Na tarde de 27 de maio, o Centro de Congressos acolheu uma IST Distinguished Lecture co-organizada pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) e pelo Departamento de Física do Instituto Superior Técnico. Laureada com o Prémio Nobel de Física no ano passado, Anne L’Huillier dirigiu a um auditório cheio a palestra “The route to attosecond pulses”, traçando a cronologia da investigação na área dos pulsos de luz ultrarrápidos.
Da mesma forma que um violino produz sons com várias frequências diferentes em simultâneo, também um átomo ou molécula excitados podem produzir pulsos de luz muito curtos com frequências bem definidas. O trabalho de Anne L’Huillier centra-se na geração destes pulsos de luz – harmónicos de ordem elevada – e nas aplicações que lhes podem ser dadas. A descoberta destes harmónicos de ordem elevada fez-se no final da década de 80, servindo de marco para o ramo da física atómica e molecular.
Uma das aplicações mais cobiçadas atualmente para estes pulsos está no campo da imagiologia de eletrodinâmica ultrarrápida – por terem a duração na ordem dos attossegundos (1 attossegundo = 0,000.000.000.000.000.001 segundos), estes pulsos de luz poderão vir a permitir acompanhar a dinâmica dos eletrões, “fotografando” os seus movimentos com maior detalhe do que aquilo que é atualmente possível. Com efeito, o trabalho que valeu a Anne L’Huillier, Ferenc Krausz e Pierre Agostini o Nobel de Física de 2023 incluiu o desenvolvimento de métodos experimentais que permitem gerar impulsos de luz com attossegundos de duração, procurando justamente estudar a dinâmica dos eletrões.
Segundo a cientista, as aplicações para estes pulsos não se esgotam aí: anteviu que estes possam vir a ter um papel relevante em áreas como a química de attossegundos, a física de matéria condensada e a espetroscopia atómica. Deixou ainda a hipótese de que poderão vir a abrir portas a novas técnicas para o controlo de chips de transístores, entre outras aplicações industriais.
Finalizando a Distinguished Lecture com uma nota de inspiração para os estudantes e investigadores na assistência, L’Huillier mostrou uma fotografia na qual recebia o Prémio Nobel numa cerimónia com o rei da Suécia – “se estiverem no sítio certo na altura certa, talvez acabem aqui”.