Campus e Comunidade

“Aquilo que levo da formação do Técnico é, sem dúvida, a estrutura de pensamento”

A certeza é de Francisco Martins do Santos, antigo aluno de Engenharia e Gestão Industrial no campus do Tagusaprk e diretor de vendas da Urgo Medical em Portugal.

“Ser consistente, ser consistente e ser consistente”, foi uma das lições mais importantes que Francisco Martins dos Santos, antigo aluno de Engenharia e Gestão Industrial retirou da sua passagem pelo Técnico. Fez deste ensinamento lema na sua carreira, repleta de desafios diversos, sempre dentro da mesma empresa: a Urgo Medical. A formação no Técnico deu-lhe as ferramentas que desde sempre almejou para a sua vida profissional, e como bónus ainda conseguiu satisfazer o desejo do seu avô que o queria ver trilhar o caminho da Engenharia. Neste seu percurso de seis anos na indústria farmacêutica percebeu a beleza de poder ver e medir o real impacto daquilo que faz.

Quando acabou o 12.º ano, Francisco Martins dos Santos tinha várias dúvidas acerca do curso que deveria seguir. A intuição sussurrava-lhe, porém, que o melhor para o futuro seria a Engenharia, só não sabia para qual dos campos estaria talhado. Ambicionava desde muito cedo “ter a agilidade mental, e a estrutura de pensamento que têm os engenheiros” e nesta inclinação para a Engenharia pesaria bastante a influência do seu avô “que é engenheiro e participou em grandes obras, como é o caso do porto de Sines”, tal partilha. “Lembro-me que sempre me ‘puxou as orelhas’ para ver se era eu quem poderia seguir o seu legado já que toda a minha família enveredou por outros caminhos”, recorda Francisco Martins dos Santos. E assim seria, ainda que outros feitos estivessem à sua espera.

“Quanto à Universidade, foi mais fácil: sem dúvida que sendo o Instituto Superior Técnico a referência nacional nessa área era onde queria prosseguir com os estudos”, confessa o alumnus.  A escolha do curso não seria inicialmente certeira e o primeiro ano de Francisco Martins dos Santos no Técnico seria passado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no campus da Alameda. No meio das experiências intensas e apaixonantes típicas de um jovem que entrara na faculdade, chegar-lhe-ia aos ouvidos a existência do curso de Engenharia e Gestão Industrial que desconhecia até então. “No momento em que li sobre o curso, lembro-me como se fosse hoje de pensar: ‘isto é o melhor dos dois mundos!’”, partilha. A mudança para o curso lecionado no campus do Taguspark tornou-se inevitável perante esta identificação “à primeira vista”. “Já nessa altura, sabia que a parte comercial e de negócio era a que mais me atraía, mas não queria fazer os meus estudos universitários em áreas puramente de gestão e sem dúvida que este curso encaixou como uma luva”, declara o antigo aluno.

A alegria, a nostalgia e um sentimento grande de saudade tornam-se inevitáveis quando a memória o conduz aos tempos de estudante. “Se começo a navegar pelas memórias do dia a dia, sem dúvida que tenho algumas fantásticas dos colegas que tinha e que até hoje mantemos contacto de forma frequente”, afirma. O alumnus tem bem presente as “noitadas e noitadas na biblioteca do Taguspark para terminar projetos e para estudar para os exames de termodinâmica”. Nessa altura, o pensamento que mais lhe ocorria era quase um pedido de socorro ao tempo para que voasse. “Mas quando é que isto termina para começar a trabalhar?”- pensava. “Queremos sempre o que não temos!”, comenta o Francisco do presente com o do passado.

O antigo aluno recorda também com emoção “a mística especial” do campus do Taguspark por “ser um polo mais pequeno comparativamente à Alameda”. “Com a mesma emoção recordo também que durante os 3 primeiros anos ganhámos consecutivamente o campeonato de futebol do técnico com a nossa equipa ‘Cre Sabe’”, partilha.

“Tive oportunidade de trabalhar com uma equipa com um talento enorme”

Em 2012, ano em que se terminou a licenciatura, o antigo aluno rumaria a Barcelona para complementar a sua formação com um mestrado. “Queria ver outra realidade e colocar-me à prova para poder evoluir mais rápido”, salienta. A meio do segundo ano, quando terminava a tese, começou a trabalhar como estagiário de marketing e vendas para a Urgo Medical, em Barcelona, iniciando uma viagem que dura até hoje. “Estou na Urgo Medical há 6 anos e meio e considero a empresa como uma grande família. Durante estes anos, acumulo experiências em mais de 7 postos diferentes!”, conta Francisco Martins Santos.

Depois dos 6 meses de estágio, o antigo aluno do Técnico seria convidado para integrar a equipa de administração de vendas, e mais tarde assumiria o cargo de Junior Product Manager no departamento de marketing. “Depois, surgiu a oportunidade de expandir o negócio da Urgo Medical em Portugal e estive durante 6 meses a trabalhar como comercial e marketing desde a sede de Lisboa”, relata o antigo aluno. Ainda sem saber que voltaria a Lisboa dois anos e meio depois, foi novamente para a Catalunha, para assumir o cargo de Brand Manager Ibéria. “Nesta altura, realmente tive a oportunidade de criar programas e campanhas que tiveram um grande impacto e ajudaram a empresa a crescer mais de 20% durante os últimos anos”, conta Francisco Martins dos Santos, que classifica este desafio profissional como um dos mais apaixonantes do seu trajeto. “Tive oportunidade de trabalhar com uma equipa com um talento enorme”, confessa.

Em 2019, o alumnus regressaria a Portugal como diretor nacional de vendas, acumulando algumas funções de Country Manager e também como gerente de vendas da Galiza. Francisco Martins dos Santos tem noção que, hoje em dia, não “é muito habitual as pessoas começarem e permanecerem na mesma empresa durante tanto tempo”. Contudo, encontra facilmente explicação para este percurso continuado na Urgo. “Quando uma empresa é capaz de apresentar um tal dinamismo que motiva trabalhadores e jovens talentos a fazer sempre mais, sempre algo diferente e dando as oportunidades no seu devido tempo- e quando merecido- é uma empresa onde qualquer pessoa quer estar. E mais do que estar, ficar”, declara, sem hesitar.

Quando perguntámos a Francisco Martins dos Santos quais os principais desafios de fazer parte de uma empresa tão conceituada da indústria farmacêutica, o antigo aluno confessa que se isto fosse uma entrevista com vídeo, começaria a resposta a rir, tal a diversidade e imensidão de reptos que lhe foram sendo lançados.  “Realmente se há coisa que aprendi é que cada dia temos novos desafios e que temos de aprender a viver numa montanha-russa”, sublinha, entre sorrisos. Ainda assim o antigo aluno consegue apontar o primeiro de todos: assumir a liderança de uma equipa de 9 pessoas quando tinha muito pouca experiência laboral nesse âmbito. “Tenho a sorte de ter uma equipa excecional e com profissionais com muitos anos de experiência que fazem com que o trabalho seja mais fácil”, vinca.  Ainda assim, o mais desafiante é aquele que lhe é lançado todos os dias: “como podemos fazer coisas diferentes e criar programas impactantes que possam realmente romper com a forma habitual de fazer as coisas e ter um impacto significativo na vida dos profissionais de saúde e dos doentes”.

É no cumprimento desta missão que o diretor nacional de vendas da Urgo encontra o magnetismo daquilo que faz: “quando estamos à frente de uma empresa deste calibre é que realmente vemos que aquilo tem um impacto na vida real e o mais bonito é que podemos vê-lo e medi-lo”. “Acontece que, por outro lado, estamos constantemente a ser medidos pelo nosso desempenho e temos que manter a consistência se queremos manter o nível alto”, adiciona, realçando que a indústria farmacêutica é um sector “com uma concorrência intensa que nos obriga a estar sempre alertas e prontos a reagir”.

Empenhei-me a 200% para que pudesse pôr em prática aquilo que aprendi.

O ano de 2020 e a pandemia trariam a Francisco Martins dos Santos, tal como a tantos outros profissionais, desafios gigantes. “Imaginem o que é ter um plano totalmente definido para 2020, onde ambicionávamos duplicar os resultados de 2019 e com um forte investimento na estrutura e em marketing e de repente aparece uma pandemia”, salienta.

O antigo aluno tem plenas certezas de que as instituições por onde se passa são “fundamentais para os outcomes que temos”. Sejam universidades, sejam empresas. “Também sou dos que acredita que se esses outcomes dependem maioritariamente das pessoas”, e por isto mesmo tem noção do impacto da sua formação no profissional que hoje é, e de que tirou o maior partido possível do seu percurso académico. “Empenhei-me a 200% para que pudesse pôr em prática aquilo que aprendi. Admito que nunca mais voltei a fazer cálculo integral nem equações logarítmicas, mas aquilo que trouxe da formação do Técnico é sem dúvida a estrutura de pensamento”, vinca. Esta capacidade- tantas vezes evocada por antigos alunos – que o faz sentir-se preparado para quando está diante de um problema dar-lhe uma solução com um sentido lógico muito forte. “Tenho a certeza que os colegas engenheiros entenderão aquilo que eu quero dizer”, lança o alumnus.

Da sua alma mater guarda uma lição aprendida que aplica todos os dias no seu quotidiano:  a necessidade de sermos consistentes ao longo do percurso. “É fundamental integrar esse conceito na nossa cultura porque é a única forma de nos mantermos felizes com o nosso desempenho. São os pequenos detalhes que contam, e diria que todos os esforços que fazemos no presente vão dar-nos benefícios no futuro”, afirma. “Por isso, consistência, trabalhar duro, dar importância aos detalhes e principalmente, não desistir”, colmata Francisco Martins dos Santos.