Campus e Comunidade

Projeto de alumnus do Técnico alia-se à proteção de animais em vias de extinção

A futah, uma marca portuguesa que tem na sua génese um antigo aluno do Técnico, lançou uma nova coleção inspirada em animais que estão em vias de extinção em Portugal. O projeto resulta de uma parceria com a organização não governamental World Wide Fund for Nature (WWF)  e a Associação Natureza Portugal (ANP).  Dez por cento das vendas irão reverter para ajudar na conservação da cegonha-negra, do lince ibérico, cavalo-marinho e camaleão do Algarve, quatro espécies que se encontram ameaçadas em Portugal e que inspiraram a coleção 2020 da marca.

“Lembro-me de ser pequeno e pedir uns calções da marca Billabong, com pandas desenhados, porque eram o símbolo da WWF e aqueles calções ajudavam à proteção dos animais. Sempre gostei muito de animais e já queria que a futah tivesse um papel ativo na sociedade há algum tempo”, releva Ricardo Ramos, antigo aluno do Técnico e um dos co-criadores da marca. Ao desejo juntou-se rapidamente a convicção do antigo aluno de que “tínhamos de transmitir uma mensagem que marcasse realmente as pessoas”. “Ao preparar a coleção 2020, chegámos à conclusão que a futah ia ter uma coleção inspirada nos animais. Depois, em outubro 2019, encontrei a ANP | WWF, associação que representa a WWF em Portugal, e conseguimos uma reunião”, recorda Ricardo Ramos.

Da parte da ANP a recetividade foi imediata, até porque, como partilha o antigo aluno do Técnico, “eles já conheciam e gostavam da nossa marca, o que facilitou e acabou por ser natural avançar com a colaboração”.  A equipa decidiu que faria todo o sentido escolher quatro animais ameaçados em Portugal e criar uma coleção inspirada nas cores desses animais. “Para isso precisávamos que eles tivessem todos habitats, aspetos e cores diferentes”, refere o antigo aluno.

Além desta campanha, há uma aliança desta marca à sustentabilidade “desde o primeiro dia”, como destaca Ricardo Ramos. “Este ano estamos a utilizar a palavra “REUSE” em muitos dos nossos materiais: tentamos fazer o menor lixo possível, vendemos todos os nossos produtos num saco de algodão reutilizável e incentivamos as pessoas a aproveitar a etiqueta de papel como marcador de livros”, evidencia o alumnus.  Para além disso, a futah tem uma gama de toalhas em algodão orgânico e as novas t-shirts, feitas no Norte de Portugal, são todas 100% algodão orgânico também.

A ideia de criar a futah nasce em 2012, quando Ricardo Ramos tinha vinte anos e ainda frequentava o Técnico, na altura como aluno de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Mais tarde o antigo aluno haveria de se mudar para Engenharia e Gestão Industrial,  já tendo em mente as funções que hoje assume neste projeto.  “Na verdade, desde pequeno que tenho um certo fascínio por marcas e que sonhava muito em criar uma”, recorda o fundador o jovem empreendedor. Depois de algumas tentativas de negócio a solo, o alumnus e as suas duas primas, começaram a reparar que não se dava a devida importância às toalhas de praia. “Era um acessório menosprezado pela maioria das pessoas, que usavam a mesma toalha de praia há 50 anos, toalhas que provavelmente passavam de geração em geração, ou que tinham saído como brinde de revista, ou de protetores solares”, declara o empreendedor.

A ideia dos três jovens acabaria por ganhar forma numa viagem de família ao norte de África, onde na Medina de Tunis, na Tunísia, se depararam “com um tipo de toalha árabe mais leve que as toalhas normais e com um aspeto diferente daquilo a que estávamos habituados”, lembra Ricardo Ramos. Este tipo de toalhas são designados pelos árabes como “fouta”, e o termo viria mais tarde a inspirar o nome da marca.“Em 2012, fizemos um primeiro teste e, com excesso de bagagem no avião, trouxemos algumas na mala. Criámos a nossa marca, bordámos o logótipo criado nas toalhas, tirámos fotografias e concebemos um site e uma página de Facebook”, recorda o alumnus.

A vontade de se diferenciarem está presente desde o princípio. Para isso Ricardo Ramos usa um pouco da aprendizagem que levou da escola que o formou. “Uma das aulas mais marcantes que tive no Técnico foi com a Professora Ana Costa, em Marketing”, começa por contar. “ A professora estava a explicar-nos a diferença entre estratégias de ‘Oceano Vermelho’ e ‘Oceano Azul’, e fiquei a perceber que uma marca pode escolher entre: competir num mercado existente, explorar a procura que já existe e tentar vencer a competição,  ou ocupar um espaço incontestável no mercado, criar procura de novas pessoas e tornar a competição irrelevante”, partilha o alumnus.  A segunda opção sempre pareceu mais interessante a  Ricardo Ramos “e acho que é por aí que a futah deve continuar a crescer”. “A qualidade é a base de tudo e é a nossa primeira preocupação quando desenvolvemos um novo produto”, vinca ainda.

Uma das metas que estes jovens empreendedores se autopropõem a atingir é a de conquistar novos mercados e também crescer naqueles em que estão presentes. “Nos últimos tempos, temos prosseguido com a nossa estratégia de internacionalização, aumentado o nosso número de revendedores fora de Portugal e o nosso site tem colocado a futah nas mãos de pessoas de todo o Mundo: Estados Unidos, Alemanha e Espanha são os países estrangeiros que mais nos visitam”, frisa Ricardo Ramos. Por outro lado, a equipa tem-se permitido a explorar novos mercados, e hoje em dia já não são apenas uma marca de toalhas de praia. “Propomos a toalha futah como um objeto de decoração, desenvolvemos outros acessórios de praia como sacos e bolsas, e entrámos no vestuário com t-shirts”, realça o alumnus. “Este caminho da criação de novos produtos é muito importante para nos tornarmos uma marca global, como pretendemos”, acrescenta.

Assumindo a satisfação com esta campanha da WWF, Ricardo Ramos espera que a marca continue “a seguir este caminho de responsabilidade”. “Queremos continuar a inovar. Queremos manter-nos no ‘Oceano Azul’, agarrar as pessoas e surpreende-las. Queremos continuar a criar novos produtos, fazer da futah uma marca para o ano inteiro e para o mundo inteiro”, adiciona ainda o antigo aluno sobre os planos para o futuro.