Ciência e Tecnologia

Prémio Nobel da Física de 2017 para a deteção de ondas gravitacionais

Os cientistas Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne receberam o importante galardão , esta terça-feira, por comprovarem a teoria elaborada há um século pelo físico Albert Einstein.

Há dois anos atrás, pela primeira vez foram detetadas as ondas gravitacionais no espaço, resultantes da fusão entre dois buracos negros. Esta descoberta vinha cumprir uma previsão de Albert Einstein e despoletar uma nova maneira de explorar os céus. Esta terça-feira, 3 de outubro, os três 3 cientistas norte-americanos responsáveis por este  feito venceram o Prémio Nobel de Física 2017. “A descoberta é fantástica. Há cem anos que Einstein percebeu que existiam soluções de ondas gravitacionais na sua teoria da relatividade geral”, explica o professor José  Sande Lemos, Presidente do Centro Multidisciplinar de Astrofísica – CENTRA do Técnico, docente do departamento de Física e também ele investigador da área. “Há mais de cinquenta anos que os investigadores em gravitação sonham com esta descoberta. Finalmente ela aconteceu e foi reconhecida de forma definitiva com a atribuição do Prémio Nobel da Física de 2017”, reiterou ainda.

Os cientistas Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne são assim os galardoados com o Nobel de Física de 2017 por estas contribuições decisivas na observação de ondas gravitacionais. “Os três cientistas que foram galardoados são merecedores deste prémio”, vinca o professor José Sande Lemos. Rainer Weiss do MIT foi quem percebeu em 1970 que o detetor perfeito era um interferómetro de laser e apostou desde o início no seu desenvolvimento, Kip Thorne do Caltech foi o físico que desenvolveu consistentemente desde os anos 60 a teoria de ondas juntando-se a Weiss na construção do LIGO, e por sua vez foi Barry Barish que liderou o LIGO no fim dos anos 1990 e nos anos 2000 para que este se tornasse um instrumento com precisão extrema, necessária para detetar as ondas gravitacionais.

O ponto alto desta descoberta foi a 14 de setembro de 2015, que o presidente do CENTRA classifica como “histórico”, o dia em pela primeira vez se detetaram ondas gravitacionais. “A onda detetada foi produzida pela colisão final de dois buracos negros em órbita um com o outro”, explica o professor. Seguiram-se três outros eventos semelhantes, de colisão entre dois buracos negros, e que foram detetados posteriormente pela colaboração LIGO, em 26 de dezembro de 2015, e 4 janeiro e 14 de agosto de 2017, e que acabaram por confirmar a primeira descoberta, culminando tudo na entrega deste prémio. “Está-se agora à espera de um possível anúncio de deteção de ondas gravitacionais produzidas por uma colisão de duas estrelas de neutrões. Esta deteção será também extraordinária porque os telescópios conseguem observar concomitantemente com o detetor de ondas gravitacionais essa mesma colisão”, adianta o presidente do CENTRA.

O Departamento de Física através dos professores associados à área científica e o CENTRA (Centro de Astrofísica e Gravitação) têm contribuído com trabalhos publicados em física e astrofísica de buracos negros e de estrelas de neutrões, com organização de inúmeras conferências internacionais nesta área, e com a formação de excelentes estudantes de doutoramento e mestrado. A investigação sobre buracos negros e ondas gravitacionais no CENTRA tem sido coordenada quer pelo professor José Sande Lemos, quer pelo professor Vitor Cardoso, tendo este último recebido duas bolsas do European Research Council para aprofundar a investigação nesta área. “O nosso trabalho tem reconhecimento internacional como mostram o alto fator de impacto das revistas em que publicamos e o excecional número de citações que temos”, destaca o presidente do CENTRA.

Mas afinal em que nos vão ser úteis estas descobertas? Vamos compreender melhor de que o Universo é feito, perceber se a própria teoria da relatividade geral está correta mesmo em situações tão extremas como as que envolvem buracos negros e estrelas de neutrões em colisão a velocidades próximas da velocidade da luz, ou poderemos saber qual o número de buracos negros e de estrelas neutrões por unidade de volume, entre outras tantas outras coisas tão preponderantes no mundo da física. A mais curiosa de todas é que poderemos mesmo conseguir sondar o início do próprio universo.

Para saber mais sobre esta descoberta veja este vídeo.