Campus e Comunidade

A ULisboa como trilho e o conhecimento como a única porta para o futuro

Na abertura do ano académico, que juntou alunos, professores, investigadores e funcionários da Universidade de Lisboa, assim como várias personalidades de relevo nacional foram vários os reptos lançados aos novos alunos.

O momento queria-se arrojado, intenso, memorável, repleto de mensagens fortes com impacto nos novos estudantes da Universidade de Lisboa (ULisboa). E foi isso mesmo a que foi possível assistir em mais uma cerimónia de abertura do ano académico esta quarta-feira, 18 de setembro. Foram várias as individualidades nacionais que marcaram presença para assinalar o início de uma jornada inesquecível para a nova vaga de estudantes que acaba de entrar na ULisboa. A dominar na audiência da Aula Magna e a aplaudir efusivamente cada intervenção estavam alunos, funcionários, professores e investigadores das 18 escolas da ULisboa. Afinal e como era lembrado na exibição de um vídeo dirigido aos novos alunos: “Vai, vive tudo ao máximo, viveremos tudo contigo, lado a lado. Nós somos a tua casa”. E nesta casa mora muita gente e a celebração é sempre de todos.

O aluno e membro do conselho geral, José Rodrigues, foi o primeiro a intervir. Num discurso de aluno para aluno(s), lembrou as suas expectativas quando entrou e que, entretanto, se tornaram convicções, tecendo largos elogios “à maior academia do país” que definiu como um “espaço plural, diverso e aberto de Lisboa para o mundo”. “Passados quatro anos desde que pisei pela primeira vez esta sala, estou convicto, mais do que nunca, de que continuaremos a estar na vanguarda do ensino e da inovação”, afirmou. Recordando o legado que a história e as icónicas personalidades que passaram pela universidade e que agora os novos alunos recebem, José Rodrigues soltava com toda a convicção: “Como muitos no passado, hoje somos nós a força motriz da nossa academia; quem questiona, reflete, procura, cria e faz avançar a nossa universidade”. Não esquecendo os desafios que se impõem às gerações de hoje e salientando o papel que o conhecimento adquirido na universidade terá nessas lutas e em outras que hoje se desconhecem, o estudante apelava a ousadia, irreverência e coragem necessárias nestas batalhas. Por fim, o aluno surpreendia o professor Arlindo Oliveira com uma lembrança em nome de todos os estudantes da ULisboa.

O papel da ação social na “democratização do acesso ao ensino superior” foi o foco da alocução de Zélia Abegão, funcionária dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa. Salientando a evolução que a ação social tem sofrido e o seu peso na vida de tantos estudantes, a funcionária elogiava a postura da equipa reitoral da universidade neste domínio,evidenciando o impacto e as mais-valias dos apoios indiretos fornecidos pela instituição. “Não sabemos que novos desafios nos trará o futuro, mas sabemos que é importante reforçar a ação social na ULisboa, para fazer dela uma melhor universidade, uma universidade que atrai os melhores alunos e lhes proporciona as melhores condições de estudo, aprendizagem e desenvolvimento no sentido de restituírem a posteriori esse investimento à sociedade”.

O discurso do professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, foi feito de passado e futuro.  Recusando-se a camuflar as adversidades que enfrentou ao longo de mais de 8 anos enquanto presidente do Técnico – estando na reta final do seu último mandato – o professor Arlindo Oliveira apontava as reduções do orçamento de estado para o ensino superior como uma das maiores dificuldades enfrentadas. “A gestão de uma faculdade pública é talvez das tarefas de gestão públicas mais ingratas, com mais responsabilidade pessoal, legal e financeira e menos reconhecimento.  A razão pela qual assumimos esta responsabilidade é por amor à camisola e às nossas instituições”, reiterou. Ainda que com algumas dificuldades pelo caminho “os resultados notáveis foram sendo alcançados” e o professor Arlindo fez questão de o evidenciar: “com uma fração do orçamento dos nossos concorrentes, conseguimos colocar as nossas escolas entre as mais competitivas da Europa”.

A excelência – dos professores, alunos e funcionários – com que teve o “prazer” de se cruzar ao longo deste percurso também não foi esquecida no decorrer da sua intervenção, mas foi no papel que o conhecimento, a Ciência e a Tecnologia têm e terão no futuro que o presidente do Técnico mais se demorou. “Praticamente todos os avanços dependeram do conhecimento, da Ciência e da Tecnologia conduzindo ao progresso que todos passamos a esperar”. Abordando alguns dos problemas que pautam a atualidade e comprometem o amanhã, o presidente do Técnico apontava a única solução: “mais e melhor Ciência, mais e melhor Tecnologia, mais e melhor Engenharia”. Ainda que com a devida incerteza que o futuro nos impõe, o professor Arlindo Oliveira vincava: “o alcance da filiação humana é infinito e são a Ciência, a Tecnologia e o conhecimento que nos abrirão as portas para o infinito”. A audiência irrompeu em aplausos, assumindo ter percebido a mensagem.

“Depois destes discursos quase que não era preciso falar o reitor”, brincava o professor António Cruz Serra, reitor da ULisboa. A verdade é que o discurso do líder da universidade serviria para colmatar o que já havia sido dito, transmitindo claro as importantes palavras e boas-vindas aos novos alunos. Tocando em assuntos que estão na ordem do dia, como o crescente protagonismo do mundo digital, as “fake news” ou o aquecimento global, e sublinhado os desafios que os mesmos trazem à Universidade, o reitor lembrava a importância de a ULisboa continuar a ser um espaço onde se privilegia e dissemina cultura. “Quando estas tecnologias se tornarem obsoletas continuaremos a ler Camões e Pessoa e a ouvir Lopes Graça e Mozart com o mesmo fascínio com que o fazemos hoje”, disse. Evocando a necessidade de “pensar diferente e ter a coragem de agir na direção certa” para fazer face a muitas das mudanças que se aproximam, o professor António Cruz Serra veiculava também a ideia de que as competências do amanhã “têm que mudar drasticamente”.

Com a habitual postura crítica ao governo e aos cortes orçamentais a que as universidades são sujeitas, o magnífico reitor não se coibiu de deixar alguns conselhos para o novo programa de governo. A propósito dos rankings, o docente partilhou também algumas palavras, sobretudo de agradecimento a quem contribuiu para o ótimo posicionamento da ULisboa.  “A partir da nossa cidade de Lisboa vemos cada vez mais mundo e assumimos a vontade de alargar horizontes na formação, nas parcerias institucionais, no acolhimento de estudantes internacionais, na mobilidade de docentes e estudantes, nos projetos científicos”, salientava. Para o fim, o professor António cruz Serra deixou o repto aos novos alunos de se aliarem à instituição na prossecução do seu propósito: “Contamos com a vossa inteligência, ambição e energia para nos fazer crescer como Universidade”.

Galeria de fotografias do evento.