Campus e Comunidade

As brincadeiras são trocadas pela robótica mas o entusiasmo mantém-se

A iniciativa " Oficina de Robótica", organizada pelo ISR e pelo ROB 9-16, foi este ano direcionada para níveis de escolaridade e idades mais baixas do que em anos anteriores.

Esta quarta-feira, 25 de julho, é dia de aprender a soldar na “Oficina de Robótica” do Técnico, uma iniciativa oferecida no âmbito do programa Ciência Viva para Ocupação Científica de Crianças e Jovens nas Férias 2018 (OCJF’18), e organizada conjuntamente pelo Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) e pelo ROB9-16. As mangas arregaçadas e o olhar atento indicam que os jovens participantes estão mais do que prontos e ansiosos por “meter as mãos” na solda. “Muito cuidado que isto queima”, vão avisando os monitores, passando por todas as mesas e dando todas as dicas necessárias para que tudo corra bem.  Não é fácil sossegar o entusiasmo e a traquinice de alguns apenas com palavras, mas torna-se tão simples fazê-lo quando partem para a soldadura propriamente dita.

A iniciativa tem já vários anos de história, e tal como refere o professor Rodrigo Ventura, um dos responsáveis pela “Oficina de Robótica”, tem  vindo a acompanhar a evolução das tecnologias disponíveis” e “incorporado o feedback que temos recebido dos estagiários”. Este ano, a organização deu ainda resposta ao desafio lançado pela Ciência Viva, e recebe na atividade jovens com níveis de escolaridade e idades mais baixas do que nas edições anteriores. Francisco Azevedo, com 9 anos, é um dos mais novos da sala. É um otimista nato e mesmo que não fique tudo como os monitores pediram, já acha “fantástico estar a soldar” e conseguir fazer uma das ligações “perfeitinha”. “Estou a adorar tudo. Vi coisas que nunca tinha visto e feito na vida”, declara o jovem participante. Agora que já sabe mais um bocadinho do que se pode fazer em Engenharia, o descendente de “cientistas”, conta-nos que começa “a achar que quero fazer estas coisas quando for grande”, ainda que ache “quem trabalha aqui se deve ter que esforçar imenso”, diz com ar pensativo, confirmando de seguida que está preparado para o esforço.

 

Mariana Oliveira é uma das é uma das 8 raparigas do grupo com 24 elementos. Veio “para fazer companhia a um amigo”, mas não foram preciso muitos dias para também ela se render às atividades e ao gosto em executá-las. “Está a ser muito giro”, partilha. “O mais engraçado é fazer as coisas e a seguir poder ver os resultados, como aconteceu com o circuito de robôs que programamos e depois vimos em ação”, acrescenta a jovem participante de seguida. Além dos exercícios práticos gostou imenso da visita aos laboratórios que ocupou a manhã deste dia. “Não fazia ideia das coisas que se faziam aqui no Técnico, de que se construíam robôs e drones e fiquei surpreendida”, narra enquanto dá umas dicas ao colega do lado sobre como afinar a tática de soldar.

 

A atividade está desenhada para conduzir os participantes pela descoberta da robótica e de várias tecnologias importantes que a suportam, aliando o conhecimento ao divertimento, uma parceria que nestas idades ajuda sempre na consolidação dos conhecimentos adquiridos, estimulando a vontade de saber sempre mais. O programa é estruturado em módulos temáticos curtos, com uma forte componente prática, mas assentes em bases fornecidas no início de cada módulo. “A estratégia subjacente é ensinar a construir robôs móveis, desde a montagem dos componentes mecânicos (LEGO, impressão 3D) e eletrónicos (soldagem de componentes em placas), até à programação do software de comportamentos autónomos”, explica o professor Rodrigo Ventura. Para além das atividades, o grupo teve direito a visitar os laboratórios do ISR, e ainda a uma ida ao Museu Faraday para assistir a uma exposição interativa onde também se mostra um pouco da História da eletrotecnia. “Acreditamos que o contacto direto com os materiais e com os problemas, o que por vezes designamos por ‘pôr as mãos na massa’, contribui para terem uma melhor perceção do que é a Engenharia, ajudando a criar o gosto pela mesma”, afirma o professor Rodrigo Ventura. A avaliar pela pergunta retórica de Tomás Santiago, outro dos participantes e um dos mais entusiastas com a atividade, um futuro engenheiro já está angariado: “quem não quer uma profissão em que se constrói coisas giras como estas a toda a hora?”