Licenciou-se em Engenharia Civil pelo Técnico em 1993. Porquê escolher essa área?
Sempre gostei de matemática, ciência e tecnologia, particularmente da possibilidade que me davam de construir e criar coisas novas. Por isso escolher engenharia civil foi um passo muito natural. Atraiu-me também o prestígio, a qualidade e o rigor do ensino do IST.
Durante alguns anos, trabalhou no Suez Group, antes de fazer um MBA em Harvard e se debruçar sobre a área financeira e de gestão. Porquê esta mudança no percurso?
Na altura achei interessante poder acrescentar ao meu perfil de engenharia a dimensão económica e de gestão. Considero serem duas áreas complementares e foi para mim, como para tantos outros engenheiros, uma sequência lógica no meu percurso. Por outro lado, acredito na importância de alternar entre a educação e a experiência profissional. Temos momentos na nossa vida em que estudamos, momentos em que trabalhamos e depois voltamos a estudar.
De que forma a formação no Técnico contribuiu para o seu percurso? Sente que teve as bases necessárias para depois se “aventurar” em áreas diferentes?
A preparação do Técnico deu-me bases muito sólidas, nomeadamente em métodos analíticos e em hábitos de trabalho. Essa preparação tem sido fundamental ao longo da minha carreira e nas diferentes áreas a que me tenho dedicado.
Nos últimos anos tem ocupado variados cargos políticos e é, neste momento, Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Como sente que pode contribuir para o futuro europeu nesta área?
A pasta da investigação, ciência e inovação é chave para o crescimento e a criação de emprego na Europa. O progresso sustentável europeu, baseado no aumento da produtividade e do bem-estar dos cidadãos, precisa de bases sólidas na investigação e da ciência que conduzem à inovação. Esta inovação pode ser a criação de um novo produto, de um novo processo ou de um novo modo de gerir. A Europa é uma potência mundial na ciência e investigação. Mas temos que ser mais eficazes a transformar esse conhecimento em novos produtos e serviços. Nos últimos meses tenho trabalhado intensamente para o Plano Juncker, que pretende aumentar o investimento europeu em setores com forte componente de I&D. O Plano é um dos pilares da estratégia de criar uma economia alicerçada no conhecimento, onde a ciência e a inovação são essenciais.
Estou otimista que esse caminho está a ser feito e uma das minhas principais missões é precisamente criar as condições favoráveis para que tal aconteça. Quando terminei o meu curso no Técnico, no início dos anos 90, a maior parte dos meus colegas não sentia a ambição de criar uma empresa. Hoje quando visito o IST tenho uma imagem completamente diferente – vejo uma nova geração de jovens, cientistas e investigadores, dinâmicos e talentosos e muito virados para a criação de empresas.
Qual é a importância de “retribuir”, de alguma forma, às instituições por onde passou (como por exemplo através da Associação de Antigos Alunos, etc.)?
É fundamental. Permite-nos mostrar o nosso apreço e agradecimento pela formação que recebemos e ajudar a instituição a continuar a formar novos alunos nas melhores condições possíveis. Acredito portanto que os antigos alunos devem sentir responsabilidade pela instituição que os formou. E devem refletir como podem contribuir para a tornar cada vez melhor.