Inspirando-se na realidade que vivemos desde que o novo coronavírus assumiu o comando do nosso mundo, o jogo COVIDA, criado pelo GameDev Técnico, clube de estudantes do Instituto Superior Técnico, pretende sensibilizar a população em geral para o cumprimento das boas práticas de combate à COVID-19. A versão alfa do jogo é lançada esta quinta-feira, 30 de abril, e há duas mensagens que qualquer jogador facilmente retém: por um lado cada um de nós pode contribuir para evitar a propagação do vírus, e por outro lado, o isolamento social não se pode confundir com o entorpecimento. Só munidos destas duas ideias se pode vencer o jogo.
Centrando a dinâmica de jogo no distanciamento e consciência social, o COVIDA desafia o jogador a sobreviver 5 minutos num mundo virtual, evitando ao máximo contrair ou expor outros jogadores ao vírus. Tudo começa dentro da casa, onde o jogador isolado procura satisfazer as suas necessidades básicas, nomeadamente gerindo a sua energia e bem-estar mental. Para tal, o jogador tem que ser capaz de tomar decisões que o podem proteger ou expor ao vírus. Se simplesmente nos acomodarmos em casa, morremos de fome e de tédio.
Por outro lado, se sairmos de casa para ir ao supermercado para comprar bens essenciais, ou para socializar com outros jogadores, e não cumprirmos o devido distanciamento social temos grandes probabilidades de nem conseguir sobreviver 2 minutos. Ainda assim, o jogo permite reduzir este risco através de simples ações, tais como levar bens essenciais a outros jogadores ou evitar sobrelotar o hospital.
Outros dos aspetos que não é esquecido no COVIDA- e que é muito importante na luta contra a pandemia- é a capacidade que cada um detém de salvaguardar o outro. Deste modo, se o jogador se aproximar demasiado de outros jogadores, corre o risco de os contagiar. Perante este risco, o jogador pode deslocar-se ao hospital para realizar um teste, onde poderá recuperar em isolamento se estiver infetado.
“Parte do objetivo do jogo é a prevenção do contágio do vírus, mas, à semelhança da realidade, a sua propagação é inevitável”, explica Diogo Rato, coordenador do GameDev, e um dos elementos da equipa que desenvolveu o jogo. “Desta forma, o jogador terá de manter o distanciamento social para evitar a propagação do vírus, mas caso suspeite estar infetado, terá de utilizar um teste- de um número limitado por jogo- e curar-se- em casa ou num hospital”, acrescenta.
Ainda assim, há outras mensagens importantes que a equipa quer passar através deste jogo, subjacentes nos vários momentos e mecânicas do mesmo. “A mensagem que queremos que cada jogador leve é que por mais cuidadosos que sejamos, vão existir sempre indivíduos infetados, doentes internados e mortes. Mas temos de estar preparados para agir face a esta realidade”, acrescenta. Assim, a grande lição a retirar do jogo é a capacidade de prevenção e adaptação que reside em cada jogador. “Sendo o jogo multiplayer, procuramos aproximar, virtualmente, as pessoas em torno desta temática ao mesmo tempo que criámos oportunidades para que cada jogador possa explorar e aprender as práticas recomendadas, na esperança que depois as projetem no dia-a-dia”, acrescenta Diogo Rato.
A ideia de criar o jogo nasce sobretudo da vontade dos vários elementos da equipa de contribuírem de alguma forma para esta batalha. “Os membros da equipa canalizaram as suas capacidades para ajudar a desenvolver um jogo que pretende sensibilizar a sociedade civil sobre a importância da distância e isolamento social”, refere o coordenador do GameDev. “Depois de algumas sessões onde discutimos as várias propostas, decidimos não fazer um jogo sobre a COVID-19, mas sim um jogo para contribuir no combate ao COVID-19”, acrescenta Diogo Rato. Assim, e além de incluir a temática no jogo, a equipa decidiu criar mecânicas e dinâmicas que capazes de criar um ambiente para que os jogadores aprendam boas práticas para fazer frente a esta pandemia.
O jogo tem um público alvo bastante alargado e pretende chegar até aos jogadores menos assíduos. “Procuramos educar crianças num media que lhes é familiar ao mesmo tempo que tentamos chegar à população mais sénior oferecendo uma experiência diferente”, expõe Diogo Rato. O jogo está desenvolvido em português, o que para Diogo Rato “poderá facilitar a distribuição por outros países membros da CPLP” e, dependendo do interesse gerado nestas primeiras semanas, a equipa poderá desenvolver o mesmo em outras línguas.
O GameDev gostaria de ter o apoio e o selo de confiança da Direção-Geral de Saúde em relação ao COVIDA, uma vez que houve a tentativa por parte da equipa de incorporar muitas das indicações propostas pela entidade de saúde no jogo. Por isso mesmo a equipa gostaria de perceber se o objetivo foi cumprido ou se existem algumas dinâmicas que não se alinhem com as diretrizes apresentadas.
Depois de lançada a versão alfa do jogo, que poderá ser apenas jogada em browsers de computadores fixos e portáteis, a equipa espera para a semana estar a lançar a versão beta do COVIDA que já poderá ser jogada em dispositivos móveis (smartphones e tablets).