Campus e Comunidade

Observatório do Alojamento Estudantil conta com rubrica de alumni do Técnico

A plataforma que já está a ajudar os estudantes a procurar quarto foi desenvolvida pela Alfredo AI, uma startup de inteligência artificial e big data criada há dois anos por quatro antigos alunos do Instituto Superior Técnico.

A procura de alojamento é sempre uma tarefa árdua para os estudantes deslocados e para as suas famílias. O Observatório do Alojamento Estudantil vem atenuar a dificuldade e morosidade, e conferir alguma transparência a todo este processo- numa perspetiva de regulação informal que decorre exatamente da utilização  da plataforma-  apoiando os alunos na procura de alojamento. Por detrás desta útil ferramenta estão os conhecimentos e uma experiência que vem sendo consolidada nesta área ao longo dos últimos dois anos pelos fundadores da Alfredo AI e antigos alunos do Técnico, Guilherme Farinha, Mário Gamas, João Januário e Gonçalo Abreu.

O repto para a criação do Observatório do Alojamento Estudantil foi lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e rapidamente se percebeu que a experiência na análise deste tipo de dados e a capacidade tecnológica da Alfredo AI seriam uma ajuda preciosa na criação da plataforma.  “Foi há pouco tempo que deixamos de ser alunos do Instituto Superior Técnico e como tal, percebemos o problema e como podemos ajudar. Interessam-nos projetos que tenham um impacto social positivo e vimos no observatório uma excelente oportunidade”, explica Gonçalo Abreu, antigo aluno do Técnico e CEO da startup. Além da startup, colaboram ativamente neste projeto diferentes intervenientes do mundo académico, designadamente Associações de Estudantes e Serviços de Ação Social das Universidades e Instituto Politécnicos.

No observatório a pesquisa é feita por cidade, sendo apresentado um mapa das zonas com indicação dos valores e o número de alojamentos disponíveis, mas também o preço médio de aluguer e gráficos com a evolução dos preços ao longo do tempo. São monitorizados cerca de 150 mil anúncios mensalmente, e a análise da oferta privada de alojamento é feita através da recolha de fontes públicas de informação, tais como portais imobiliários e de agências do setor, num total de mais de 20 plataformas distintas. O tratamento da informação baseia-se na recolha, diária, da oferta de alojamento privado, que se traduz em cerca de 14 000 quartos, distribuídos por 163 concelhos e 452 freguesias. Está também representada na plataforma a oferta  da rede de residências públicas de estudantes, que engloba mais de 15 mil camas.

Basta navegarmos alguns minutos na plataforma para percebermos o quanto é intuitiva e completa. “Para nós, era essencial que a plataforma respondesse o melhor possível às necessidades dos vários intervenientes do mercado, sejam alunos do ensino superior ou as próprias instituições de ensino”, vinca João Januário.  Recordando que a plataforma surge da “colaboração e feedback de diferentes intervenientes no mundo académico”, João Januário afirma que tendo em vista uma resposta cada vez mais otimizada do observatório às necessidades do mercado a equipa vai  “continuar a recolher feedback e a incorporá-lo em novos desenvolvimentos”.

Mário Gamas, outro dos engenheiros desta plataforma, refere ainda que “do ponto de vista técnico, assumimos com prioridade garantir a qualidade da informação disponibilizada assim como a sua atualização em tempo real com um nível de detalhe superior ao da freguesia”. “Esta é uma ferramenta,  como, aliás,  é regra na Alfredo, que foi desenvolvida de raiz, sendo esta a única forma de garantir a flexibilidade necessária para ir de encontro aos requisitos de todos os intervenientes envolvidos”, garante, deseguida, o alumnus.

Além de dar resposta a uma necessidade latente dos nossos jovens, o “Observatório do Alojamento Estudantil é uma plataforma única a nível Europeu”, tal como aponta Guilherme Farinha. “Não existe outra ferramenta de apoio estatístico ao alojamento estudantil. Em Portugal, tínhamos conhecimento de algumas iniciativas locais, de certas instituições de ensino superior que endereçaram o problema do alojamento através da construção de plataformas próprias para anúncio de quartos”, sublinha ainda o alumnus. Não pretendendo rivalizar com as plataformas de listagem de imóveis, esta plataforma tem como objetivo central “fazer a análise estatística desses valores, trazendo transparência ao mercado imobiliário ao nível nacional e servindo de complemento às iniciativas locais que têm surgido”, vinca Guilherme Farinha.

Mário Gamas vai mais longe no destaque das caraterísticas diferenciadoras da ferramenta: “o grau de detalhe desta plataforma vai ao nível das secções estatísticas, delineadas aquando dos censos de 2011 e atualizadas por nós para as novas freguesias, o que permite uma visão detalhada e atualizada em tempo real”.  “De igual forma, a arquitetura desta plataforma  é flexível ao ponto de conseguir calcular novas métricas baseadas na base de dados da Alfredo e/ou integrar de forma simples qualquer indicador de fontes oficiais como o INE ou o PORDATA”, sublinha o alumnus.

Toda a tecnologia do Observatório é assente em Machine Learning,  Inteligência Artificial e Big Data, e  nos conhecimentos que os antigos alunos trouxeram do Técnico, como os mesmos fazem questão de reiterar. “Consideramos que foram vitais todos os ensinamentos e destreza adquirida durante a nossa formação no IST, dado o posicionamento mundial relevante na área de Machine Learning e Inteligência Artificial que esta faculdade tem, assim como a sua abertura para nos continuar a receber ainda nos dias de hoje para dar orientação e esclarecimento de dúvidas”, frisa Mário Gamas.

Depois de salientar a importância que o envolvimento neste projeto teve para a equipa, João Januário partilha o desejo comum a todos os fundadores da Alfredo AI de que a plataforma consiga “ajudar muitos alunos no momento de decidir a escolha de habitação. “Desde o início do projeto que a nossa missão se foca em trazer transparência ao mercado imobiliário e esta iniciativa está alinhada com esse objetivo”, declara ainda o antigo aluno do Técnico.

Lembrando que ao longo dos últimos anos, a startup montou um conjunto de soluções tecnológicas que são facilmente transferíveis de um domínio para o outro, Guilherme Farinha remata afirmando que “esta plataforma chega como um reforço de todo o esforço que tem sido feito com a mediação imobiliária e instituições financeiras, reforçando a posição da Alfredo AI como uma referência na análise de dados de mercado imobiliário”.