Campus e Comunidade

Tabela Periódica à boleia do metro

O Metropolitano de Lisboa aliou-se ao Departamento de Engenharia Química para celebrar Ano Internacional da Tabela Periódica.

 

A passada rápida dita o ritmo da estação de metro da Alameda. Nos dois pisos que dão acesso às linhas verde e vermelha, a pressa é sempre o ponto de partida. As conversas são apenas entre os companheiros de viagem e as paragens orientadas pelos pedidos de informação ou pela espera que o metro impõe. Na passada terça-feira, 25 de junho, houve outro motivo a ditar o abrandamento de toda esta agitação: a Tabela Periódica. Os cartazes com os símbolos químicos e os divulgadores dispostos a uma explicação mais breve ou mais longa – orquestrada mediante o interesse demonstrado pelos ouvintes-  ajudam a reter as atenções. Nesta que foi a 4.ª ação da iniciativa “Ano Internacional da Tabela Periódica” foram muitos os que, reconhecendo o seu interesse, não precisaram de qualquer abordagem para questionar quais os elementos químicos protagonistas desta vez ou qual o motivo por detrás desta ideia.

“Esta ideia veio no seguimento da comemoração do Ano Internacional da Tabela Periódica. Um dos desafios lançados pela Sociedade Portuguesa de Química passava por divulgar a tabela periódica para além da comunidade dos químicos”, contextualiza a professora Dulce Simão, docente do Departamento de Engenharia Química ( DEQ) e uma das responsáveis pela iniciativa. Depois da formulada a ideia de efetuar esta divulgação nos transportes públicos – pelas pessoas que reúnem nas paragens e aproveitando os tempos de espera- , o DEQ apresentou a ideia ao Metropolitano e Lisboa e a recetividade foi imediata. “Explicamos qual era a nossa ideia, e eles mostraram-se recetivos e disponíveis para ajudar”, relembra a professora Dulce Simão. Nesta abordagem, com certeza,  ajudou a referência a uma interessante coincidência: 21 estações de metro têm as mesmas iniciais que alguns elementos químicos. “O metropolitano achou piada a esta coincidência e acabou por refletir isso no cartaz da iniciativa que foi muito bem conseguido”, assinala a docente do Técnico.

A primeira abordagem dos alunos e docentes do DEQ que integram esta ação é feita através de um flyer que resume a iniciativa e conta ao de leve a história da tabela periódica. E se os que vão com pressa se limitam a sequestrar o panfleto sem grande margem de manobra para negociações, os que são menos reféns do relógio fazem questão de querer saber mais. Segue-se uma conversa, sucedem-se os tons de admiração, multiplicam-se as perguntas, leva-se uma recordação e uma nova aprendizagem. “Aprendemos sempre alguma coisa todos os dias, mas nestes 5 minutos de conversa eu já aprendi mais do que isso”, partilha Ana Firmino, uma das passageiras do metro,  depois de uma conversa com um dos divulgadores. Foi a curiosidade que a fez parar, e “ainda bem que o fiz”, confessa, visivelmente feliz com a aprendizagem adquirida. Descobriu que sabia mais da tabela periódica do que imagina, que conhecia elementos químicos que nem tinha a perceção que o eram, e relembrou a sensação de aprender “coisas diferentes”. Como o lema  desta ação de divulgação era “adota um elemento”, desafiamo-la o a escolher um dos que conhece ou dos que deixou de desconhecer: “para adotar escolhia o oxigénio pela importância que tem para todos nós”.

Do alto dos seus dez anos, Rodrigo Gusmão conseguiu travar a pressa da mãe para observar com calma os cartazes expostos pelos corredores da estação. Quis saber mais, e fez questão de procurar respostas junto dos divulgadores. Já tinha ouvido a tia- uma apaixonada por química- falar dos elementos químicos. Foi o que reteve dessas histórias que o fez parar e querer saber mais. A mãe e ele tiveram direito a uma explicação breve que o deixou ainda mais curioso. Confessa que não percebeu tudo o que ouviu, mas entendeu que é algo importante que vai estudar “um dia destes”. “Vou fazer perguntas à minha tia quando chegar a casa”, solta, sendo interrompido pelo som das carruagens do metro a chegar, suspendendo-se, por enquanto, a sua viagem pelos elementos químicos. Antes de ir, porém, pediu mais um flyer para desta vez ser ele a contar algo à tia sobre esta matéria.

Esgotados os panfletos, formuladas várias explicações, e semeando a curiosidade de muitos dos abordados, a equipa de divulgadores dava a missão por cumprida, regressando ao Técnico.  A próxima ação é já no dia 11 de julho, na mesma estação, os radioativos serão abordados. Já a 16 de setembro, os novos elementos vão ser os protagonistas e em outubro a iniciativa repete-se e em dose dupla (3 e 17, respetivamente), sendo destacados os metais e os luminescentes.  Para terminar, o dia 20 de novembro está marcado como o dia do “último elemento” e está a ser delineado um encerramento em grande com a formação de uma tabela periódica humana numa das estações de metro.