Campus e Comunidade

Ferrovia, habitação e empregabilidade – a construção do futuro nas Jornadas de Engenharia Civil do Técnico

Organizado pelo Fórum Civil (composto por estudantes do Técnico), evento decorreu de 24 a 28 de fevereiro e incluiu visitas a obras em diferentes pontos da região.

O Palácio do Conde-Barão de Alvito é um edifício de arquitetura chã, construído em finais do século XVI e alvo de sucessivos restauros. Abandonado pelos Barões de Alvito na sequência do terramoto de 1755, passou por diversas mãos e desempenhou várias funções, chegando até a ser um estabelecimento de ensino durante os séculos XIX e XX. Volvidas dezenas de anos, tornou a ser percorrido por estudantes, desta vez do Instituto Superior Técnico, que, a 26 de fevereiro, visitaram as obras em curso para o seu reaproveitamento enquanto hotel.

Foram as Jornadas de Civil que ofereceram a oportunidade para a visita. Organizadas pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil do Técnico (Fórum Civil) e inseridas nas Semanas das Carreiras, as Jornadas incluíram esta e muitas outras excursões a vários locais de obra na região de Lisboa, a par de palestras que abordaram assuntos como planos de expansão da ferrovia (incluindo a modalidade de alta velocidade), a sustentabilidade em projetos de habitação e a escassez de mão de obra qualificada no setor na perspetiva de um empregador.

De volta aos números 43 a 47A do Largo do Conde Barão, a comitiva de estudantes do Técnico era conduzida pelo arquiteto Luís António e o gestor de projeto Francisco Garcia, ambos alumni do Técnico. À sombra de uma grua instalada no centro do estaleiro, Marta Ferreira fazia um elogio da oportunidade que conseguiu através das Jornadas. Para a aluna do Mestrado em Engenharia Civil, visitas como esta são “uma parte prática daquilo que se encontra no curso; estar aqui envolvidos com o diretor de obra e outros encarregados dá uma noção mais real às coisas”. Tendo já frequentado várias edições das Jornadas, comenta que estas “abordam temas interessantes” como “quais são as características que importam no mundo das empresas e do trabalho”.

Projetado para ter 6130 metros quadrados de área e oferecer 88 unidades de alojamento, o edifício contava com cerca de 50 pessoas envolvidas na fase da obra que os estudantes do Técnico encontraram. Os aromas de cimento fresco, gasolina, tintas e fuligem misturavam-se na área, sob o rugido de um gerador que ecoava pelas paredes centenárias. Enquanto os estudantes escalavam um andaime que dava acesso aos pisos superiores, Francisco Garcia deixou-se ficar para trás para partilhar a experiência que teve quando era aluno do Técnico. “Acima de tudo, deram-me muitas ferramentas para pensar e a capacidade de resolver problemas e de me desenrascar”, recordou o gestor do projeto, interrompendo-se para deixar assentar o ruído de um jato de betão que caía em cascata de um depósito suspenso.

O alumnus deixou também uma recomendação para os atuais estudantes – “tenham calma”, sorriu.  “Neste momento há muita procura; a construção civil é uma indústria muito grande, tem projetistas, tem promotores, tem gestores de projeto, tem empreiteiros, pessoas que se concentram na produção, pessoas que se concentram na sustentabilidade… é um mundo muito grande e há muita oportunidade”, assegurou.

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