Ciência e Tecnologia

Técnico torna-se parceiro da iniciativa New European Bauhaus

Esta é uma iniciativa criativa que já conta com vários parceiros e que procura encontrar soluções inovadoras para problemas societais complexos através da cocriação.

O Instituto Superior Técnico foi selecionado pela Comissão Europeia para se tornar um dos parceiros oficiais da iniciativa da New European Bauhaus (NEB). Esta é uma iniciativa criativa, que derruba fronteiras entre a Ciência e a Tecnologia, a Arte, a Cultura e a Inclusão Social, de modo a permitir a conceção de soluções para problemas quotidianos. São muitas as instituições que se têm vindo a juntar à NEB demonstrando a disponibilidade para envidar esforços e reforçar a comunidade com os seus recursos e ideias.

O professor Nuno Jardim Nunes, presidente do ITI/ LARSyS e do Departamento de Engenharia Informática do Técnico (DEI), é um dos obreiros da proposta vencedora que leva à concretização desta parceria, e explica-nos as motivações que o motivou a avançar.  “A atividade do ITI no LARSyS está muito ligada à inovação pelo design, ou seja, a ideia que a tecnologia por si só não gera valor à sociedade nem resolve os principais problemas sociais que são cada vez mais complexos e interdependentes”, começa por referir. “O triângulo da Nova Bauhaus Europeia: estética, sustentabilidade e inclusão é um exemplo perfeito desta classe de problemas complexos que não se podem resolver apenas com ciência e tecnologia, é necessário envolver as pessoas através de um movimento cultural que promove uma nova estética virada para a sustentabilidade”, complementa.

Sendo inegável que esta é uma oportunidade única para Portugal, e para o Técnico em especial, o presidente do ITI frisa que a Escola está “muito bem posicionada para contribuir para as soluções tecnológicas do NEB”. “Somos muito fortes em áreas como as tecnologias digitais, mas também mobilidade, novos materiais, energia, sustentabilidade, economia circular, inovação, etc. o que o NEB permite é colocar este conhecimento ao serviço de uma nova cidadania e no contexto da rede que foi criada dos ambientes urbanos costeiros e dos desafios da nossa relação com o mar”, destaca. Segundo o docente do Técnico, esta será “uma forma de combinarmos estrategicamente estas competências e tentarmos desde logo que Lisboa possa ser uma das primeiras cidades farol do NEB a nível Europeu e o Técnico uma das instituições de referência Europeias do lado académico”.

“Uma parceria estratégia para o Técnico e para todas as suas unidades de investigação”

A vice-presidente do Técnico para a Investigação e Assuntos Internacionais, professora Fátima Montemor, evidencia que esta é “uma parceria estratégica para o Técnico e para todas as suas unidades de investigação”.  “A European Bauhaus é uma iniciativa criativa e muito interdisciplinar, que visa envolver toda a comunidade no sentido de criar um futuro mais sustentável e equilibrado para todos. O Técnico, como escola que lidera o que de melhor se faz a nível de investigação num vasto conjunto de áreas do conhecimento não se pode alhear deste desafio”, vinca.

Nesta conquista, a vice-presidente do Técnico não pode deixar de evidenciar “o esforço e voluntarismo de um conjunto de investigadores, nomeadamente do professor Nuno Nunes” que tornaram possível a preparação “de uma proposta sólida e ganhadora que só nos trará benefícios”.

Tendo em conta a importância que a NEB tem ganho são muitas as oportunidades que advirão desta parceria.  Além da call principal que vai financiar as cinco redes europeias, existirão também outras oportunidades de financiamento de “grande importância eu diria para quase todas as unidades de investigação da escola”, revela o docente do Técnico. “Tenho conhecimento de várias calls que já ascendem a mais de 120M€ que exigem alinhamento com o NEB e que vão desde os materiais, às tecnologias digitais, energia, sustentabilidade, cultura e inclusão social”, revela.

Para o professor Nuno Jardim Nunes, além do aspeto competitivo face ao Horizonte Europa, a integração do Técnico com instituição líder numa das cinco redes da Nova Bauhaus Europeia significa “o reconhecimento da competitividade da nossa investigação e do seu contributo social e cultural para este desígnio Europeu tão importante para o futuro”.

A professora Fátima Montemor não tem “qualquer dúvida sobre o contributo” que o Técnico poderá dar na dinamização dos objetivos do New European Bauhaus, “especialmente porque os nossos investigadores são criativos, inovadores e voluntariosos”, “sempre prontos a agarrar um desafio – é isto que nos distingue como Técnico”. “O Técnico lidera em muitas áreas de investigação cujos resultados possuem um forte impacto na vida de todos nós, quer porque contribuem para o desenvolvimento socioeconómico, quer porque ajudam a resolver grandes problemas com os quais a nossa sociedade se debate”, salienta.

O presidente do ITI espera que a multidisciplinaridade que caracteriza a NEB contagie a comunidade do Técnico e que este seja “um projeto agregador para a Escola que, muitas vezes, vive demasiado focada nos silos disciplinares”.  “A excelência disciplinar é muito importante, mas o impacto está cada vez mais na capacidade de criar disciplinas em torno de desafios sociais e isso faz-se com projetos agregadores e mobilizadores como este”, realça.

Virar o Novo Bauhaus para o Mar

A Bauhaus do Mar reflete a vontade de uma equipa de criativos, entre os quais o professor Nuno Jardim Nunes, de unir esforços na prossecução dos objetivos do NEB mobilizando o continente para este “primeiro e principal espaço natural global”: o Mar.

Lisboa passou a ser a única capital Europeia Atlântica da Europa e a visão da Bauhaus do Mar pretende capitalizar estas características únicas, gerando “uma rede ligada a outras regiões e cidades costeiras emblemáticas como Veneza (e Génova em Itália), Roterdão e Antuérpia no delta do Reno-Schelta, e ainda Malmo e Copenhaga no estreito de Oresund”, como explica o professor Nuno Jardim Nunes.

Para o presidente do DEI, na seleção do Instituto Superior Técnico como parceiro oficial da NEB terá pesado muito este envolvimento “numa das primeiras redes temáticas verdadeiramente disruptivas e europeias”. “Inicialmente existiu uma tendência para falar de candidaturas da cidade A ou B e da exclusividade da arquitetura e construção. A visão da Bauhaus do Mar que partiu de um grupo de autores interdisciplinares e com uma forte vocação cultural foi importante para precisamente pensar fora da caixa e propor uma ideia inovadora da Bauhaus do Mar que está a ganhar muita tração e visibilidade internacionais”, denota.

Conferência da Bauhaus do Mar – primeiro evento de co-criação da Bauhaus do Mar

Os Parceiros do NEB atuam como promotores dos debates e das ideias desenvolvidas através do movimento. A primeira iniciativa, promovida pelo Técnico e outros parceiros, neste sentido será a 1.ª Conferência da Bauhaus do Mar, que decorrerá no próximo dia 20 de maio, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT).

O professor Nuno Jardim Nunes deseja “que esta conferência seja um palco para um debate descomplexado e agregador em torno da nossa relação com o Mar e das potencialidades de evitarmos repetir os erros do passado e mobilizar uma nova estética para o desenvolvimento sustentável”.  “Isso significa abrir-nos a uma rede de parceiros que tenha competências complementares ao Técnico e também problemas comuns. Por exemplo, o Turismo e a resiliência climática em Lisboa e em Veneza as duas cidades farol da Bauhaus do Mar. Mas também, a economia circular em cidades costeiras, ou o desafio da mobilidade sustentável, ou da regeneração dos ecossistemas costeiros”, enumera. “Portugal tem ainda um grande património marítimo e várias ilhas que representam um ecossistema único que é a Macaronésia do qual fazem parte os arquipélagos dos Açores e da Madeira, mas também Canárias e Cabo Verde”, adiciona, ainda, o presidente do ITI.

Ainda que Lisboa seja a cidade farol deste movimento, era importante, tal como realça o professor Nuno Jardim Nunes, que “conseguíssemos construir um verdadeiro movimento que envolva mais cidades e não só costeiras porque muitos dos problemas são transversais”.

Lembrando que “o Mar e a estética do mar em Portugal têm um peso histórico e cultural muito grande e que muitas vezes nos condiciona face à carga política do período colonial e da ditadura que usou o mar (e o ultramar) como imagem do imperialismo Português”, o docente do Técnico reforça que está na hora de superar isso e construir futuro. “Temos que ultrapassar este complexo histórico da nossa relação com o Mar” para que este “se possa tornar verdadeiramente num desígnio estratégico para o país e num ativo para a firmação de Portugal no contexto Europeu e internacional”, colmata o docente.