As comemorações do Ano Europeu do Património Cultural, que se sucedem por toda a Europa, representaram um incentivo, mas não o único motivo para a organização daquele que foi o 1º Encontro “a Universidade de Lisboa e o Património”. Com um património tremendamente vasto a instituição prima também pelo desenvolvimento de projetos de investigação e ações de promoção junto do mesmo. Assim, o evento que decorreu esta segunda e terça-feira, 19 e 20 de novembro, no Instituto Superior Técnico, não foi mais do que uma conjugação de esforços, trabalhos, vontades e interesses expostos de forma apelativa para que todos os que dele fizeram parte percebessem a importância de preservar, investir e divulgar o nosso património.
A abrir a sessão esteve, claro, o presidente do Técnico, o professor Arlindo Oliveira que reconheceu a importância do evento e da temática sobre o qual o mesmo se debruça. Destacando as dificuldades inerentes a esta gestão e preservação do património das quais evidenciou “os recursos financeiros que por vezes as escolas não dispõem”, o presidente do Técnico ressaltou que por vezes também “é difícil aliar esta vontade de preservar com a introdução de inovação”. Ainda assim o professor Arlindo Oliveira frisou que é necessário encontrar “um duplo equilíbrio”, uma vez que é obrigação de todos “garantir que uma história, com mais de 100 anos, não desaparece e é preservada”.
Num discurso inspirador, a diretora-geral do Património Cultural, a arquiteta Paula Silva lembrou que “olhar pelo património é cuidar da memória: memória dos nossos passados e memória que vamos legar às gerações futuras”, e por isso mesmo este ano europeu, este evento e as ações que se seguem revelam-se preponderantes. Apesar de enfatizar o papel extremamente relevante que as instituições de ensino superior devem ter nesta difusão do património, a diretora-geral assinalou que “todos nós somos guardiões desta riqueza”. “É nosso intuito com este ano europeu deixar marca, criar um novo estado de espírito, gerar uma tomada de consciência”, assinalou ainda a diretora-geral.
Para fechar a sessão de abertura foi dada a palavra ao vice-reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), o professor José Pinto Paixão, também ele muito elogioso em relação à organização do evento que oferece, como o mesmo referiu, “um programa abrangente e não exaustivo”. “Temos uma responsabilidade social que assumimos: o da promoção e preservação do património”, referia a determinada altura o vice-reitor da ULisboa, assinalando ainda que este “é sem dúvida um dos pilares da nossa missão”. Lembrando que o património afeto à instituição é imenso, declarou que além de “uma vontade e um empenho”, a instituição tem depositado recursos e desenvolvido um amplo programa de recuperação em torno deste domínio. “Entendemos o património como elemento fundamental na nossa identidade e como ligação a cada uma das nossas 18 escolas”, afirmava por fim.
Marta C. Lourenço, subdiretora dos Museus da Universidade de Lisboa, dava o “pontapé de saída” para o leque de painéis diversos, que se foram sucedendo ao longo do evento. “A ULisboa é a única instituição de ensino portuguesa que levantou de forma sistemática o seu património cultural”, começava por afirmar Marta C. Lourenço. Além de explicar como foi feito este levantamento, os números que do mesmo resultaram, a oradora explicou a aprendizagem que com ele adveio, elencando alguns dos desafios também que se apresentam. “Onde há universidade há património”, ia dizendo a subdiretora dos Museus da ULisboa. “Estou pessoalmente convencida que a nossa universidade se pode constituir uma referência nacional e internacional na preservação do seu património”, assinalou ainda. Palavras certeiras para tudo o que se seguiria.
Entre o primeiro e o segundo dia do evento, os vários oradores convidados debruçaram-se sobre o Património Cultural da Universidade de Lisboa, e a abordagem sobre os mais diversos aspetos do Património Cultural na Universidade de Lisboa, respetivamente. Em cima da mesa esteve sempre o debate de como melhor usar e estudar o património cultural como um recurso estratégico.
O sucesso do evento ficou bem expresso nas palavras proferidas pelo vice-reitor da ULisboa que encerrou o evento: “este encontro correspondeu ao objetivo que tínhamos de colocar o património na agenda de topo nacional”. Salientando mais uma vez que esta temática “faz parte do nosso processo educativo”, o professor José Pinto Paixão vincou a importância de envolver os vários atores em todo este movimento. Para finalizar com chave de ouro , o anúncio da continuação deste encontro, divulgando-se não só a realização das duas próximas edições, mas também os temas sobre as quais as mesmas se debruçarão. E se em 2019 será a temática da “ilustração” a dominar o debate, em 2020 o arquivo de memória ganhará destaque. A Faculdade de Belas Artes e a Faculdade de Letras serão, respetivamente, os palcos que sucederão ao Técnico.