Só a última fila de assentos no Salão Nobre não tinha um papelinho a dizer “reservado”. As restantes dezenas e dezenas de cadeiras estavam já alocadas aos inúmeros convidados que fizeram questão de assistir à lição de jubilação de Amílcar Soares. A 30 de setembro, o Salão Nobre do campus Alameda do Instituto Superior Técnico serviu de palco a uma palestra do professor do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos intitulada ‘…da quantificação do conhecimento à caracterização da ignorância nos recursos naturais: a leveza de um percurso académico’, onde se revisitou e homenageou o percurso do docente.
Saudando os presentes, o presidente do Técnico, Rogério Colaço, frisou a necessidade “de agradecer, em nome do Instituto, o trabalho do professor Amílcar Soares”, a que se seguiu uma ovação de toda a sala. Deixou uma nota pessoal no discurso, fruto de uma “já longa relação” com “um dos professores mais marcantes dos últimos anos no Técnico”, destacando a “resiliência e tenacidade” do docente. Recordou ainda a reunião da qual resultou a criação do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos e a emoção do professor na sequência do encontro. “Está feito, Amílcar”, afirmou, dirigindo-lhe um sorriso no fim do seu discurso. “Agora é construir”.
O reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, destacou o “papel fundamental” de Amílcar Soares “no estímulo da investigação em torno do mar”. “A jubilação significa um agradecimento profundo da instituição e das pessoas, dos amigos que aqui estão”, apontou.
António Costa Silva, professor do Técnico e ex-ministro da Economia e do Mar, fez questão de “homenagear a paixão pelas ciências da Terra” do jubilado, que conheceu há mais de cinquenta anos “nos bancos da Universidade de Luanda”, ambos estudantes de engenharia de minas.
Maria João Pereira, secretária de estado da Energia e professora do Técnico, recordou, entre outros feitos na carreira académica de Amílcar Soares, o seu envolvimento com o Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA), do qual foi o primeiro presidente. “É daquelas pessoas que vestem a camisola do Técnico” e “o seu trabalho é amplamente reconhecido pela escola”, partilhou.
Confessando-se “completamente esmagado” pelas intervenções que antecederam a lição de jubilação propriamente dita, Amílcar Soares assumiu “o papel de narrador” do seu percurso (que descreveu como “suave”) por várias das iniciativas nas quais esteve envolvido ao longo da sua carreira. A lição de jubilação abordou assuntos como contaminação e desertificação de solos, relação entre a diversidade de espécies de líquenes e poluição do ar, impacto da construção de pontes em populações de aves locais e mapeamento do risco de infeção por COVID-19.
“Sinto-me imensamente satisfeito”, partilhou com os presentes. “A minha alma está cheia”.
