“Bem-vindos. Esta é uma conversa informal com o nosso ministro, que também é professor desta casa.” Foi com estas palavras que o presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, recebeu os presentes no Grande Auditório do Centro de Congressos para a primeira “Conversa com Investigadores”, promovida pelo Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, professor Manuel Heitor, que visa garantir o envolvimento da comunidade científica no debate sobre as condições da sua atividade e nas políticas de estímulo ao emprego científico.
Durante duas horas, foram dois os grandes assuntos que docentes, investigadores, bolseiros e outros interessados tiveram a oportunidade de discutir com a tutela: a organização do sistema de financiamento científico, nomeadamente através da criação de laboratórios colaborativos, e o emprego científico e desenvolvimento das carreiras científicas.
Antes ainda de começar a sua intervenção, o Ministro lembrou as quatro prioridades pelas quais se guia a ação política nesta área: reforçar a formação avançada; reforçar a capacidade da investigação científica; reforçar as condições de emprego científico e reforçar a internacionalização. “Temos a necessidade e oportunidade de crescer, dando prioridade às questões do emprego científico”, afirmou Manuel Heitor.
Foram muitas as questões levantadas pela audiência sobre os temas em debate. A criação de novos laboratórios colaborativos, “que promovam a corresponsabilização de outros atores, nomeadamente privados, que permitam aumentar o financiamento da atividade científica” foi um dos temas mais debatidos. “Estes laboratórios não substituem as unidades e os laboratórios associados, mas vamos tentar que complementem o que já existe (…). Queremos dar à atividade científica a capacidade de ir buscar novas formas de financiamento, que neste momento estão inacessíveis”, explicou o Ministro.
Sobre o estímulo à contratação e às medidas de promoção do emprego científico, Manuel Heitor adiantou que o objetivo é que “o vínculo normal de um investigador doutorado seja o contrato de trabalho”, à semelhança do que se passa nos restantes países da Europa. “O que queremos é usar os fundos públicos para fomentar a abertura e reforço dos quadros nas instituições”, afirmou, adiantando que haverá oito mecanismos, incluindo um processo transitório, para assegurar a contratação de investigadores doutorados. “Precisamos de mais investigadores doutorados e precisamos de lhes dar mais condições de trabalho.”
A professora Isabel Ribeiro, vogal do Conselho Diretivo da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) também esteve presente no evento, aproveitando para responder a algumas questões específicas sobre a aplicação prática destas medidas, nomeadamente através dos Programas Operacionais Regionais e dos Programas para contratação de investigadores.
“Conversas com Investigadores” é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que contará com a participação de responsáveis de instituições (Conselho dos Reitores das Universidades Portuguesas, Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado) e partidos políticos, com a meta de estimular um debate aberto e orientado, que garanta a melhoria dos instrumentos institucionais e legais.
“O que se quer, no final, é criar um regime melhor”, resumiu Manuel Heitor.