Decorreu, esta quinta-feira, a entrega do 1.º Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo, que reconhece duas graduadas do Técnico, de duas gerações diferentes, como forma de promover o exemplo da engenheira que lhe dá o nome como profissional, alumna e líder nacional, com papel e impacto determinantes na sociedade portuguesa.
O prémio reconheceu, este ano, a professora Maria da Graça Carvalho, pelas suas contribuições académicas, liderança científica e pelo seu impacto significativo no desenho das políticas de investigação e desenvolvimento da União Europeia, e a engenheira Inês Godet, em reconhecimento do seu exemplar percurso académico, do envolvimento em atividades de apoio ao estudante e de divulgação, inserida na comunidade IST, e da sua notável progressão científica.
Na cerimónia, o presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, lembrou que, “para o Técnico, a questão da igualdade de oportunidades é fundamental”. “É por isso que pretendemos promover e dar visibilidade ao papel e ao impacto das nossas antigas alunas na sociedade como modelos para as novas alunas de engenharia. É por isso que estabelecemos o Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo, uma das iniciativas de um plano mais vasto para promover a igualdade e a inclusão no Técnico.”
Foi a cargo da professora Helena Geirinhas Ramos, membro do júri desta primeira edição, que ficou a apresentação da iniciativa. Segundo a docente, “as premiadas representam duas gerações, ilustram o potencial da formação do Técnico e a diversidade de percursos, bem como o impacto na sociedade da engenharia e das nossas alunas”.
Antes dos discursos das premiadas, o professor Tiago Farias, antigo aluno da professora Graça Carvalho, deixou-lhe algumas palavras de agradecimento “pelo empenho” com que formou dezenas de alunos no Técnico. A professora respondeu com “palavras de gratidão”, lembrando que a sua carreira “não teria sido possível sem a contribuição de muitos” e que o Técnico, como outras escolas por onde passou, lhe deu “uma educação de excelência”. “Este é um prémio que carrega em si um enorme simbolismo, porque hoje estamos aqui para celebrar o legado de Maria de Lourdes Pintasilgo.”
A engenheira Inês Godet, atualmente estudante de doutoramento na The John Hopkins University (EUA), fez questão de “agradecer ao Técnico a oportunidade” e afirmar que tanto Maria de Lourdes Pintasilgo como Graça Carvalho são alumnae que terá “sempre em mente”. “Espero voltar a esta casa mais tarde e ver a relevância que este prémio tece na minha carreira, que está agora a começar”, afirmou. “O Técnico foi muito mais do que uma escola, foi uma casa.”
Os últimos discursos foram proferidos pelo Comissário Europeu, engenheiro Carlos Moedas, pela Ministra do Mar, engenheira Ana Paula Vitorino, e pelo Ministro Adjunto, doutor Eduardo Cabrita, que falaram da importância de abolir a desigualdade e discriminação, de género e não só. Para o Comissário Europeu, “é mais do que tempo de reconhecer as nossas cientistas”. “É a igualdade de oportunidades que garante que os melhores o são porque, de facto, são os melhores, e não porque nasceram com uma vantagem à partida.”
A Ministra do Mar, num discurso mais intimista, afirmou que esta iniciativa não é só um “ato de justiça”, mas também um ato simbólico: “O simbolismo que representa para as próximas gerações é fundamental, mas é também importante a atenção mediática que chama para este assunto, que ainda está por tratar”. “Temos de ter consciência que ainda está muito caminho por percorrer.”
A sessão foi encerrada com um discurso do Ministro Adjunto, que lembrou a necessidade de “celebrar o Técnico”: “É a primeira instituição universitária a instituir um prémio deste tipo (…) e tem um papel especial por atuar numa área tradicionalmente ligada à afirmação masculina”. “O Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo reúne o melhor da nossa participação cívica (…). Muito obrigada pelo exemplo que dão a toda a sociedade.”
O Prémio tem o apoio da Baía do Tejo, que co-financia um prémio de 5.000 euros entregue à recém-graduada premiada.