Campus e Comunidade

O que faz da Engenharia Naval do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa a terceira melhor do mundo

A classificação obtida foi a melhor a nível nacional, entre todas as áreas científicas e todas as universidades portuguesas.

A propósito do ranking de Xangai e no rescaldo das boas notícias que colocam a Engenharia Naval e Oceânica do Instituto Superior Técnico (Universidade de Lisboa) entre as três melhores do mundo, fomos tentar perceber juntos de professores e alunos o que distingue esta área científica.

Um resultado deveras “elogioso”, como o qualifica o professor Carlos Guedes Soares, coordenador do Mestrado em Engenharia e Arquitetura Naval e presidente do Centro de Engenharia e Tecnologia Naval e Oceânica (CENTEC), que destaca o facto do Técnico ficar “à frente de muitas Universidades importantes e com grandes departamentos de Engenharia Naval e Oceânica”. A preceder o Técnico, em primeiro e segundo lugar, estão a Shanghai Jiao Tong University e a Norwegian University of Science and Technology – NTNU, ambas com “um número de docentes de carreira superior a cinco vezes o número de docentes de Engenharia Naval do IST”, como salienta o professor Carlos Guedes Soares. “Para além disso esses Departamentos têm um conjunto importante de equipamento experimental que o Técnico não dispõe, o que claramente limita o tipo e extensão do trabalho de investigação que pode ser produzido”, acrescenta.

Para o professor e investigador Ângelo Palos Teixeira os fatores que justificam o excelente desempenho da Engenharia Naval e Oceânica do Instituto Superior Técnico são pois: “o elevado nível de internacionalização da equipa de investigadores do Centro de Engenharia e Tecnologia Naval e Oceânica (CENTEC) e da investigação produzida em consórcio com parceiros internacionais; o elevado investimento de todos os investigadores na produção de artigos científicos nas mais importantes revistas da especialidade e a capacidade de adaptação do corpo docente da área cientifica a novos problemas nos domínios da Engenharia Naval e Oceânica”, enumera o professor das disciplinas de análise e avaliação de riscos. Caraterísticas estas que têm sido reforçadas ao longo dos anos e que orientam um mérito “que mesmo antes desta distinção já era reconhecido internacionalmente, tanto ao nível do ensino ministrado como do elevado nível da investigação produzida, o que tem atraído muitos alunos para o ciclo de estudos de Mestrado e Doutoramento”, como destaca o professor Ângelo Palos Teixeira.

Um dos aliciados foi Eduard Lotovskyi que depois da licenciatura prosseguiu para o mestrado “onde todas as expectativas têm sido cumpridas”. O resultado no Ranking de Xangai atribuí-o ao “otimismo e dedicação dos nossos professores”. O facto de serem uma espécie de “família unida, onde toda a gente se conhece”, acaba por influenciar o sucesso coletivo de acordo com a opinião do aluno.

Também a aluna de mestrado Ana Catarina Costa reitera a qualidade da investigação que se produz nesta área no Técnico e que tão bem foi reconhecida nesta avaliação do ranking de Xangai. “Mesmo com poucas infraestruturas adequadas, conseguimos ter um grande e reconhecido centro de investigação, algo que não pode passar ao lado dos rankings, como se verificou”, afirma a aluna. Ana Catarina não tem dúvidas que este prestígio que já está associado ao Técnico e que agora reveste também toda a área de Engenharia e Arquitetura Naval “serão decisivos aquando da nossa entrada no mercado de trabalho.”

Para que o futuro continue a ser risonho e Portugal e o Técnico continuem a estar no pódio mundial, o professor Carlos Guedes Soares relembra que é “necessário garantir um reforço do pessoal docente neste domínio bem como um mínimo de equipamento experimental que permita desenvolver essa componente da investigação em Portugal”.

O ranking de Xangai, o mais antigo e prestigiado do mundo, produz uma lista especializada por disciplinas, baseando a sua ordenação no volume total e na qualidade da investigação produzida, medida por um algoritmo que considera a importância das revistas onde se publicam os artigos, no número de citações e outras características deste tipo. Nesta edição, pela primeira vez, os resultados foram repartidos por várias áreas de engenharia, já que nos anos anteriores todas as engenharias apareciam consolidadas.

Pode consultar aqui a lista das 50 melhores universidades nesta àrea científica.