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Gonçalo Caseiro: O líder digital de uma instituição multicentenária

O antigo aluno do Técnico tem feito um trabalho fenomenal no percurso de transformação da Imprensa Nacional-Casa da Moeda tendo sido considerado pelos membros do júri do Portugal Digital Awards, o líder que mais transformou a sua organização em Portugal.

Quando se ouve falar da Imprensa Nacional-Casa da Moeda dificilmente se tem plena noção de toda a inovação que pauta a ação e a agenda desta instituição. A liderar esta transformação digital está um antigo aluno do Técnico, Gonçalo Caseiro.  O trabalho levado a cabo pelo alumnus foi distinguido no passado mês de dezembro pelo júri dos Portugal Digital Awards que o considerou o líder que mais transformou a sua organização a nível nacional.

“Esmagado”, foi assim que Gonçalo Caseiro se sentiu na cerimónia de entrega do prémio. “Foi verdadeiramente esse o meu sentimento, não pelo prémio que recebi, mas por todos os projetos, instituições, públicas e privadas, e profissionais que vi subir ao palco naquele dia”, destaca. “Estou certo de que estamos a construir um ambiente para criar, inovar e dar resposta a todos os desafios com a agilidade e a qualidade que o século XXI exige, temos todas as razões para ter esperança no futuro e acreditar nos líderes que podemos ter no dia de amanhã”, complementa o alumnus.

O presidente da Imprensa Nacional-Casa da Moeda sublinha a honra que sente “por trabalhar numa instituição multicentenária e receber este reconhecimento, mas acima de tudo responsável e cada vez mais chamado a participar neste momento de abertura à inovação que estamos a viver”.

Mas afinal, o que faz de Gonçalo Caseiro o melhor líder digital? Na opinião do júri dos Portugal Digital Awards: “o trabalho levado a cabo em várias empresas e institutos públicos” e “o esforço aplicado aos novos serviços desenvolvidos na INCM que tiram partido das novas ferramentas digitais”. Na perspetiva do próprio o alicerce deste reconhecimento é a equipa que encabeça na INCM. “Todos aqueles que diariamente fazem do mais antigo estabelecimento industrial do País um dos mais inovadores dos dias de hoje”, declara. “Tenho o privilégio de trabalhar numa empresa que atravessou vários períodos da história de Portugal, viveu diferentes regimes políticos e testemunhou e registou as maiores transformações sociais do País”, refere ainda.

A maior motivação de Gonçalo Caseiro é simultaneamente a sua maior inquietação: “garantir futuro a uma casa como esta”. “Talvez por isso, por querer projetar esta instituição no futuro, tenha associado a inovação ao ADN da INCM e esta seja hoje uma área transversal a toda a nossa atividade. Hoje a INCM vive uma verdadeira cultura de inovação aberta”, vinca.

Inovar sem perder de vista o papel cultural e social conquistado ao longo de 250 anos

Quando em 2017, Gonçalo Caseiro assumiu funções como presidente do Conselho de Administração, identificou 4 desafios essenciais, e claro que o verbo inovar estava timbrado no seu plano de ação. O alumnus do Técnico tinha bem presente que era essencial “criar novos produtos ou produzir os produtos que a INCM tinha de forma mais eficiente, mais sustentável ou mais segura”.  “Nesta área criámos o Prémio IN3+, o maior prémio à inovação em Portugal com o objetivo de apoiar verdadeiramente a concretização de novos projetos, de os acompanhar desde que são escritos num papel até serem úteis para a sociedade”, denota.

Exportar foi outro dos desafios identificados e que tem vindo a ser superado com todo o sucesso: “a internacionalização é hoje um dos grandes eixos estratégicos da INCM e temos feito um grande trabalho para encontrar parceiros locais fortes que assegurem o acesso a mercados internacionais de referência para a instituição”, assinala o antigo aluno.

Por ser um dos eixos centrais da missão da INCM desde a sua fundação, a preservação da língua e da cultura portuguesas não foi de modo algum preterida por esta liderança.  Esta “forte missão de serviço público é agora cumprida nos meios digitais de forma gratuita”, refere o antigo aluno do Técnico.

Gonçalo Caseiro também identificaria como prioritário o reforço da agenda da sustentabilidade, “contribuindo em compromissos coletivos e acelerando a participação na economia circular como, por exemplo, com a incorporação de materiais reciclados/recicláveis nos produtos que produzimos”, tal como realça o presidente da INCM.

É com foco nestes desafios e aproveitando todas as oportunidades desta era digital que o caminho tem sido feito, ligando o mundo físico ao digital, reinventando-se e honrando a sua história.

Uma empresa que nasceu na Idade Média com muito futuro 

A INCM lidera alguns dos projetos mais inovadores à escala mundial, nas áreas da identificação de pessoas e da proteção de marcas. Gonçalo Caseiro não sabe se nesta maré de inovação, pode dizer que a Casa da Moeda está na crista da onda, mas assegura que “estamos longe da rebentação”. “A transformação digital diria que se faz com uma longboard, exige tempo, mas estamos certamente com excelentes condições para surfar esta onda. Como sempre estivemos”, declara.

Para mostrar que essa capacidade de inovar está presente nos vários capítulos desta longa história da instituição, o antigo aluno do Técnico recorre à máquina do tempo e leva-nos até 1835, o ano em que a Casa da Moeda adquiriu uma das primeiras máquinas a vapor do País, comprada à firma inglesa Boulton and Watt, que passou a ser usada no fabrico de moeda. Volvidos dois séculos, a vontade de inovar vigora, adaptando-se claro às exigências e dinâmicas dos tempos que correm.

“Hoje, em 2020, o projeto Atlas que tem como objetivo melhorar a logística da produção e expedição do Passaporte Eletrónico Português e do Cartão do Cidadão, através da utilização de robótica colaborativa, manipulação e operação de um armazém inteligente, integrados no conceito de Indústria 4.0. recebeu o Prémio de Best Future of Operations Project [outra das categorias dos Portugal Digital Awards]”, partilha Gonçalo Caseiro.

“Todos os anos apostamos 1% do nosso volume de negócios na inovação”, afirma o antigo aluno do Técnico.  Muitas das inovações resultam deste investimento e acompanhamento que a INCM faz de 20 projetos de I&D, contando com 80 investigadores de Universidades Portuguesas envolvidos em projetos da instituição e uma rede de Inovação constituída por dezenas de universidades, centros tecnológicos e de investigação, laboratórios e startups, investidores, fornecedores e clientes, entre outras entidades setoriais consideradas estratégicas. “A equipa do INCM Lab, como lhe chamámos, trabalha de forma estreita e transversal com as diversas unidades orgânicas da empresa”, ressalta Gonçalo Caseiro.

O presidente da INCM acredita “que em termos de inovação conseguimos construir um programa que nos dá uma perspetiva de futuro muito relevante e não nos deixará certamente para trás em nenhuma modalidade”.

A formação que o preparou e inspirou

Licenciado em Engenharia Informática e Computadores pelo Instituto Superior Técnico, Gonçalo Caseiro tem no currículo passagens pela Accenture, pela Entidade Serviços Partilhados da Administração Pública, bem como pela Agência para a Modernização Administrativa (AMA) e pela Comissão Europeia. Antes de assumir a presidência da INCM, foi administrador da empresa.

O alumnus não tem dúvidas de que foi no seu percurso académico que adquiriu muitas das ferramentas que lhe permitem ser o profissional que é. “No Técnico aprendemos a ser líderes, a cuidar daquele que está ao nosso lado ou no nosso grupo, os projetos e as grandes obras de engenharia não se fazem individualmente”, frisa. “Depois, obviamente, a formação de excelência em engenharia, o rigor, o conhecimento aprofundado não pelas últimas tendências, mas, mais importante, sobre as fundações”, adiciona.

Além das boas recordações, do Técnico ficam também as lições, e nesse ponto, Gonçalo Caseiro destaca que a escola o marcou em três níveis: “na admiração do trabalho de investigação aí realizado e em instituições como o INESC, no ensino de primeira linha mundial e, depois, pela sua contribuição para a competitividade do País”. “Tenho o privilégio de fazer aquilo que gosto e por isso trago tudo isso comigo diariamente”, remata.