O antigo estudante do Técnico, José Pedro Ferreira, recebeu em junho o Space for Sustainability Award da Agência Espacial Europeia (ESA), na Áustria. A desenvolver investigação na Universidade do Sul da Califórnia (Estados Unidos da América), desde 2022, o investigador português dedica-se ao estudo ambiental da reentrada de satélites na atmosfera. O interesse pela área remonta à sua “primeira experiência profissional” quando teve de pensar no “desenvolvimento de pequenos satélites” e havia o “requisito de retirar o satélite de órbita após fim de vida útil”.
“Os impactos ambientais associados à exploração espacial” que deverão, segundo o alumnus de engenharia aeroespacial do Técnico, “ser contabilizados desde a extração de matérias primas e produção, ao lançamento e reentrada de satélites e estágios de lançadores” continuam “uma questão em aberto”.
A “investigação realizada no final do século XX revelou padrões preocupantes”, afirma. No entanto, “pouco se sabe acerca do impacto que as pequenas partículas têm nos processos químicos e físicos a alta altitude”, conclui.
Foi precisamente “o desconhecimento profundo das consequências” do aumento crescente de lançamentos de pequenos satélites para órbita que levou o investigador português “a perseguir este desafio”. O doutoramento em que trabalha tem como objetivo “contribuir para determinar como são geradas as pequenas partículas durante a reentrada atmosférica e qual será o seu potencial impacto ambiental”. A “necessidade de minimizar o número de detritos em órbita” surge também para “assegurar o acesso das gerações futuras ao espaço exterior”.
O Space for Sustainability Award da ESA visa distinguir ideias de jovens profissionais ou investigadores na área da sustentabilidade espacial, tendo em vista a sua implementação na estrutura de desenvolvimento de tecnologia da agência espacial europeia. A avaliação das propostas cabe a um painel de astronautas, executivos e parlamentares de vários estados europeus. José Pedro Ferreira considera que “esta competição tem grande importância simbólica pois mostra o comprometimento dos decisores europeus com a transição para uma economia menos poluente”.
Caso a proposta do investigador, votada por unanimidade como vencedora nesta 11.ª edição do prémio, venha a ser implementada, será “uma conclusão acerca do potencial impacto ambiental de determinados componentes de veículos espaciais e uma diretiva clara para a utilização de um diferente material ou alocação de recursos para o desenvolvimento de materiais menos poluentes”, explica. E acrescenta que “foi também demonstrado como as atuais ferramentas da ESA podem ser utilizadas e aprimoradas para contribuir para o mesmo objetivo”.
Já no início do mês de julho, o cientista integrou a lista 30 under 30 da Forbes Portugal que toma como “um reconhecimento pela dedicação e contribuição em diversas iniciativas técnicas e educativas no setor aeroespacial em Portugal”.