contextos”, assegura, no entanto, o investigador.