Ciência e Tecnologia

NeuroPhysIm – um caminho que encurta a luta contra a doença dos pequenos vasos

A investigação liderada pelo Técnico conta também com a parceria de instituições hospitalares, onde os avanços da mesma são testados de forma continuada.

O título deste projeto científico liderado pelo ISR-Lisboa/IST é extenso- Imagiologia quantitativa não-invasiva da fisiologia cerebral: aplicação na doença dos pequenos vasos e no envelhecimento – uma característica que é proporcional à dimensão que o mesmo pode ter na vida de cada um de nós. Tratemo-lo então pelo seu acrónimo – NeuroPhysIm –  para não desperdiçarmos linhas em detrimento da sua proporção científica e impacto na sociedade.

O desenvolvimento de técnicas de imagiologia por ressonância magnética que permitam quantificar vários parâmetros da fisiologia cerebral de forma completamente não-invasiva é o cerne deste projeto que além do ISR-Lisboa/IST, conta também com a participação do Hospital da Luz, do Hospital Egas Moniz e do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA Medical School).

Mais pormenorizadamente, porque este é um projeto que se foca no pormenor, estas técnicas possibilitam analisar em detalhe a perfusão sanguínea, a reatividade vascular e a função das redes cerebrais, bem como a sua microestrutura. “Ao contrário de outras técnicas atualmente utilizadas, as técnicas desenvolvidas neste projeto não recorrem a radiação ionizante ou à administração de agentes de contraste”, explica a professora Patrícia Figueiredo. “Através de novas metodologias de aquisição, modelação e análise das imagens, desenvolvidas ao longo dos anos no nosso grupo, conseguimos obter informação quantitativa de múltiplos parâmetros fisiológicos de forma que até agora não era possível”, adiciona a também investigadora do ISR- Lisboa. Estes parâmetros têm grande potencial como biomarcadores da doença dos pequenos vasos, que influencia o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e a uma grande parte das demências, bem como à ocorrência de acidentes vasculares cerebrais.

O objetivo final é conseguir avaliar a “progressão da doença, de modo a permitir o seu diagnóstico precoce e a sua monitorização, bem como o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas”, explica a professora Patrícia Figueiredo. “É crucial a existência de biomarcadores sensíveis e específicos que permitam avaliar os efeitos das terapias na progressão da doença”, frisa ainda. Esta necessidade torna-se cada vez mais premente se tivermos em conta os muitos ensaios clínicos destinados a testar novas terapias a serem propostas, e a urgência em avaliar o seu efeito. “Com estas técnicas de imagiologia nós conseguimos oferecer aos médicos ferramentas para eles poderem avaliar o que fazer, percebendo se a terapia está a ser eficaz ou não”, declara a professora.

Os passos seguintes deste projeto passarão pela avaliação do seu potencial, através da análise de um conjunto de dados recolhidos de grupos de doentes e seus controlos saudáveis. Será avaliado, nomeadamente, “o poder que os parâmetros quantitativos extraídos destas imagens têm na predição do declínio cognitivo dos doentes, medido através da sua avaliação clínica e neuropsicológica”, revela a investigadora do Técnico.