Ciência e Tecnologia

Alumnus do Técnico distinguido com o Victor Lesser Dissertation Award 2018

O galardão foi entregue na conferência internacional de Agentes Autónomos e Sistemas Multiagente, o maior e mais influente evento desta subárea.

Fernando Santos, antigo aluno de doutoramento do Instituto Superior Técnico, e atualmente pós-doutorado na Universidade de Princeton, foi recentemente distinguido com o prémio Victor Lesser Distinguished Dissertation, pela dissertação intitulada “Dinâmicas de Reputações e Auto-organização da Cooperação”, orientada pela professora Ana Paiva, docente do Departamento de Engenharia Informática (DEI) do Técnico, e os professores Francisco C. Santos, também docente do DEI, e Jorge M. Pacheco, docente da Universidade do Minho. “É muito gratificante ver a minha dissertação, que resulta do trabalho de vários anos, ser reconhecida numa conferência e comunidade com um destaque tão considerável a nível internacional”, assinala o antigo aluno do Técnico. “Admiro bastante o trabalho de vencedores anteriores, portanto vencer esta edição do prémio deixa-me bastante honrado”, acrescenta ainda, visivelmente satisfeito com esta vitória.

O prémio atribuído anualmente pela Fundação Internacional de Agentes Autónomos e Sistemas Multiagentes (IFAAMAS) foi entregue no decorrer da Conferência Internacional de Agentes Autónomos e Sistemas Multiagente (AAMAS 2019), a maior e mais influente conferência desta subárea da Inteligência Artificial (IA).  O alumnus do Técnico já estava familiarizado com o evento, tendo participado em várias edições durante o seu doutoramento, e conhecendo por isso mesmo o galardão e alguns dos seus  anteriores vencedores. Foi, porém, o incentivo dos seus orientadores e a crença de que o tema da dissertação se enquadrava perfeitamente no âmbito da conferência que despoletou a candidatura ao mesmo.

Por detrás deste galardão está um interessante e atual trabalho de doutoramento, onde o antigo aluno do Técnico procurou desenvolver novos modelos matemáticos e computacionais para compreender a relação entre reputações, cooperação e sistemas morais. “É um trabalho que combina conceitos de teoria de jogos, sistemas complexos e computação científica”, explica Fernando Santos. Ao longo do seu trabalho, o alumnus do Técnico procurou responder a uma curta mas complexa pergunta: “Como atribuir reputações para que exista cooperação numa sociedade?”. “Concluí que existe um conjunto bastante restrito de formas diferentes de atribuir reputações – ou, se preferimos normas sociais – que permite alcançar níveis elevados de cooperação”, esclarece o alumnus.  De forma a compreender melhor o porquê de algumas dessas normas serem utilizadas em várias sociedades – e quais as mais simples de implementar em agentes artificiais – Fernando Santos propôs também neste trabalho um novo método para quantificar a sua eficiência e nível de complexidade.

A multiplicidade de domínios de aplicação acabou por ditar a escolha do tema  como foco da sua dissertação. “Por um lado, este tipo de modelos computacionais ajuda-nos a compreender dinâmicas sociais e comportamentos humanos. Por outro lado, permite testar novas formas de gerir reputações em plataformas web de forma a melhorar cooperação entre vários utilizadores”, aprofunda o galardoado. A juntar a estas motivações acresce ainda o facto de, em Inteligência Artificial, estes resultados contribuírem para perceber como desenhar sistemas de agentes inteligentes que cooperem entre si de forma autónoma.

Se a IA é para Fernando Santos genuinamente aliciante, os avanços recentes na área, e as sucessivas barreiras que algoritmos inteligentes quebram de dia para dia acabam por torná-la ainda mais cativante. “Pessoalmente, tenho bastante interesse em compreender como desenhar sistemas onde agentes artificiais cooperem de forma autónoma”, partilha.  Igualmente fascinante, para o alumnus, é o facto de que “para trabalhar sobre este assunto é preciso também refletir acerca dos mecanismos usados em sociedades humanas para promover e manter cooperação”.  “Desde sempre, a inteligência artificial é um campo multidisciplinar que, da neurociência à filosofia, coloca várias áreas do saber em diálogo. Isso cativa-me imenso”, evidencia.

Depois do doutoramento e de toda a aprendizagem que a passagem pela investigação do INESC-ID lhe potenciou, Fernando Santos decidiu abraçar um novo desafio na Universidade de Princeton, fazendo o seu pós-doutoramento em terras americanas. “Está a ser uma experiência muito enriquecedora. Trabalhar na Universidade de Princeton oferece a oportunidade de interagir com investigadores de topo mundial nas suas áreas científicas, o que é fantástico”, frisa.  “O ambiente é muito estimulante e, além de novos conhecimentos académicos, sinto que estou a aprender novas formas de trabalhar e comunicar, o que julgo ser bastante positivo”, destaca ainda.

O Victor Lesser Distinguished Dissertation Award premeia em cada edição uma dissertação escrita como parte de um doutoramento, que revele originalidade, profundidade, impacto e qualidade escrita, acompanhado de publicações de elevada qualidade. Como bem demonstra a sua designação, o galardão é uma homenagem ao Professor Victor Lesser -um membro de longa data da comunidade AAMAS que supervisionou um grande número de estudantes de doutoramento e com trabalhos notáveis na área. Por ser um reconhecimento “muito valorizado na comunidade científica onde desenvolve a sua investigação”, Fernando Santos considera que este lhe “poderá abrir várias portas no meu futuro profissional”. Para já ninguém lhe rouba a sensação de felicidade e o orgulho.