O futuro da mobilidade passa pelos carros autónomos e já são poucos os que têm dúvidas disso. A automação dos automóveis promete mudar o paradigma de mobilidade das cidades, a forma como viajamos e trabalhamos, tendo um impacto profundo nas nossas vidas, alterando indústrias e até criando novas formas de negócio. Reduzir o número de acidentes, proteger o ambiente e melhorar a acessibilidade são apenas alguns dos benefícios apontados aos novos veículos. Neste momento, debatem-se, um pouco por todo o mundo, os custos e benefícios da adoção destes veículos, e os governos também já estão a trabalhar na legislação que suportará os mesmos. Cientes de que é preciso envolver os cidadãos neste debate, a empresa francesa Missions Publiques, com o apoio da Comissão Europeia, concebeu e está a coordenar um projeto de auscultação dos cidadãos em várias cidades do mundo sobre a entrada dos veículos autónomos na cadeia de mobilidade. A professora Rosário Macário, docente do Técnico e presidente da recém-criada associação IASA (Institute for Advanced Studies and Awarenes) está envolvida na organização dos dois debates que se irão realizar em Lisboa e Cascais, no dia 21 e 30 de novembro respetivamente.
“Amanhã, as nossas vidas com veículos autónomos” é o título e simultaneamente o mote destes debates que já se realizaram em 25 cidades da Europa, América do Norte e Ásia antes da chegada a Portugal, contando com a participação de muitas centenas de cidadãos. “Em Portugal esperamos ter idêntica adesão”, refere a docente do Técnico. “O objetivo destes debates é identificar qual a perceção que os cidadãos têm sobre os veículos autónomos e perceber a recetividade aos mesmos”, explica, de seguida, a professora Rosário Macário. “O objetivo último é fornecer aos decisores políticos um conhecimento mais profundo que lhes permita conceber de forma mais adequada as políticas e medidas relacionadas com a introdução dos veículos autónomos”, salienta ainda a presidente do IASA.
Nestes debates serão discutidos os impactos da introdução dos veículos autónomos nas nossas cidades e nas nossas vidas, num horizonte previsto de 10 anos. Cada um deles estender-se-á ao longo de todo o dia, sendo colocadas aos participantes um conjunto de seis perguntas previamente estabelecidas pela organização. Serão abordados tópicos como a utilização que deve ser dada a estes veículos, a confiança dos cidadãos nos mesmos, o impacto dos carros autónomos no congestionamento das cidades ou os custos associados aos mesmos. Uma das perguntas colocadas terá âmbito local e diretamente relacionada com a cidade onde se realiza o debate. Afinal, apesar de esta parecer uma realidade distante para muitos, os veículos autónomos são já uma realidade em cidades portuguesas como Viseu e Cascais. A professora Rosário Macário considera a extensão às outras cidades “inevitável”.
No dia 8 de dezembro, em Bruxelas, decorrerá uma conferência final onde serão apresentadas as conclusões finais das sessões realizadas em cada um dos países.