Ciência e Tecnologia

ISTSat-1 vence prémio de investigação da ANACOM

A qualidade e o rigor científico do trabalho desenvolvido por uma equipa do Instituto Superior Técnico, foram elogiados pelo júri do galardão da Autoridade Nacional de Comunicações.

“Trata-se de um trabalho de excelente qualidade e rigor científicos, clareza e transversalidade”, declarava a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) em comunicado, referindo-se ao vencedor do galardão de investigação atribuído no 13.º Congresso da URSI Portugal. O trabalho em questão que mereceu os elogios e também a importante distinção é da autoria da equipa do ISTSat-1, constituída por docentes e alunos do Técnico.

O artigo distinguido intitula-se “ISTSat-1 -The First Portuguese University CubeSat” e resume o trabalho disruptivo que tem sido feito pela equipa universitária na conceção do nanosatélite. “Dado o tema do congresso, o trabalho foca os aspetos radioelétricos do satélite, nomeadamente a antena e o recetor de sinais ADS-B de aviões e o transcetor de telemetria e telecomando, ambos completamente desenvolvidos no Técnico”, explica João Paulo Monteiro, aluno de doutoramento do Técnico e um dos autores do artigo. “O projeto da restante plataforma, que permite a ‘sobrevivência’ do satélite em ambiente espacial, também é descrito, nomeadamente dos sistemas de gestão de energia, de gestão de dados e de determinação e controlo de atitude”, acrescenta.

Frisando a importância deste prémio para a equipa, João Paulo Monteiro realça o orgulho do grupo em relação ao mesmo que vê assim “reconhecido o trabalho de vários anos”. “O facto de a equipa ser maioritariamente constituída por alunos torna este reconhecimento ainda mais especial, dado o carácter científico do congresso. É, de certa forma, uma prova de que o ISTSat-1 é um projeto sério e relevante apesar de ocupar um volume de 1 litro”, sublinha o aluno do Técnico.

Consciente da “enorme qualidade” dos trabalhos concorrentes, a equipa acredita que aquilo que terá distinguido este trabalho foi exatamente a sua transversalidade, “abordando temas de Engenharia Eletrónica, Telecomunicações e Aeroespacial”, mas também “a sua aplicação prática que culmina com o lançamento [do nanosatélite] para o espaço”. “É importante referir, como foi apresentado durante o congresso, que o ISTSat-1 foi o primeiro satélite cujas frequências de comunicações foram coordenadas internacionalmente pela ANACOM na sua qualidade de Autoridade Espacial”, lembra João Paulo Monteiro.

Depois do lançamento da Estação Espacial internacional, até onde nos levará o ISTSat-1 e o que nos permitirá saber? “Passará por uma fase de confirmação de funcionalidade em órbita, começando depois a executar a sua missão de demonstração da antena e recetor ADS-B. Estimamos que o tempo em órbita seja entre 6 meses e 1 ano antes da reentrada na atmosfera”, começa por explicar o membro da equipa. “Após o fim da missão, os resultados serão analisados e publicados”, adiciona João Paulo Monteiro. Mas como a genica e a vontade de explorar não se acomodam por estes lados, a equipa está já a pensar no próximo satélite, que deverá expandir as tecnologias desenvolvidas para o ISTSat-1 para executar duas missões: “uma experiência de comunicações óticas e uma missão de rastreamento de plástico no oceano”, como anuncia o aluno de doutoramento do Técnico.