O antigo aluno do Técnico, Luís Rita, foi recentemente distinguido como um dos 40 maiores jovens talentos do mundo com menos de 25 anos. O “Top Talents Under 25” arrecadado pelo alumnus do Técnico, é um prémio para jovens de todas as nacionalidades, e além de reconhecer a carreira de investigação dos concorrentes, também distingue a forma como divulgam o conhecimento. Luís Rita venceu o galardão na categoria digital, uma área onde se tem vindo a evidenciar “traduzindo átomos em bits”, com a concretização de dois projetos inovadores.
Afirmando-se orgulhoso com esta distinção, Luís Rita sublinha que não só acredita “que cada vez mais tenho as ferramentas para melhorar o dia-a-dia de muitos, como me divirto imenso a fazer o que faço”. “O facto de sempre ter procurado a multidisciplinaridade em todos os meus trabalhos, permitiu-me descobrir aos 24 anos aquilo com que quero ocupar o meu tempo no futuro: Ciência de Dados aplicada à saúde humana”, revela.
A seleção de galardoados é feita a nível mundial e de forma minuciosa, dando origem a um grupo que reúne alguns dos jovens mais promissores do mundo em diversas áreas de investigação. Os vencedores destacaram-se “por pensar fora da caixa”, e porque “ousaram desafiar o ‘status quo’ e atreveram-se a melhorar não só as suas vidas como as vidas dos que os rodeiam”.
“Desde sempre que tenho procurado disponibilizar online todos os trabalhos que tenho feito nos últimos anos”, declara o antigo aluno do Técnico. “Se por um lado é verdade que acaba por ser a forma mais eficaz para mim de os preservar, por outro fazê-los chegar ao público é uma garantia de que poderão ser a fundação para versões mais completas e de maior valor dos mesmos”, diz Luís Rita.
Depois do mestrado em Engenharia Biomédica no Técnico, Luís Rita rumou, em outubro de 2019, até ao Imperial College of London onde está a fazer um Master of Research (MRes). Em março deste ano, começou a escrever para a plataforma Medium, na publicação Towards Data Science. Desde então, o alumnus tem vindo a publicar os trabalhos que desenvolveu no Técnico e no Imperial, nomeadamente, os 3 trabalhos principais que estiveram na origem da distinção de Top Talent Under 25: Community Finding with Applications on Phylogenetic Networks, Machine Learning for Building a Food Recomendation System e Using Deep Learning to Identify Cyclists’ Risk Factors in London.
No trabalho Machine Learning for Building a Food Recomendation System, por exemplo, o antigo aluno do Técnico deu corpo ao conceito de que há um número de doenças oncológicas “que podem ser prevenidas apenas com mudanças nos hábitos alimentares”. Ao longo do projeto, Luís Rita desenvolveu uma aplicação (app) que tem como pilar duas grandes bases de dados de receitas de culinária. Através da inserção de uma fotografia do prato que estamos prestes a comer ou a pensar cozinhar, a app deteta os ingredientes da receita, recomendando ingredientes alternativos, e reconhecendo o tipo de culinária a que pertence. Depois desta análise, o utilizador tem acesso à avaliação do prato, informando-o se este se enquadra, ou não, num plano de prevenção ou de tratamento de doença oncológica.
Esta vontade de comunicar o trabalho que faz no decurso das suas investigações nem sempre foi uma prioridade no percurso de Luís Rita. “Inicialmente, a vontade não existia porque não compreendia a sua importância. Quando um amigo me fez perceber da sua importância, tudo mudou”, recorda. “Faço-o agora com mais naturalidade, mas depois de muitas tentativas e erros. Espero que o resultado dos meus projetos tenha o maior alcance possível. Para isso é indispensável a ajuda do maior número de pessoas. Nada poderei esperar se não lhes for dada uma razão para acreditar. Eu acredito. É isso que tento comunicar”, acrescenta.
Sobre a experiência no Imperial College, Luís Rita não encontra um adjetivo para a definir senão como “fantástica”. “Uma das caraterísticas diferenciadoras de um MRes é a sua elevada componente prática. As aulas teóricas são um complemento ao trabalho prático e não o contrário. Acho sinceramente que será este o futuro do ensino”, realça o antigo aluno do Técnico.
Para os próximos 3 anos, Luís Rita já tem planos bem definidos: “estarei a fazer Doutoramento no Imperial College London, sob a supervisão do Professor Kirill Veselkov e Michael Bronstein. O tema do projeto será: Computational health-promoting recipe personalisation and generation using graph deep learning”. Depois de superado esse desafio, não sabe o que se seguirá, mas revela que sempre o “atraiu a ideia de um dia trabalhar para uma tecnológica focada na área da saúde em São Francisco”. “Acredito que o meu futuro poderá passar por lá, após a conclusão deste grau”, adiciona.
De todas as questões que lhe colocamos, aquela que tentava indagar o impacto da formação do Técnico no caminho percorrido e no sucesso alcançado, tornou-se a mais fácil de responder para Luís Rita, como o próprio confessa. “O Técnico contribuiu decisivamente. Não só em termos da formação académica, mas também da capacidade de trabalho que desenvolvi durante os 5 anos de mestrado em Engenharia Biomédica”, frisa. “Estando agora em posição de estabelecer uma comparação entre o tempo que passei no Imperial e Técnico, em termos do ensino, foram ambos de excelência”, garante Luís Rita.