Ciência e Tecnologia

Diretor do Austrian Space Forum traz Marte ao Técnico

Investigador da área da exploração e astrobiologia de Marte vistou o Técnico a convite do Instituto de Sistemas e Robótica.

O auditório Abreu Faro, localizado no campus na Alameda no Técnico, é o local perfeito para mostrar a distância da Terra à Lua, uma vez que essa distância é proporcional à que separa uma ponta e outra do palco. Esta foi uma das primeiras ideias que o convidado, Dr. Gernot Grömer, diretor do Austrian Space Forum (OeWF) e professor e investigador no ramo da exploração e astrobiologia de Marte, partilhou com a audiência, na passada terça-feira, dia 21 de fevereiro, que usou a sua “terça-feira de Carnaval” para aprender mais sobre exploração espacial.

A convite do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-Lisboa), explicou que a atmosfera em Marte estava num ponto médio de não ser demasiado agressiva, mas também de não ser muito útil. É por isso que precisamos muito da ajuda de robots autónomos, tais como o “Perserverance”, que aterrou por sorte mesmo num antigo oceano em Marte. “Temos muito boas razões para pensar que havia muita água em Marte e que há permafrost neste planeta. Portanto, se se quiser fazer cerveja em Marte, a água já lá está”, brincou.

O investigador mostrou ainda muitas imagens da experiência de campo com elementos simulados de uma expedição a Marte, que teve lugar em outubro de 2021, no Deserto de Negev (Israel), com investigadores da OeWF e parceiros de mais de vinte países, incluindo o Instituto Superior Técnico. O lema da equipa para estas missões parece ser “falhar rapidamente, falhar barato ter uma curva de aprendizagem profunda”. As missões simuladas são essenciais para que os humanos estejam preparados quando chegam a Marte, o que Gernot Grömer acredita ser apenas uma questão de tempo e extremamente lucrativo para a sociedade. “Dentro de duas ou três gerações de pessoas que permanecem em Marte, vamos ver mais patentes do que qualquer outro tempo na Terra”, explicou. 

Estas missões envolvem desafios científicos complexos, como o atraso de 10 minutos que se teria com uma missão de controlo na Terra, que inclui a leitura de sinais vitais por médicos. Outro desafio é o da electricidade estática, que é muito elevada, o que significa que os fatos espaciais têm de ser quase como gaiolas de Faraday. Isto significa que astronautas como João Lousada precisam de treino para o “donning“, ou vestir um fato, o que leva cerca de três horas a fazer.  As próximas experiências terão lugar em março e contarão com equipas ainda maiores de Portugal e do Técnico.

Depois de citar Saint-Exupéry com “se quiseres construir um navio não uses apenas madeira, mas faz as pessoas ansiarem pelo oceano”, concluiu com “ir a Marte parece muito difícil… demora-se cerca de mil dias só para lá chegar, mas nós já o fizemos antes. Basta pensar nos exploradores portugueses, que tinham muito menos recursos como mapas ou a Internet, e no que conseguiram alcançar”.