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Papel da Inteligência Artificial no quotidiano esteve em destaque no fórum inaugural do ciclo de conversas acolhido pelo Técnico

Ciclo “A Inteligência Artificial em Interação com o Mundo Físico” vai reunir especialistas no Técnico até fevereiro de 2026.

O Técnico Innovation Center powered by Fidelidade acolheu, no dia 20 de junho, a sessão inaugural do novo ciclo de conversas A Inteligência Artificial em Interação com o Mundo Físico, com o tema “IA à nossa volta”. O evento, organizado numa parceria entre o Instituto Superior Técnico e o Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa (ISR-Lisboa), reuniu professores do Técnico, investigadores do Laboratory for Robotics and Engineering Systems (LARSyS) e um público de curiosos, num espaço marcado pela inovação. A exposição Arte com Ciência de Leonel Moura, composta por imagens geradas por robôs – foi o pano de fundo para a discussão sobre o impacto da inteligência artificial no quotidiano.

O painel de oradores, composto por Arlindo Oliveira, José Santos-Victor, Patrícia Figueiredo, Paulo Ferrão e Tiago Domingos, professores do Técnico, contou com moderação de Pedro Lima, Presidente do ISR-Lisboa, e Porfírio Silva, colaborador de longa data deste Instituto.

José Santos‑Victor abriu o painel com uma abordagem inspirada na Biologia, dando exemplos de organismos como os tunicados ou a aranha saltadora para ilustrar a diversidade de formas de perceção e interação com o mundo físico. A partir destes casos, refletiu sobre a importância de criar arquiteturas computacionais com base em princípios biológicos, com grande potencial para a próxima geração de sistemas inteligentes – tema que será discutido mais aprofundadamente na próxima conversa do ciclo, dia 03 de outubro, sobre “Indústria do Futuro: Inteligência Artificial, Robótica e Serviços”.

Por sua vez, Paulo Ferrão sublinhou a importância da IA para a sustentabilidade urbana: “Ainda bem que a IA surgiu agora”, afirmou, explicando que para criar cidades mais sustentáveis é essencial compreender os comportamentos dos cidadãos e adaptar os sistemas urbanos ao contexto global. O docente acredita que, através de modelos baseados em IA, será ainda possível otimizar a governança,  com base em dados reais. O tema será aprofundado na conversa “Cidades e Casas Inteligentes: Como a Inteligência Artificial transforma o espaço comum”, planeada para 21 de novembro de 2025.

Tiago Domingos trouxe uma perspetiva ambiental e económica, alertando para a necessidade de conciliar prosperidade com responsabilidade ecológica. Mencionou que a revolução industrial trouxe ganhos de produtividade, mas também homogeneização, no campo da agricultura. Agora, com a IA, será possível alcançar uma eficiência personalizada, mantendo a produtividade mas promovendo uma agricultura mais rica e equilibrada. Este é um tema a discutir na conversa “Redes Inteligentes para um Futuro Sustentável: Energia, Água, Ambiente e Agricultura”, agendada para 12 de dezembro de 2025.

O contributo de Patrícia Figueiredo centrou-se  na presença ‘silenciosa’ da IA nos cuidados de saúde. A docente referiu que muitos de nós já beneficiam de algoritmos que apoiam o diagnóstico ou a planificação clínica, mesmo sem nos apercebermos. Destacou também o papel de tecnologias emergentes como os robôs cirúrgicos e os exoesqueletos adaptativos na reabilitação, deixando antever um debate promissor no painel dedicado à saúde “Inteligência Artificial na Saúde: Diagnóstico, Tratamento e Cuidados Personalizados”, a decorrer a 23 de janeiro de 2026.

Convidado especial desta primeira conversa, Arlindo Oliveira fez uma breve retrospetiva da história da IA, enquadrando os seus avanços e limites. Apontou para o mundo físico como o maior desafio atual, por ser imprevisível e dinâmico, mas mostrou-se confiante no progresso da robótica. Reforçou ainda que “a IA é muito mais do que uma caixinha como o ChatGPT” e que iremos habituar-nos, em breve, a interações cada vez mais naturais entre humanos e máquinas.

Durante o debate com o público, surgiram questões sobre os desafios energéticos, a privacidade ou a fiabilidade da IA no mundo físico. Houve também espaço para discutir o papel do humano na era da automação, com destaque para o conceito de colaboração homem-máquina que potencia, sem substituir, as capacidades humanas.

A sessão terminou com uma nota inspiradora deixada por Arlindo Oliveira, nascida de uma certa preocupação, principalmente em relação às gerações mais novas – a curiosidade e o espírito experimental serão sempre fundamentais para que, mesmo com ferramentas cada vez mais poderosas, continuemos a compreender o mundo e a pensar criticamente sobre ele.

 O fórum inaugural marcou o arranque do ciclo de seis sessões, que decorrem até fevereiro de 2026, sempre às 17h00, no Técnico Innovation Center – e nas quais serão respondidas muito mais perguntas.

Fotogaleria.

Texto em colaboração com o ISR-Lisboa.