Campus e Comunidade

O site e a aplicação que expõem as perturbações do metro

Um aluno do Técnico e mais dois amigos inspiraram-se nas constantes perturbações do metropolitano de Lisboa e desenvolveram duas plataformas para facilitar o acesso do utilizador à informação.

“O tempo de espera é superior ao normal” é uma frase que ninguém gosta de ouvir quando desce as escadas para o Metro de Lisboa, e uma “deixa comum” que atrasa várias vezes os utilizadores regulares do metropolitano. Gabriel Maia, estudante do Mestrado em Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, e mais dois colegas criaram duas ferramentas que o vão ajudar a gerir o tempo em função dos atrasos do metro.

O site perturbacoes.pt. e a app UnderLx permitem ao utilizador saber se irá viajar sem problemas. “O site começou por ser uma coisa pouco séria, mas tornou-se moderadamente popular e as respostas que recebi indicaram-me que havia espaço para fazer algo mais completo”, explica o aluno do Técnico. Assim e dando resposta ao facto do Metro não ter uma app oficial nasce este projeto “que ainda está longe de estar completo”, garantem-nos os seus autores.

A aplicação e o site encontram-se ligados, dependendo uma das funcionalidades do outro, embora tenham objetivos diferentes. A visão para o site é disponibilizar estatísticas e informação suplementar sobre a rede de metropolitano de forma a que as pessoas possam monitorizar a qualidade do serviço. Já para a aplicação a ideia é acompanhar os utilizadores no uso diário ou esporádico do Metro, e simultaneamente recolher dados sobre o serviço prestado pelo metropolitano. “A app também já se tenta adequar, de forma limitada, aos percursos mais comuns do utilizador”, detalha Gabriel Maia. “No futuro, esperamos poder expandir esse tipo de funcionalidade, bem como mostrar mais informação sobre o estado do serviço aos utilizadores, com base em informações submetidas”, acrescenta.

A indicação do estado das linhas em tempo real e as notificações de perturbações representam uma mais valia para os utilizadores do metro, e por isso ambas as plataformas têm vindo a cativar seguidores e utilizadores, permitindo-lhes “ganhar tempo”, e tentar encontrar alternativas de transporte ou percurso que evitem os problemas que lhes são anunciados. A aplicação recolhe dados anónimos sobre as viagens dos utilizadores e submete-os para análise automática. “Assim, conseguimos calcular com algum rigor as estimativas da duração de cada percurso, incluindo a sua variação ao longo do dia”, declara o aluno do Técnico. Quanto mais pessoas utilizarem o serviço e consentirem a submissão de dados, mais exatas serão as estimativas fornecidas pelos serviços. “Eventualmente, poderemos chegar a um número suficientemente elevado de utilizadores para podermos passar a identificar atrasos em tempo real, bem como calcular os tempos de espera”, elucida o jovem. A app está disponível publicamente desde o início de agosto, mas nos últimos tempos o número de utilizadores tem vindo a aumentar exponencialmente. “Isto também permitiu melhorar dramaticamente a qualidade das estatísticas que já conseguimos extrair do sistema, nomeadamente ao nível dos tempos entre estações”, reitera o aluno do Técnico.

Planos para o futuro não faltam a este grupo de empreendedores, mesmo tendo em conta o pouco tempo livre que dispõem. A curto prazo pretendem implementar novas funcionalidades e Gabriel Maia não exclui mesmo a hipótese de expandir este “projeto para outros meios de transporte e para outras cidades, assim que haja disponibilidade e oportunidade”. “Tanto para a aplicação como para o site, existe um enorme conjunto de possibilidades em aberto, e as ideias não param de surgir”, declara o aluno do Técnico.

No meio da criatividade e do sentido utilitário que estão inerentes a este projeto, o aluno do Mestrado em Engenharia Informática não desvaloriza o peso do Técnico na implementação do mesmo: “foi aqui que ganhei uma enorme parte dos conhecimentos necessários para pôr um projeto destes a andar”, frisa. “As ideias surgem de forma relativamente fácil e gratuita, colocá-las em prática é e será sempre a parte mais complicada”, acrescenta o aluno que concilia este projeto com as horas de estudo que o Técnico exige. Para o caso de ser utilizador do metro e de também precisar fazer esta “ginástica temporal”, não tem porque continuar à espera.