Ciência e Tecnologia

Alumnus do Técnico é o Cientista do Ano na Áustria

Aos diversos prémios que tem vindo a conquistar nos últimos anos, Nuno Maulide junta agora a honrosa distinção de "Cientista do Ano" em Viena pelo Clube de Jornalistas de Ciência e Educação austríaco.

O talento, a paixão pelo que faz e o empenho que lhe coloca, a inspiração que suscita e o reconhecimento que o toca fazem de Nuno Maulide um dos ‘craques’ da ciência que o mundo está a descobrir. Formado no Técnico, apaixonado por Química, com vários prémios e distinções em carteira, tem vestido a camisola de prestigiadas instituições de ensino, e é na Áustria que atualmente dá que falar, como o bem demonstra a distinção de Cientista do Ano na Áustria que arrecadou esta semana. “Foi uma surpresa e uma honra receber esta distinção, que para além do meu trabalho como cientista premeia a forma como tenho comunicado a investigação a que o meu grupo se tem dedicado aqui em Viena”, comenta o galardoado.

O “cientista do ano” é eleito pelos cerca de 150 membros da associação, que incluem os principais meios de comunicação social austríacos, sendo a primeira vez que o contemplado é um português e um químico. As felicitações ao alumnus do Técnico não tardaram a chegar, como o próprio partilha: “o Ministro da Ciência austríaco fez questão de telefonar pessoalmente no dia do anúncio a dar os parabéns, e até o Presidente da República austríaco, Alexander van der Bellen, me deu os parabéns com um post especial no Twitter”.

Com apenas 39 anos, Nuno Maulide tem já uma carreira consolidada na docência e investigação. O professor catedrático na Universidade de Viena é um reconhecido especialista em  Química Orgânica, área sobre a qual se debruça o grupo de investigação que lidera.  Além disso , “é um cientista que se dedica de forma muito eficaz e empenhada na divulgação do seu trabalho”, como Eva Stanzl, presidente do Clube de Jornalistas de Ciência e Educação da Áustria o carateriza no comunicado que o anuncia como vencedor. O antigo aluno da Licenciatura em Química prefere transformar o elogio numa demanda da carreira que decidiu escolher: “enquanto cientista, é nosso dever sair das paredes dos nossos institutos e conseguir explicar o que fazemos para que qualquer pessoa possa perceber e, mais ainda, gostar de ouvir e querer saber mais”. “A ciência é fascinante e cabe-nos a nós, investigadores, contagiarmos as pessoas com a nossa paixão e interesse”, refere ainda o galardoado.

Estabelecer pontes com a sociedade em geral para a divulgação científica tem sido, aliás, uma das grandes prioridades do antigo aluno do Técnico desde que chegou a Viena, há 5 anos atrás. “Nesse âmbito, demos 2 palestras para auditórios de mais de 650 crianças; fomos até um parque público de jogos numa zona menos privilegiada da cidade para fazer experiências químicas e interagir com o público – crianças e adultos; temos recebido, no Instituto de Química Orgânica,  grupos de escolas para autênticas “matinées de química”; e quando publicamos artigos de alto impacto, procuramos sempre comunicar aos media o conteúdo do trabalho de forma tão pedagógica quanto nos é possível”, assinala Nuno Maulide. Ciente de que o digital é cada vez mais um aliado de peso tem também cerca de 6 vídeos para divulgação de conceitos simples de química no Youtube realizados em conjunto com uma campanha nacional de promoção da disciplina, com um total de mais de 100.000 visualizações. E nesta enumeração de iniciativas percebesse-lhe bem o gosto pelo que faz e o prazer de o fazer chegar a outros, o mesmo que lhe valeu este prémio.

Apesar de não atribuir demasiada importância a estas distinções, Nuno Maulide não nega que qualquer galardão reforça a vontade de “fazer mais e melhor” – para qualquer cientista, independentemente da idade, resta sempre muito para aprender e descobrir!”. A modéstia volta a imiscuir-se na conversa quando questionamos se todo este mérito o faz considerar-se uma referência: “Qualquer pessoa que saia da sua zona de conforto para crescer profissional- ou pessoalmente é um exemplo para todos nós!”. “Espero sobretudo que os jovens cientistas formados em Portugal mantenham a noção de que a formação que receberam nas suas Universidades é de muita qualidade e não fica aquém da que se pode encontrar lá fora”, frisa posteriormente.

O prémio “cientista do ano”, atribuído há 25 anos pelo Clube de Jornalistas Científicos austríacos, homenageia os investigadores que deram uma contribuição especial à divulgação do seu trabalho e que trabalhem na Áustria, “contribuindo para o aumento da cultura científica dos cidadãos”, como se pode, aliás, ler no comunicado sobre o mesmo.