O abutre-do-Egito é capaz de usar pequenas rochas para partir ovos, largando-as em cima deles para depois se alimentar. Esta e outras espécies de aves que podem ser encontradas em Portugal – como o grifo e o abutre preto – enfrentam ameaças à sua sobrevivência na forma de linhas de abastecimento elétrico que pautam os seus habitats.
Foi com este mote que teve início uma palestra conduzida por Inês Pereira, membro da organização ambientalista Quercus. Esta foi uma das atividades das XV Jornadas de Engenharia do Ambiente, um conjunto de iniciativas levadas a cabo pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente. Entre 14 e 16 de fevereiro, a comunidade do Técnico pôde contactar com as várias vertentes, empresas, saídas profissionais e informações ligadas à área da Engenharia do Ambiente, através de um calendário de eventos organizados por estes estudantes da Escola.
De regresso à relação delicada entre as aves e a rede energética do país, Inês Pereira deu alguns exemplos de medidas para a mitigação das mortes destes animais por eletrocussão, como espirais que tornam as linhas mais visíveis e dispositivos que impedem que as aves ali pousem. Para além deste tipo de esforços, discutiu-se também a forma como os engenheiros ambientais estudam a implementação de novos troços de rede, tendo em conta os habitats das espécies presentes na região.
Se numa manhã das Jornadas de Engenharia de Ambiental se falava de aves, noutra discutia-se sobre aviões – mais concretamente, refletia-se sobre considerações logísticas e ambientais em torno da construção de um novo aeroporto. Rosário Partidário, professora do Técnico e coordenadora-geral da Comissão Técnica Independente para o novo aeroporto de Lisboa, conduziu uma apresentação onde refletiu sobre benefícios e impactos da criação de uma nova infraestrutura desta natureza. A docente foi inequívoca – “não há nenhum investimento de grande infraestrutura sem impactos ambientais”. Para si, e face ao aumento de procura que o aeroporto da Portela tem enfrentado nos últimos anos, o essencial está em reconhecer a complexidade do problema e, acima de tudo, quando tomada uma decisão, o comprometimento à execução de medidas concretas.
Do alto das nuvens, desceu-se até às caves do Pavilhão de Civil, onde decorreu uma Pitch Room – um conjunto de breves conversas entre os estudantes e representantes de empresas ligadas ao setor ambiental. O objetivo da atividade consistiu em que, após uma breve apresentação, os estudantes fossem avaliados pelos representantes das empresas quanto à sua eficácia comunicativa, ficando também a conhecer as áreas de atuação destas organizações.
Numa pausa entre sessões, Iara Serbaneci comentou que “é muito importante treinar esta componente [de desempenho na entrevista de emprego]”. A estudante do Mestrado de Engenharia do Ambiente considera que este “é um evento muito importante para perceber o que se pode fazer depois de terminar o curso”, para “entender o papel dos alunos e as suas oportunidades fora do Técnico” e para “começar já a fazer networking”. Francisco Santos, que concluiu recentemente o seu Mestrado em Engenharia do Ambiente, concorda com estas perspetivas. “Estou à procura de trabalho e o Pitch Room pareceu-me uma iniciativa muito boa”, contou. Na opinião do recém-graduado, “mais do que uma atividade para estudantes universitários, este tipo de eventos “é algo interessante para quem procura inserir-se no mercado de trabalho”.