Enquanto não começam as atividades promovidas pelo ROB9-16, ouve-se música, tenta-se mais uma vez ultrapassar aquela etapa do jogo do momento, ou passa-se pelo youtube para rever estratégias que possam ajudar a ser mais veloz na execução da próxima tarefa proposta. Assim que o grupo se reúne por completo, os monitores não precisam de fazer grande esforço para concentrar atenções e gerar entusiasmo. Os olhos esbugalham-se entusiasticamente e a curiosidade aguça a velocidade com que se chega ao passo seguinte na tarefa comandada por Joel Damásio – um dos monitores responsáveis pela atividade. “É uma forma diferente de passar as Férias da Páscoa e sempre fazemos e aprendemos coisas novas”, declara Miguel Geada, um dos participantes do ATL Maker do ROB9-16 – mais direcionado para quem já tinha tido algum contacto com os temas da robótica e programação- e que decorreu entre 15 e 18 de abril.
Do alto dos seus apenas 11 anos, Miguel Geada consegue acompanhar velozmente as instruções que lhe são dadas – resta até tempo para inovar pelo meio e experimentar uns atalhos desconhecidos. “O meu pai trabalha nesta área e eu gosto muito do que ele faz. Adoro programar, criar e mexer com coisas”, declara. E por isso mesmo é-lhe difícil escolher a atividade de que gostou mais ao longo desta semana, porém, e depois de alguma hesitação lá confessa que o tempo passado a soldar “foi muito divertido”. O jovem que aspira no futuro tornar-se engenheiro mecânico refuta qualquer sensação de repetição do que já havia feito ou aprendido na sua anterior experiência no ROB9-16 e apressa-se a explicar porquê: “no ano passado foi tempo de aprender e esta semana tem sido para praticar”.
Também André Enes, outro dos participantes, quer ser engenheiro quando for grande. A justificar a sua escolha está não só o facto de a profissão dos pais estar relacionada com a programação, mas principalmente o seu gosto pela área. “Gosto muito de programar, de construir coisas novas, de colocar os robôs a fazer coisas”, partilha. “É tudo buéda fixe”, enfatiza constantemente e o formato instantâneo com que o mesmo lhe sai não deixa margem para dúvidas sobre a veracidade do que sente. “Ainda bem que vim passar estes dias nesta atividade. Aprendi coisas novas, divertir-me, pratiquei algumas coisas que já sabia, e ajudou a tornar-me melhor a programar”, enfatiza por fim.
Apesar de esta semana ser mais direcionada para os participantes com alguma experiência, há algumas exceções no grupo. O alheamento face a alguns procedimentos e dinâmicas é facilmente superado pela explicação e dedicação dos 4 monitores. “O desafio ao longo da semana é que ninguém fique para trás em nenhum momento e que mesmo apesar das preferências individuais de cada um, todas as atividades os cativem de alguma forma”, refere Joel Damásio. “Enquanto monitor a maior dificuldade é tentar manter a ordem e reter a atenção no meio do entusiasmo, mas tentamos ajudá-los ao máximo”, acrescenta de seguida o monitor do ROB9-16.
Durante as duas semanas em que a atividade se realizou foram cerca de 22 os participantes que tiveram oportunidade de aprender a programar robôs e computadores (graficamente e em C), a montar e soldar um circuito eletrónico e ainda modelar e imprimir em 3D peças simples.
Joel Damásio não vacila ao salientar as mais-valias desta experiência na formação destes jovens. “Se eu com a idade dele tivesse estado numa atividade destas antes de entrar na faculdade ao chegar aqui as coisas teriam sido muito mais fáceis e é importante familiariza-los com estes conceitos”, acentua o monitor. O conhecimento que os participantes detêm, apesar da tenra idade é óbvio e perceciona-se na forma como conhecem os atalhos, driblam dificuldade e pedem para passar ao passo seguinte. “Eles estão muito mais despertos para a tecnologia do que eu com a idade deles”, declara o monitor. Na maior parte das vezes, influenciados a vir pelos pais, são poucos os que ficam contrafeitos ou terminam a semana com um balanço negativo como assinala Joel Damásio: “a maioria acaba por gostar, e mesmo que não goste tem aqui uma boa oportunidade para perceber que o caminho não é por aqui”. E seja qual for o percurso, a aprendizagem destes dias já ninguém lhes tira.