Campus e Comunidade

“Aprendi como pode ser divertida a Engenharia”

Esta e outras frases dos participantes tornam bem salientes os efeitos positivos que a última semana do Verão na ULisboa produziu nos jovens participantes do 7º, 8 e 9º ano que invadiram o Técnico.

“Será que o dia de hoje vai ser tão porreiro como o de ontem”, especulam duas das participantes do Verão na ULisboa à porta do Pavilhão Central, enquanto aguardam pelas atividades que lhes elevam as expectativas. A verdade é que os dias nunca são iguais, porque o alinhamento das atividades não o permite, e a intensidade e avidez de aprender muito características da idade, e que não varia muito de grupo para grupo, descarta qualquer possível traço comum entre os cinco dias em que decorre a iniciativa. Estamos na segunda semana do Verão na ULisboa e desta vez são os jovens que no próximo ano irão frequentar o 7º, 8º e 9º ano os desafiados a aprender, a ultrapassar desafios, a arriscar conhecer várias e distintas áreas nas intensas oito horas em que estão no recinto da Escola.

A Arquitetura, a Engenharia Civil, a Química, a Biologia, a Robótica, a Informática e até a Matemática transformam-se em atividades genuinamente divertidas que ocupam as mentes, estreitam os laços entre os participantes e acutilam a ânsia de saber mais. A maioria dos participantes escolhe o Técnico porque se “identifica com a área” ou porque alguém lhes disse “que aqui é que era divertido”, como aconteceu com Diogo Costa. “A minha mãe estudou aqui e disse-me que deveria experimentar”, conta o jovem de 14 anos. “Ela ficou toda contente por eu ter vindo porque gostou mesmo de cá estudar e porque no fundo gostava que eu também viesse estudar para o Técnico um dia”, acrescenta de seguida. Diogo ainda não sabe se assim será, mas confessa para já o seu gostinho pela engenharia.

No mesmo metro quadrado e do mesmo grupo de trabalho que Diogo encontramos João Teixeira, com 13 anos. É dos mais focados, e quando o abordamos está demasiado concentrado a ilustrar um esboço que a equipa irá apresentar juntamente com uma maquete. João já tinha participado em outra edição do Verão na ULisboa mas esta é a sua primeira vez no Técnico. “E estou a adorar mesmo”, afirma o jovem participante. “Esta atividades têm-me mostrado coisas que eu desconhecida, e no fundo antes de vir achava que a Engenharia era algo diferente do que realmente é”, sublinha de seguida o jovem. Mais à frente, João explica que achava que o trabalho de um engenheiro apenas se cingia a mexer em máquinas, e esta semana fez muito mais que isso. Fez pontes de esparguete, elaborou maquetes, produziu próteses com palhinhas, usou gomas para montar uma amostra de ADN, construiu um rocket de raiz, aprendeu a programar, entre tantas outras coisas. “Aprendi como pode ser divertida a Engenharia”, assinala entusiasmado. “No geral, o que eu acho muito bom é a forma como os monitores nos envolvem e orientam nas atividades, tentando que tudo seja o mais divertido possível. Nota-se que eles gostam disto e transmitem-nos esse gosto”, complementa João, voltando rapidamente ao desenho, afinal não quer ir embora sem o “diploma de arquiteto de Verão”.

Durante a semana foi comum vê-los pelos corredores a usufruírem dos espaços do Técnico, envolvidos em jogos enquanto esperavam pelo recomeço das atividades, a cantarolem músicas que traduziam a animação dos dias, mas é nas atividades que os apanhamos mais satisfeitos. Apesar de muito jovens e ainda com conhecimentos muito vagos das disciplinas base do Técnico, os participantes são peritos a questionar e posteriormente a contar tudo o que aprenderam ao colega do outro grupo que ainda não fez aquela atividade. A entreajuda produz o burburinho de fundo que não os parece desconcentrar, mas sim motivar.

Marina Ribeiro chegou do Brasil há alguns dias, e a ideia de se inscrever na atividade foi do pai que é investigador do Técnico. “Mas eu quis vir, não foi obrigação”, refere antes que questionemos a sua vontade em vir. “Uma semana é a medida certa, porque tem coisas novas a toda a hora, não deixam que nos sintamos entediados, é tudo muito intenso e bem preparado”. Marina gostou muito da atividade de Engenharia de Materiais e não sabe escolher uma que não tenha gostado: “aprendi e diverti-me em todas por isso não consigo escolher uma menos boa”. Para o ano se estiver em Portugal quer muito voltar.

“A semana passou a correr” e “já estou com saudades” são deixas que se ouvem de forma recorrente na sessão de encerramento que reuniu os jovens na última sexta-feira, 13 de julho. Os laços que se criaram são bem visíveis e há que ter a certeza que não se perdem criando grupos de conversação em várias plataformas, dos quais nem os monitores são excluídos. A conduzir as despedidas da Escola aos cerca de 200 jovens esteve o professor Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente do Técnico para o Empreendedorismo e as Relações Empresariais. “Todos os alunos que terminam os cursos do Técnico têm emprego e se mais engenheiros nós formássemos mais as empresas recrutariam. E é isto que vos vai acontecer se vocês entrarem no Técnico”, começou por afirmar o docente, conquistando desde logo a atenção da plateia. “Quem é que aqui fez pontes com esparguete? E quem é que se queimou na pistola de cola quente?”, lançava o professor Luís Caldas de Oliveira, e aos vários braços que se ergueram vergonhosamente dá como consolo: “Pois é, é isso que é a Engenharia. Além de planear, na Engenharia são vocês que têm o prazer de fazer as coisas”, sublinhava o vice-presidente do Técnico que terminou a sua intervenção, desafiando os jovens a empenharem-se nos estudos para puderem vir para o Técnico. “Estaremos aqui à vossa espera!”, colmatou o professor Luís Caldas de Oliveira, e pelo aplauso repentino e ensurdecedor que se seguiu, quis parecer que muitos tencionam voltar.

Chega assim ao fim mais uma edição do Verão na ULisboa, organizado pela Universidade de Lisboa, e que anualmente traz ao Técnico centenas de estudantes do ensino Básico e Secundário.