Filipa de Matos Marques, aluna do mestrado em Engenharia Informática e de Computadores (MEIC- Taguspark), é dona de uma ligeira insegurança que tende a caraterizar muitos dos alunos do Técnico. A provar isso mesmo está o facto de que ao ter conhecimento do prémio “Next Generation Women Leaders 2019” ter considerado um “disparate” candidatar-se. Ao mesmo tempo, e de forma até paradoxal, a aluna sabe o que a distingue: ser do Técnico, as atividades extracurriculares em que se envolveu e a fantástica capacidade de comunicação que cativa qualquer um. Terão sido estes os critérios que na sua opinião lhe valeram o prémio na edição de 2019. O prémio “Next Generation Women Leaders 2019″ é uma iniciativa da McKinsey & Company destinada a estudantes de licenciatura, mestrado ou doutoramento de todos os cursos e backgrounds, e premeia mulheres com um percurso diferenciador.
“Descobri o prémio por acaso no meu Instagram e na altura nem sequer me candidatei porque pensei que não era para mim, que era um disparate. O tempo foi passando e mais perto da data de encerramento das candidaturas percebi que não perdia nada em me candidatar, e que o pior que podia acontecer era não ser escolhida”, recorda. O processo de candidatura foi muito simples e implicou apenas a entrega do currículo e uma carta de motivação. Menos de um mês depois Filipa começaria a perceber que tinha mais hipóteses de ganhar do que pensava. “Nem quis acreditar quando fui chamada para a entrevista. Éramos apenas 6”, relembra.
Ainda assim, a aluna do mestrado achou por bem colocar um travão nas expetativas de que poderia vencer. “Durante a entrevista, enquanto estava a falar sobre mim, lembro-me de me ocorrer que era uma pessoa perfeitamente normal e que eles estavam à espera de ouvir uma pessoa fantástica que fez coisas extraordinárias. Sabia quem tinha ganho em anos anteriores e considerava que não estava naquele nível”, partilha por entre sorrisos. A verdade é que as baixas expetativas permitiram-lhe mostrar a sua essência sem receios. “A determinada altura, fiquei tão confortável a falar com a responsável dos recursos humanos que não consigo dizer como foi a minha entrevista na totalidade”, confessa por entre sorrisos. Tudo leva a crer que terá sido esta espontaneidade e o à-vontade gerado no decorrer da entrevista que a tornou a vencedora do prémio da McKinsey. “Claro que o facto de eu ser do Técnico pesou na minha seleção, porque a McKinsey reconhece o valor dos alunos da escola e recruta muitos graduados”, sublinha Filipa de Matos Marques. “Por outro lado, acho que o que me distinguiu na entrevista foi a ligação que se criou rapidamente com os recursos humanos, porque muitas vezes temos a tendência para criar um certo estereótipo em torno das pessoas que fazem consultoria, assumindo que são pessoas mais fechadas e introvertidas, mas é exatamente o oposto. E esse meu à-vontade pode ter jogado muito a meu favor”, acrescenta a aluna do Técnico.
Se o fator Técnico no seu currículo terá pesado, há outros aspetos no currículo de Filipa de Matos Marques que o terão valorizado aos olhos do júri do prémio, e a aluna não os deixa passar em branco: “sem dúvida que o meu envolvimento em atividades extracurriculares foi decisivo”. “Eu já tinha estado em vários estágios de verão, mas acredito que o meu envolvimento no NAPE [Núcleo de Apoio ao Estudante] fez toda a diferença”, afirma. “Primeiro porque essa experiência desenvolveu imenso as minhas capacidades, principalmente de comunicação e isso revelou-se no meu à-vontade. Depois porque este prémio procura distinguir pessoas que não se focam apenas na parte académica, são pessoas na sua totalidade”, expõe de seguida a aluna do Técnico.
Para além do prémio monetário de 2000 euros que lhe permitiu investir num curso de Alemão, ao vencer este prémio a aluna do Técnico teve oportunidade de contactar com consultores da McKinsey, visitar os escritórios e ainda ganhar uma espécie de mentor dentro da empresa, o que lhe permitiu ter uma “consciência mais real” do que a consultoria e dos desafios que lhe estão inerentes. “Tinha uma ideia de consultoria, e gostava imenso de seguir esta área, mas não tinha uma noção exata, e este prémio aproximou-me dessa realidade. Já não vou com uma ideia embelezada do que é, já tenho uma noção exata e gosto”, explica.
Sobre a preponderância deste prémio, a estudante do MEIC é taxativa ao referir o seu valor e impacto: “este prémio ajuda a potenciar e descobrir futuras líderes”. “Além disso, permite mostrar que há potencial feminino em todas as áreas, mesmo nas mais exigentes como a consultoria”, acrescenta. “Em mim, teve um efeito muito bom, tanto que agora penso três vezes antes de não enviar um currículo”, declara Filipa de Matos Marques. Por isso, é com todo o entusiasmo que convida as colegas do Técnico a concorrer à edição deste ano do “Next Generation Women Leaders 2020” cujas inscrições decorrem até 11 de novembro, mesmo que também achem que não podem vencer. “Temos que parar de pensar que somos menos, refugiando-nos no argumento de que consultoria é uma área a de gestão e que não conseguiremos chegar lá, e de pensarmos que somos menos que os outros. Conseguimos, e sou a prova disso”, diz com a convicção que este prémio ajudou a consolidar.