Campus e Comunidade

Futuro da Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos debatido no Técnico

Especialistas sublinham necessidade de atração de talento para um sector crucial para a sustentabilidade do planeta e para o combate às alterações climáticas.

“Se a Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos não atrair talento, não vamos ter indústria. E Portugal e o mundo precisam de indústria para se desenvolverem e fazerem as transições energética e digital”. A frase de Maria João Pereira, Secretária de Estado da Energia e, até março de 2024, anterior presidente do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos (DER), serviu de mote para o debate que dominou o primeiro Conselho Consultivo do Departamento, realizado a 19 de julho, no campus Alameda do Instituto Superior Técnico.

Presidido por Rogério Colaço, presidente do Técnico e, interinamente, do próprio Departamento, o encontro contou com a participação de representantes da indústria, um membro do Governo e ex-governantes, especialistas internacionais, docentes do departamento e ex-alunos.

António Costa Silva, antigo ministro da Economia, realçou que é crucial explicar aos mais novos “a importância da engenharia de recursos minerais e energéticos para a sustentabilidade do planeta” e para o combate às alterações climáticas. “Temos de comunicar uma forte experiência digital, temos de comunicar os desafios da eletrificação e da transição energética”, complementou.

Gustavo Paneiro, vice-presidente do Departamento, destacou a importância de “encontrar estratégias colaborativas entre a Academia e a indústria para atrair jovem talento para setores que são centrais no ciclo de desenvolvimento das próximas décadas”. Amélia Dionísio, também vice-presidente do DER, recordou que Portugal “tem alguns metais críticos para a transição energética e tecnológica”.

Emanuel Proença, CEO da Savannah, a empresa que está a desenvolver o projeto de lítio na mina do Barroso, em Boticas, afirmou que a publicidade a essas matérias-primas do país é fundamental, “uma vez que as novas gerações estão desejosas de ação”. Segundo Emanuel Proença, é importante passar a mensagem: “Venham trabalhar connosco no terreno para transformarem a realidade” através da transição energética e digital. Sobre esse ponto, Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia, já tinha afirmado que Portugal está a viver “um momento histórico”, uma vez que, pela primeira vez “está a conseguir construir a sua própria autonomia energética na revolução económica em curso”.

A geóloga Ana Carina Veríssimo destacou, nesse sentido, a importância de os estudantes verem “todas as oportunidades profissionais que a formação em Engenharia de Minas e Recursos Energéticos lhes dá”. Aurela Shitza, diretora para os assuntos industriais da Industrial Minerals Association (IMA) – Europe, defendeu também a necessidade de “traduzir a linguagem técnica própria da Academia e da indústria para uma linguagem que os jovens do ensino secundário possam compreender”.

“É preciso mostrar que o nosso setor é importante”, reforçou Maria João Pereira. Já o presidente do Técnico, Rogério Colaço, concluiu que “se não arranjarmos soluções para isso, mais ninguém arranja”.