“Considerar tudo, em todo o lado, ao mesmo tempo” é difícil e, por isso, Ricardo Teixeira, investigador do Instituto Superior Técnico, foca-se nas alterações climáticas. Tendo em conta as mesmas, será possível comer “carne sem culpa”? Durante palestra integrada nas Jornadas de Engenharia de Ambiente, a 28 de fevereiro, o orador não deu respostas definitivas. Fez perguntas. E a primeira foi igual à última: “Podemos incluir carne em dietas sustentáveis?”.
A emissão de gases na exploração agrícola, a alimentação dos animais, a desflorestação a que poderão obrigar são alguns dos fatores a ter em conta. Um animal ruminante como a vaca não impacta o clima da mesma forma que uma galinha.
Os números apresentados pelo investigador não se restringem à carne. O queijo, o chocolate e o café são os alimentos que mais contribuem para as alterações climáticas.
A forma como os animais são produzidos “importa”, já que os mesmos “colocam os sistemas a funcionar” passando-se “de biomassa a material que podemos consumir”. Os animais “usam terras marginais – que não podem ser usadas em agricultura rentável – valorizam-nas”. Por outro lado, “sistemas produtivos [à base de pastagem] retiram carbono da atmosfera e depositam-no no solo”, num fenómeno designado por “sequestro de carbono” por parte das plantas para pastoreio. “É suficiente para compensar os contras? É capaz de compensar a maioria das emissões”. “Sistemas extensivos poderão ser no mínimo neutros”. Porém, “os níveis atuais de consumo de carne não são exequíveis”.
Sobre uma alimentação vegetariana, Ricardo Teixeira esclareceu que não é possível praticar agricultura em modo biológico em quantidades suficientes, uma vez que “não se usam agroquímicos e não temos azoto suficiente” para tal.
As Jornadas de Engenharia do Ambiente envolveram a participação de “todos os estudantes do Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente” com a organização a trabalhar no projeto desde agosto, explicaram Sara Brandão e Catarina Gonçalves, Tesoureira e Vice-Presidente, desta edição. Ao longo de dois dias passaram pelo evento 16 palestrantes e a feira contou com a participação de 10 organizações entre Organizações Não Governamentais (ONG) e empresas.