A escolha profissional de Pedro Afonso foi feita cedo – tinha apenas 13 anos -, mas não podia ter sido mais certeira. Curiosamente foram as dificuldades em matemática que lhe mostraram o caminho da engenharia. “O meu explicador era um economista que tinha um irmão engenheiro eletrotécnico do Técnico. Achei muito interessante o tipo de trabalho que ele fazia”, conta. O interesse tornou-se ainda mais aguçado ao perceber o valor do ordenado desta possível referência de futuro: 400 contos por mês. “Em 1988-89 era um número grande… vivia-se, naquela altura, com menos meios que hoje”, comenta o alumnus do Técnico. Esta ideia não lhe saiu mais da cabeça, e no decorrer dos anos teve apenas que adequar a escolha ao que de melhor se fazia em Portugal neste domínio. Neste sentido e mesmo sendo um curso recente optou pela Engenharia Informática e de Computadores. Quanto ao Técnico, a escolha “era clara e inequívoca”. “Talvez porque no ecossistema de amigos e de pessoas que, entretanto, fui conhecendo na comunidade de antigos alunos do Colégio Militar – de onde também sou Antigo Aluno – o Técnico era – e é – a escola de referência da engenharia em Portugal”, frisa Pedro Afonso.
Dos tempos do Técnico lembra-se perfeitamente do facto de o curso ser “muito trabalhoso”. “Penso que, como estudávamos aquilo de que gostávamos, era mais trabalhoso do que difícil”, apressa-se a acrescentar. Ficou-lhe inequivocamente presente também a capacidade “de pensar, desenhar e construir máquinas” que adquiriu nesta escola. “Esse ‘bichinho’ por fazer coisas que os outros utilizam, era – e é – muito bem explorado na Informática do Técnico”, realça o antigo aluno. Na lista de recordações não lhe falha também uma memória olfativa: “lembro-me bem, dos momentos naquelas salas do Camões com os terminais antigos, e com as salas a cheirar a sandes de frango, ou maionese. Era o cheiro dos projetos”. A tornear todas estas recordações está também recordação de uma das suas maiores motivações: “resolver algum problema na sociedade”.
Terminado o curso com sucesso, e com uma ousadia e determinação que transparecem nas suas palavras, inicia a carreira como engenheiro informático numa empresa com alguma ligação ao Técnico: a Octal, Engenharia de Sistemas. Dois anos mais tarde a empresa é adquirida pela Novabase, onde Pedro Afonso acaba por ficar quase 17 anos, assumindo desde cedo diversos papéis de liderança, nomeadamente, como Managing Director da Novabase IMS e membro da Comissão Executiva da Novabase SGPS. “Foi uma grande escola de projeto, uma escola de gestão, e uma grande escola de grandes profissionais”, refere o alumnus do Técnico. A transição profissional que se segue para Pedro Afonso é novamente o resultado de uma aquisição, mas desta vez esperava-o um desafio ainda maior: o da liderança. A Novabase IMS é adquirida pela VINCI Energies, e deste negócio nasce a Axians, da qual o alumnus do Técnico se torna CEO. “A marca é o braço do grupo VINCI que endereça duas das maiores revoluções no mundo atualmente: a Transformação Digital e a Transição Energética”, refere. “Desconheço que haja outro grupo capaz de dar resposta a ambas as revoluções em simultâneo, no seu portfolio”, salienta em seguida.
Sobre a empresa que lidera há quase dois anos, o antigo aluno do Técnico tem muito a dizer, mas há uma ideia que se destaca na longa descrição com que orgulhosamente nos presenteia: “É um grupo onde as pessoas se sobrepõem aos sistemas, às ferramentas, e aos processos”. Nesta afirmação percebe-se bem como, hoje em dia, o gestor sucedeu ao engenheiro, mas percebe-se também a realização que mora nesta transição. “Encontrei um grupo que me permite ser como sou”, declara o alumnus.
No meio da sua vida extremamente agitada tem arranjado tempo para voltar ao Técnico: quer a convite de professores para reuniões ou exposições a alunos, quer para eventos de celebração, como foi o caso dos 25 anos da LEIC, ou mais recentemente o CIO@IST. Quando questionado sobre as diferenças que encontra assume que estas existem principalmente nas gerações que por cá estudam: “os jovens de hoje, quando estimulados, podem ser rápidos e são nativos nesta simbiose entre o mundo físico e digital. O ponto de partida é diferente daquele que tínhamos há 20 anos no Técnico”. “Sou daqueles que acreditam muito nas novas gerações”, assinala posteriormente. Mas Pedro Afonso é muito mais do que isso. É um gestor que acredita na coabitação entre os mais jovens e os mais velhos, no êxito da mescla entre inovação e experiência, na individualidade de cada trabalhador como segredo da motivação para o sucesso. É também um profissional para quem ser feliz é o maior dos compromissos.
Mesmo tendo seguido o caminho da gestão não se arrepende da sua escolha de outrora: “tenho a certeza que foi a melhor escola que poderia ter escolhido”. “O Técnico ensina-nos duas coisas fundamentais: a resolver problemas, e pensar sistemas”. E na opinião deste líder nato estas características são fundamentais para qualquer profissão. “Há boas escolas de engenharia em Portugal. Mas no Técnico reuniram-se um conjunto de condições que são únicas ao nível da exposição empresarial, bem como do posicionamento de milhares de antigos alunos”, conclui.